Imprensa

Paulinho Serra vai ou não vai
responder às 40 perguntas?

DANIEL LIMA - 19/05/2021

O que mais tenho recebido de mensagens do aplicativo que utilizo para me comunicar informalmente ou não com leitores de CapitalSocial nas redes sociais nestes dias tem o prefeito Paulinho Serra como alvo ou como assunto ou como protagonista, ou qualquer coisa que lembre e configure posição de destaque em matéria de curiosidade.  

Será que o prefeito vai responder aos questionamentos de CapitalSocial, disponíveis em matéria específica na primeira página deste endereço?  

Será que o prefeito de Santo André vai entender a importância de prestar contas à sociedade formadora de opinião e tomadora de decisões que consome esta publicação?  

É claro que não tenho condições de atender à demanda dos leitores e que por isso mesmo respondo sempre que espero pelas respostas, mas no fundo desconfio de que os leitores vão se frustrar.  

Única semelhança 

As questões formuladas são mesmo incisivas, porque é assim que o jornalismo deve ser principalmente quando se trata de um gestor público levado à artificialidade de liderança regional.  

Paulinho Serra está longe de ser um político do mesmo nível de preparo e atuação, por exemplo, de um Orlando Morando que, ainda num passado não muito distante, ficou aquém das respostas que pretendíamos não como insumos de nossos desejos, mas patrimônio intelectual dele mesmo.  

Talvez a única semelhança que une Paulinho Serra e Orlando Morando seja a falta de dedicação à regionalidade. Ambos são municipalistas em essência, como a quase totalidade dos prefeitos da história da região. O que os coloca em cantos distintos desse ringue de nocautes é que Paulinho Serra pretende ludibriar a boa-fé ao fazer da presidência temporária do Clube dos Prefeitos marketing de comprometimento que não passa de jogada político-eleitoral.  

Alongada e curta  

Deve o prefeito Paulinho Serra agradecer a gentileza com que o contemplei ao não o ter comparado a Orlando Morando numa das questões de Entrevista Especial. Seria uma indelicadeza diplomática, reconheço. Contrariaria, portanto, o espírito republicano do encaminhamento das questões.   

Há quem intérprete que a Entrevista Especial com Paulinho Serra foi pautada por alongamento excessivo. Outros consideram que faltaram muitas perguntas. Concordo com as duas avaliações, embora pareça posição contraditória.  

O alongamento se deve à própria peculiaridade do cargo e à temporalidade. Quem se pretende líder regional está exposto mesmo a uma bateria mais aguda e densa de questionamentos.  

Quanto à ausência de perguntas, nada mais natural nas reivindicações de leitores. Talvez a melhor resposta ou explicação seja o fato de que o varejismo político não nos move como preocupação jornalística.  

Consideramos que o varejo, aquelas intervenções do dia a dia dos prefeitos, muitas das quais mobilizam a mídia, não altera em nada a ordem das coisas quando se vai ao horizonte. Caminhar alguma passos, se tanto, quando se tem o ônus de um passado remoto e recente de inquietações econômicas e sociais, é festejar um gol de uma equipe que perde de goleada.   

São essas práticas varejistas que chamaríamos de obrigações de chefes de Executivos que contam com orçamentos financeiros para tanto. Deixar de fazer o básico seria o fim da picada.   

Legado substantivo  

O que diferencia um gestor público convencional de um gestor público excepcional ou quase isso é o legado de ideias, projetos levados a cabo e que alteram para valer a infraestrutura física e o escopo social e com isso abrem caminho ao Desenvolvimento Econômico com reflexos sociais.  

