Sei lá se a expressão “humor negro” cabe àquela matéria que produzi em janeiro de 2001 e que foi publicada na edição do mês seguinte na revista LivreMercado (aquela que morreu nas inábeis mãos de Walter Sebastião dos Santos, transformada como se sabe na “Deus me livre”).
O que sei é que, vasculhando arquivos digitais e materiais, eis que encontrei uma prova provada que mata a pau os detratores de ocasião (ou seriam todos absolutamente honestos, certeiros e irrebatíveis numa avaliação que subestimo?) que me atribuem mau-humor na escrita.
Vejam só: Daniel Lima é um mau-humorado ao escrever!
Será que o livro “Complexo de Gata Borralheira” não serve para nada, para bombardear esse conceito de que estou para o mau humor escrito assim como Hitticock para o suspense no cinema, Pelé para os gols, Kiko Chaves, prefeito de Rio Grande da Serra, para papagaio de pirata e Luiz Marinho para as manchetes implacáveis do Diário do Grande ABC?
Talvez seja realmente mau-humorado ao dedilhar as linhas que me aliviam as dores da alma, principalmente quando comparado com o que sou de fato fora dos trajes profissionais, um verdadeiro caso de internação por prática incessante de trocadalhos do carilho. Ou seriam trocadilhos…
Vejam só que acabo de me pegar à paisana, como se estivesse fora do ar e, portanto, com total liberdade de expor a verve ferina e recheada de sexualidade. Sim, a linguagem sexual é uma de minhas preferências, assim como as metáforas do mundo do futebol para o presidente Lula da Silva.
Sei, sei que nestas alturas do campeonato já tem leitor tentando desvendar minha mente, recomendando análise freudiana para explicar por que no cotidiano informal ou mesmo formal não abro mão do vocabulário de alcova para simplificar determinados diálogos, encontrar o atalho de respostas que, quando rebuscadas, embaralham a compreensão?
Deixemos isso para lá e falemos sério: ao reler aquele texto do começo de 2001, portanto há quase nove anos, cheguei à conclusão que está atualizadíssimo como mensagem, embora o contexto econômico tenha se alterado com o período senão dourado, ao menos aliviado de Lula da Silva, o incrível pé-quente que provavelmente não deixará a presidência antes de o Corinthians centenário ganhar a Taça Libertadores da América, ano que vem.
Viram como minha fama de mau-humorado não resiste também à paixão esportiva em comum com a do presidente da República?
É importante não descontextualizar aquela matéria de 2001, porque o Grande ABC vivia situação tormentosa por obra e graça do presidente que mais destruiu suas riquezas. Ou alguém tem dúvidas que Fernando Henrique Cardoso foi o maior algoz da história regional ao dedicar-se ao esporte preferido de metralhar os sete municípios?
O que diz aquele texto de fevereiro de 2001 e cujo caminho para leitura vou indicar no final deste artigo, já que o recurso de sublinhar e encaminhar o leitor automaticamente ao material ainda não está disponível neste site recém-instalado?
Ora, nada melhor que acompanhar as peripécias de 55 personagens, muitos de carne e osso, e outros de pura imaginação com base na realidade também de osso e carne. Eles desfilam com suas frases emblemáticas como forma de conduzir uma análise crítica do Grande ABC com serenidade debochada, sarcástica.
Só lamento mesmo que aquele material não tenha sido levado ao palco, como o texto de “Complexo de Gata Borralheira” que ocupou a agenda do Teatro Municipal de Santo André completamente lotado em 16 de abril de 2002, data de aniversário do prefeito Celso Daniel, assassinado alguns meses antes.
“Por quê?” — o texto em questão — caberia inclusive hoje, com algumas adaptações, no mesmo palco ou em qualquer espaço escolar para levar aos jovens e adultos estudantes uma versão teatralizada de parte das grandes mudanças econômicas e sociais que ocorreram no Grande ABC, principalmente nos anos 1990.
Não é por outra razão, aliás, que estou dando formas mais comportadas (ou seriam mau-humoradas?) àquelas situações todas na série “Metamorfose econômica”.
O compromisso de impedir que o Grande ABC seja uma região sem memória, apesar do brilho de Ademir Medici e de alguns outros profissionais do ramo jornalístico e acadêmico, é a vereda que me move no suprimento deste site.
Ler ou reler “Por quê?” vai ser muito interessante. O painel que apresentamos naquela oportunidade foi uma medida para amenizar a imagem de que este jornalista não consegue ver graça em nada. Pois não é que vi muita graça naquelas desgraças todas? Não tenho vocação permanente a humorista quando estou jornalista defronte a uma tela de computador. Mas de vez em quando até que cai bem, não acham?
Agora, deixemos de trololó e vamos aos finalmentes.
Dirijam o “clique” de seu computador até a categoria “Sociedade”, no alto da tela. Depois de aparecerem as opções de textos dessa categoria, basta encontrar o título “Por quê?”.
Querem simplificar? Dirija o “clique” ao mecanismo de busca, no alto à direita, e digite o título “Por quê?”, sem aspas. E divirta-se com o jornalista mais mau-humorado do pedaço. Mas nem por isso irremediavelmente incapaz de sorrir com a desgraça de todos nós, otários juramentados. Com todo o respeito. Perco os leitores mas não perco o senso crítico.
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29/11/2024 TRÊS MULHERES CONTRA PAULINHO