Você faz as contas aí e eu faço aqui. Cada um na sua, ou seja, eu na minha e você na sua. O que apresento em seguida é o que chamaria de Teste de Confiança no Grande ABC. Você vai saber do que se trata.
E você decidirá o grau de confiança ou desconfiança em relação ao futuro da região. Tudo está plugado no passado e no presente, em forma de 10 armadilhas históricas. Topa participar?
Sua participação é de foro íntimo. Ou seja: não quero saber, necessariamente, quantos pontos você vai contabilizar. O importante é que você faça análise segundo exclusivamente sua ótica.
Contribuo, por assim dizer, com os enunciados básicos, ou seja, com a exposição dos problemas.
Para não perder tempo, passo aos 10 obstáculos propriamente ditos. Em seguida, faço breve resumo de cada um. A partir daí, você decide o que fazer, ou seja, se é um leitor pessimista, otimista ou realista.
Como essa classificação é subjetiva, entenda como quiser o que significaria o resultado final para você. Vamos então aos 10 obstáculos:
GUERRA FISCAL.
PLANO REAL.
SINDICALISMO.
RODOANEL.
GOVERNO FHC.
PT FEDERAL.
DIVISIONISMO.
VIZINHANÇA CAPITAL.
MONTADORAS.
INSTITUCIONALIDADE.
Estão aí os 10 pontos cardeais do Teste de Confiança no Grande ABC. Vou dar detalhes sobre a organização técnica da proposta, mas antes farei brevíssima abordagem sobre cada ponto de modo que tenha alguma ideia mais precisa do que o estaria desafiando no sentido de aferir baterias do senso crítico inalienável à cidadania. Vamos lá.
GUERRA FISCAL – A influência no rearranjo de investimentos consolidados e novos investimentos.
PLANO REAL – O quanto alterou, em conjunto ou isoladamente, a ordem dos fatores que determinaram a consolidação econômica do Grande ABC no ambiente nacional.
SINDICALISMO – Pagamos ou não pagamos algum preço pelo movimento liderado por Lula da Silva, na segunda metade dos anos 1970?
RODOANEL – O que essa serpentina asfáltica que ainda não se fechou na Região Metropolitana de São Paulo representa à economia do Grande ABC?
GOVERNO FHC – Qual foi o peso relativo da derrocada regional do governo de Fernando Henrique Cardoso?
PT FEDERAL – Quanto o Partido dos Trabalhadores em Brasília representou à derrocada industrial do Grande ABC?
DIVISIONISMO – O que o corte territorial do Grande ABC em sete partes desiguais significou no futuro que chegou em forma de presente?
VIZINHANÇA CAPITAL – A expressão é essa mesma, embora também pudesse ser Vizinhança da Capital. Afinal, o Complexo de Gata Borralheira pesa quanto nessa equação?
MONTADORAS – Até que ponto a Doença Holandesa Automotiva, como pode ser definida a participação das montadoras de veículos na região, influenciou no processo de permanente queda da economia?
INSTITUCIONALIDADE – E a falta de lideranças e de arcabouço técnico para definir os rumos dos sete municípios dentro da Região Metropolitana de São Paulo, o quanto influencia na resposta à derrocada?
VOCÊ DECIDE
Quem decidirá a validação desses 10 obstáculos históricos do Grande ABC, listados por este jornalista com 300 anos de janela regional, é o próprio leitor.
Por isso a atribuição de notas de zero a 10 entra nessa equação como peça decisiva de cada quesito. Vou explicar.
Com base nos breves enunciados de cada armadilha, o leitor poderá dar corda ao próprio conhecimento ou à curiosidade de pesquisar sobre o que se passou nos últimos 50 anos para chegar à conclusão final ancorada no Teste de Confiança no Grande ABC.
Devo dizer ao distinto público que -- paralelamente à lista acima que elaborei sem dificuldade alguma porque conheço bem estas terras -- estabeleci valores criteriosos sobre a relevância individual e ao conjunto da obra.
Parti do princípio de que o total de notas (sempre levando-se em conta que a contagem é de zero a dez para cada armadilha) definiria meu estado de ânimo, de confiança, de esperança, de expectativa sobre o Grande ABC do futuro.
Ou seja: a maquinaria que levaria e levou à conclusão em forma de atribuição de nota final passou obrigatoriamente por inspeção individual rigorosa e, no meu caso, relacionada aos demais quesitos.
