Bastou escrever na semana passada artigos que envolviam duas chamadas lideranças econômicas de São Bernardo — Valter Moura e Milton Bigucci — para surgirem dois tipos de reações. A primeira dá conta de que tanto um quanto outro jamais se viram em situação semelhante, de análise despida de qualquer temor. A segunda vai além: sugere que escarafunche mais e mais não só as duas entidades às quais eles comandam como também outras organizações cujos dirigentes estariam na lista dos intocáveis embora, também, carreguem fardos de improdutividade ou de baixa produtividade institucional.
Não tenho vocação à perseguição pelo simples prazer da perseguição, mas, como se sabe, não fujo de uma boa briga.
Foram as circunstâncias que me levaram a afirmar que Milton Bigucci subestima a crise econômica verde-amarela porque, como dirigente do mercado imobiliário, tem lá razões pessoais e corporativas para negar o inegável — que vivemos uma trajetória complicada no País por conta da crise internacional. É um direito dele. Tanto quanto o deste jornalista de demonstrar com clareza de exemplos que se trata de exercício de ilusionismo que afronta as dores da sociedade regional.
Quanto a Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), o que lhe pesa desfavoravelmente é o cargo de vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico sem contrapartida de resultados minimamente palpáveis depois de dois meses da posse e, principalmente, por, juntamente com o presidente, o impagável Kiko Teixeira, prefeito de Rio Grande da Serra, desprezar a importância de preenchimento do cargo de secretário-executivo com alguém de competência comprovada.
Não foram poucas as brigas em que me meti em quase meio século de jornalismo. Já passei maus apuros nos tempos de jornalista esportivo. Tenho absoluta consciência de que a crítica independente incomoda principalmente porque é independente. Pode parecer redundância, mas não é. Crítica independente é tipologia rara no jornalismo, porque não está infiltrada por qualquer interesse escuso, ideológico, étnico, religioso e assemelhados. Está voltada única e exclusivamente aos interesses da comunidade.
Desafio quem quer que seja nesta região a apresentar um único exemplo que envolva este profissional em sentido contrário ao que conceituou nestas linhas. Chego ao cúmulo da estupidez de me prejudicar economicamente por conta disso.
Como o jornalismo independente é praticamente inquestionável no sentido ético da expressão, só resta aos eventuais atingidos tentar provar que o jornalista em tela está equivocado.
Estamos à disposição deles para o direito de resposta neste espaço. Deles e de eventuais outros personagens da vida regional que se sentirem injustiçados.
Lamentavelmente, a maioria daqueles que não encontram respaldo às evoluções analíticas deste jornalista, procura escaninhos da manipulação de informações de bastidores para tentar encontrar justificativas. O tempo tem provado que essa é uma tática suicida.
Já senti e ainda sinto na pele os bônus e os ônus desta postura. Não faz muito tempo, acompanhado de minha filha, que agora se meteu a cursar jornalismo na Metodista, fiquei sem jeito numa churrascaria quando um ex-companheiro de trabalho no Diário do Grande ABC me apresentou o pai. Recebi elogios fartos. Quando eles se afastaram, olhei para minha filha e lhe disse sem rodeios: esse é um leitor que pode sentir minha ausência, mas há outros que comemorarão porque não suportam jornalista que não reza pela cartilha da vassalagem. Lamentavelmente, Lara, minha filha, não entendeu o recado e resolveu virar jornalista também.
A primeira consequência da crítica que fiz ao presidente da Acisbec foi uma indelicada e grosseira virada de rosto do seu filho, Valter Moura Júnior, no dia seguinte à postagem do artigo neste espaço, durante encontro casual no Centro Empresarial Pereira Barreto, onde estou estabelecido. A elegância com que Valtinho Moura sempre tratou este jornalista foi para o chapéu por conta de uma crítica impecavelmente verdadeira que, sem qualquer resquício de soberba, aguarda por eventual contestação. É verdade que fui um pouco além da Agência ao me referir a Valter Moura. Escrevi que jamais foi um agente de transformação, embora esteja há duas décadas na Acisbec. Os fatos estão aí para comprovar e, mais que isso, para comprometer a escolha do eleitorado seletivo da Agência.
Mal sabem pai e filho e tantos outros que disparo todos os dias como chamada a este blog mais de 60 mil endereços eletrônicos cada vez mais selecionados de audiência em ascensão. Tudo sem apelar contra a honra de quem quer que seja, mas também sem entregar-me ao pobre destino de uns e outros de apanhar sabonete em banheiro coletivo.
O Grande ABC, como tantos outros endereços, reúne gama de protagonistas canhestros ou brilhantes. É natural que se sintam intocáveis. Não tenho prazer algum em cutucá-los, embora não deixe de lamentar os excessos de lantejoulas que conduzem os pouco produtivos ao endeusamento acrítico.
Não foi e não está sendo à toa que tenho insistido com minha filha para que largue esse negócio de jornalismo e parta para outra coisa que não tenha implicitamente o compromisso social tão acentuadamente predominante ou tão acentuadamente público.
Vivemos num País de intocáveis que não suportam qualquer ponderação que os contrariem, embora esses mesmos intocáveis se divirtam a valer quando gente comum está no radar de bombardeios nem sempre honestos de jornalistas.
Bem que eles mereceriam ser tratados a pontapés impressos, eletrônicos e virtuais, como se observa em outros endereços midiáticos de profissionais muito mais contundentes e menos preocupados com a reputação alheia, independentemente da fundamentação crítica.
Total de 1091 matérias | Página 1
29/11/2024 TRÊS MULHERES CONTRA PAULINHO