Da mesma forma que a Entrevista Especial com Paulino Serra ou qualquer outro protagonista segue o rigor de um conteúdo potencial jamais observado na mídia em geral da região, os cuidados com critérios adotados também são extremos. Alguns pontos são observados: 

a) O título e a apresentação do que seria o resumo das respostas são integralmente despidos de juízo de valor crítico. Não cometeremos a insanidade de muitas publicações falsamente neutras que se utilizam de títulos, legendas, entrelinhas, sublinhas, fotos e outros itens de edição para viciar a leitura e contaminar o conteúdo. Senti na pele a matéria que o Diário do Grande ABC publicou em quatro de fevereiro com o advogado do assassino Ageu Galera. Os jornais diários, da chamada Grande Mídia, repetem a operação maliciosa a cada nova edição em assuntos diversos. O sensacionalismo virou prioridade sem lastro.    

b) O fato de não expor juízo de valor na edição da Entrevista Especial não impede que, em edições seguintes, CapitalSocial analise detalhadamente o conteúdo do entrevistado. Isso é uma tradição que aplicamos na revista de papel LivreMercado e na revista digital CapitalSocial. Da mesma forma que o entrevistado tem todo o direito de dizer o que lhe convém, a publicação também não abre mão do livre-arbítrio de comentar as respostas. Quem avalia essa ação de mão dupla são os leitores.  

c) Também é considerado o agregado de valor das respostas como critério de publicação. Isso significa que só deverão ser respondidas perguntas remetidas ao entrevistado. Tergiversações que fujam do espectro de centralidade temática serão ponderadas de forma que sejam voluntariamente excluídas. Raramente verificaram-se esses desvios. Foco é o ponto essencial a cada resposta.  

d) Não há espaço rigidamente delimitado às respostas. O bom senso é que determina o volume de informações em contraponto aos questionamentos. A vantagem do digital sobre o impresso é que o espaço é um campo aberto. Mas é evidente que se autodenunciarão eventuais esticamentos que comprometeriam a fluidez da leitura. Ao longo da história foram raras situações a provocar restrições e negociações consensuais.  

Oportunidade o entrevistado 

O modelo de Entrevista Especial aplicado por CapitalSocial é uma grande oportunidade ao entrevistado, o que contraria o senso comum que o instala em patamar semelhante ao de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, cujas perguntas e entonações, como se vê agora na CPI da Pandemia, são uma herança do pior que existe na prática política. Exercita-se o autoritarismo subliminarmente encaminhador à voz de prisão. No caso de Entrevista Especial, prevalece a liberdade de expressão e de argumentos. Quem tem garrafa cheia para vender, vende.  

Talvez o fato de estar a léguas de distância do jogo amistoso de entrevistas encomendadas, Entrevista Especial é uma oportunidade de ouro para quem tem conteúdo e compromisso com a sociedade. 

Sabem por que? Porque as questões todas são enviadas ao entrevistado com tempo suficiente às respostas. Ou seja: cada questão pode ser avaliada pelo próprio entrevistado em potencial e seu grupo de colaboradores.  Nada é preparado como armadilha, como pegadinha.  

Anestesiamento geral  

Paulinho Serra jamais poderá transferir a terceiros deficiências de gestão que são gigantescas tanto quanto a fragilidade de um marketing rastaquera que trata a todos como limítrofes cognitivos. É verdade que o matéria-prima de que mais carece a sociedade regional, que não pode ser confundida como sociedade organizada, que não existe, é o senso crítico.  

Distinguir bons políticos de políticos oportunistas com o uso de filtros de seletividade não é tarefa fácil, reconheço. Há anestesiamento generalizado. Formadores de opinião rareiam enquanto abundam mandachuvinhas cada vez mais dependentes do Poder Público numa região em que o desencaixe econômico se agrava, vindo que vem de um passado de glórias que sustentava uma mobilidade social hoje reversa.  

Mobilidade social reversa no sentido de que cada vez mais temos menos ricos e classe média (como já mostramos em várias análises) enquanto aumentam as camadas de proletários, pobres e miseráveis.   

Paulinho Serra vai, afinal, responder à Entrevista Especial?  Tomara que sim. Os 48% de eleitores disponíveis que o elegeram nas últimas eleições e os 52% que preferiram outros nomes, anularam votos e não compareceram às urnas gostariam muito de saber o que tem a dizer.  



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