MEDINDO EXPECTATIVA
O leitor poderá seguir caminho totalmente diferente e entender que uma coisa (cada obstáculo) é uma coisa e outra coisa (os demais obstáculos, todos ou não) é outra coisa.
Para que o leitor se reconheça, cumprida a tarefa que lhe proponho, em que posição estaria em matéria de expectativa sobre o futuro regional, sugiro que siga a seguinte linha de pensamento:
1. Até 20 pontos – muito otimista.
2. De 21 a 50 pontos – otimista.
3. De 51 a 70 pontos – preocupado.
4. De 71 a 100 pontos – sem esperança.
PARA FACILITAR
Espero que o leitor tenha entendido a dinâmica da proposta. Mas não custa ser mais didático ainda. Vamos, portanto, a um exemplo:
Se o leitor entender que o sindicalismo não tem peso relevante algum no processo econômico e social do Grande ABC tipificado como armadilha, se o leitor entender isso, então não terá outro trabalho senão definir a nota zero como influenciadora no resultado final do Teste de Confiança no Grande ABC.
Por outro lado, todavia, contudo e o escambau, se o leitor avaliar que o sindicalismo foi ou continua sendo uma atividade preocupantemente constrangedora ao futuro do Grande ABC, o leitor não terá outro caminho a trilhar senão definir o grau dessa resposta efetiva, podendo chegar a 10 pontos. Situações menos radicais, tanto para o otimismo quanto para o pessimismo, estão contempladas com notas menos extremas.
Entenderam por que quanto menor a soma de pontos mais cada leitor terá depositado confiança no futuro regional? E quanto mais pontos fizer, menos confiança terá nestas terras?
Não quero meter o bico no resultado final de cada leitor, por isso vou reservar a uma próxima edição, conclusiva sobre o que exponho, ponderações e notas individuais, culminando com a totalização definidora de meu estado de ânimo.
É claro que não vou praticar cinismo e dizer que os leitores que me acompanham não saberiam mais ou menos o que penso de tudo isso. Tanto penso que não tive dificuldade alguma de produzir a relação dos problemas que nos afetam.
O interessante mesmo é que até então, ou seja, até produzir essa lista, jamais pensei em hierarquizar as armadilhas a partir da própria relação.
Já fiz muitas vezes algumas comparações envolvendo parte dessas armadilhas, até cheguei a uma conclusão sobre os riscos mais acentuados, mas esta é a primeira vez que parto do princípio de reunir todos os obstáculos numa mesma plataforma de investigação.
EIXO DE RESPOSTAS
Quando se faz isso e se impõe uma definição comparativa, correlacionada à mensuração inerente de cada questão isoladamente, mas também em conexão com as demais, a história é outra.
Não sei se consegui fazer me entender, mas vou tentar de novo para, quem sabe, facilitar a vida do leitor que partiria para avaliar a relação exposta aí em cima.
O que quero dizer é que quando se dispõe de um conjunto de armadilhas definidas e distribuídas num mesmo compartimento avaliativo, exigem-se mais cuidado e coerência.
Como cada armadilha tem em princípio o mesmo peso crítico, e a partir dessa constatação se exige que se diferenciem ou não na grade final de valores, resta pensar mais refletidamente.
MAIS DIDATISMO
Vou ser didático mais uma vez. Que nota o leitor atribuiria à armadilha sindicalismo tendo como referenciais comparativos as demais armadilhas?
É claro que a graduação poderá ser a mesma ou quase a mesma para todos os quesitos. Nada tecnicamente o impediria, mas como tudo é subjetivo sob o princípio de “cada cabeça, uma sentença”, parece lógico que a busca por justiça avaliativa prevaleceria.
Pense nisso antes de começar a responder ao Teste de Confiança no Grande ABC. Pense bem.
Já me debrucei nas questões expostas e até defini o total de pontos. Vou explicar tudo num próximo texto.
FOCO TOTAL
Nos tempos da revista LivreMercado, costumava fazer enquetes com dezenas de integrantes do Conselho Editorial.
Aquele trabalho era espécie de farol às ações que desenvolvia na redação da melhor revista regional que o País já conheceu.
Paradoxalmente, eram tempos sem as maquininhas diabólicas de que dispomos hoje, portáteis e massificadas.
Os formadores de opinião tinham mais foco e estavam mais concentrados nas questões do Grande ABC.
Hoje a barafunda comunicacional é delirante. E a cidadania regional, tão escassa no passado, está virando pó. Já escrevi sobre isso. Mas não custa lembrar.
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24/10/2024 UFABC fracassa de novo. Novos prefeitos reagirão?