Não reclame por não estar (logo abaixo) na primeira relação de convidados para participar de meu velório, ainda sem data definida. Só o Poderoso sabe dessas coisas. Começo hoje a reconhecer publicamente a alegria de ter estado neste mundo já há algum tempo. A Lista Espiritual, que inicio com 20 nomes, deve ter mais de duas centenas de participantes.
Tem tanta gente que devo deixar por algum tempo a revelação dos primeiros nomes de outras duas relações. A Lista Positiva, com gente que está viva, e a Lista Negativa, com gente que também está viva.
Preciso cuidar dessas duas turmas também, mas acho que podem esperar. No máximo, o que pode acontecer é que um e outro decida não esperar a vai-se para o outro mundo. Nada que eventualmente os impediriam de ser chamados para a Lista Espiritual.
MAIS FACILIDADES
Estar na Lista Espiritual é mais fácil do que nas outras duas listas. a Lista Espiritual conta com mais complacência. Quando se morre as exigências diminuem. A tolerância aumenta.
Fico feliz porque os leitores entenderam a metáfora que marcará esta série. Não foram poucas as manifestações nas redes sociais, especialmente pelo aplicativo WhatsApp, com o no qual mantenho contatos diário com os leitores, que compreenderam a iniciativa.
Não há outro significado a essa empreitada que o prazer de estar vivo e de ter conhecido tanta gente. O jornalismo é interativo com diversas camadas da sociedade. Não fosse jornalista acho que teria dificuldades em fazer sequer uma lista. Sou tímido por natureza, embora não pareça a alguns. Ou melhor: minha pessoa física é tímida.
Talvez precise explicar aos leitores vivos e aos parentes dos convidados ao meu velório que não pretendo terceirizar juízo de valor. Estou pouco me lixando a opiniões de terceiros sobre homenagens que prestarei. A responsabilidade é minha.
PRÓS E CONTRAS
Todos os listados foram importantes a este profissional de jornalismo. Aprendi com todos eles a diferenciar o certo do errado, a criatividade do pragmatismo, o individualismo do coletivismo, o bom exemplo e o mau exemplo. A soma dos fatores é que definiu o produto final. Quem tem saldo entrou na Lista Espiritual.
Afinal, todos os listados são seres humanos sujeitos a tudo que se sabe. Não existe santo na lista. Nem demônios. São gente como a gente. A diferença básica é que guardo ensinamentos e lições que eles me transmitiram, queiram ou não. Positivas e negativas de uns e de outros.
Se não tenho dúvida de que acerto em cheio comigo mesmo ao tomar essa iniciativa que está longe de ser abusiva, porque permeada de agradecimento por estar vivo e ter convivido com tanta gente ao longo dos anos, por outro lado ainda estou repensando a possibilidade de cancelar a Lista Negativa. Da Lista Positiva não abrirei mão, mas acho que pode esperar um bocadinho.
Penso em tomar a decisão de cancelamento da proposta de formular a Lista Negativa. Pode transpirar alguma suspeita mesmo que infundada de que estaria a satanizar algumas pessoas com as quais não pretenderia me encontrar do outro lado do balcão da vida. Gente que não merece outra coisa senão lamentação de que ou não está mesmo na rota de positividades humanas, ou sou tão estúpido que não consigo enxergar mesmo que sejam alguns fragmentos de boas ações, por assim dizer.
LISTA NEGATIVA
Como diria meu velho pai que completará em 23 de outubro um centenário de vida, 19 dos quais espiritual, estou matutando sobre se revogo a decisão de fazer a Lista Negativa. Tenho mesmo muitas dúvidas.
Ao mesmo tempo em que um lado, meu lado profissional, sempre mais objetivo e crítico, diz que seria um pecado capital não deixar impresso a identidade de quem jamais poderia respeitar, do lado pessoal, do Daniel José de Lima sempre muito bonzinho (tão bonzinho que aceitou passivamente um tiro no rosto) pede para que releve e os mantenha longe da Lista Negativa, que deveria ser suprimida.
Como tenho tempo para definir a situação, ou seja, não vejo meu velório pela frente nos próximos tempos, vou esticar um pouquinho a cronologia decisiva.
Espero que meu lado profissional prevaleça, porque se fosse para dar bola para o lado pessoal provavelmente seria pastor ou padre, quando não um Dalai Lama. Daniel Lima e Dalai Lama podem até confundir os leitores apressados, mas não têm nada ou quase nada em comum.
Seguem as primeiras 20 identidades da Lista Espiritual. Cada nome ganha uma breve definição de livre arbítrio deste jornalista. Não é tarefa fácil condensar a vida de cada um numa frase, mas é o que tem para hoje. A ordem numérica não pode ser confundida necessariamente com qualidade. Escolher os nomes dessa lista já é uma tarefa intensa. Imagine hierarquizar. Não farei isso.
1. Jairo Livolis, presidente do Esporte Clube Santo André: uma inteligência a toda prova.
2. Edson Danillo Dotto, um dos fundadores do Diário do Grande ABC: a elegância no formato humano.
3. Durval Daniel, ex-secretário de muitas pastas do prefeito Newton Brandão, em Santo André: um homem afável, sério, convicto da missão.
4. Guido Fidelis, jornalista: um primor de diplomacia.
5. Celso Daniel, prefeito de Santo André: uma constelação de competências.
6. Jurandir Martins, radialista: um caminhão de contraditório.
7. Valdir Fumene, diagramador do Diário do Grande ABC e da revista Livre Mercado: uma montanha cronométrica de responsabilidade profissional.
8. Felipe Cheidde, político e dirigente esportivo: uma multiplicidade de efervescência temperamental e lealdade.
9. Edison Motta, jornalista: um extravagante usuário da vida.
10. Renato Campos, Editor de Polícia do Diário do Grande ABC: um show contínuo de tranquilidade.
11. Waldir Cartola dos Santos, político e esportista: uma imensidão de liderança e perspicácia.
12. Saulo Leite, jornalista: uma ingenuidade interiorana a toda prova.
13. Abraham Kasinski, empresário: um espetáculo de prospecção empresarial.
14. Claudio Rubens Pereira, criador da Anapemei, de pequenos industriais: uma lucidez sem limites.
15. Hilário Bosisio, ex-dirigente e corneteiro do Santo André: um show de descontração e união.
16. Rafael Guelta, jornalista: um talento infinito na escrita combinado com relacionamentos agregadores.
17. Edward de Souza, jornalista e radialista: uma eterna reticência de quem indica alegria mais adiante.
18. Agapito Assunção, técnico de som da Radio Diário do Grande ABC: um alvinegro de ouro na pele e no coração amistoso.
19. Wigand Rodrigues dos Santos, ex-presidente do Esporte Clube Santo André: uma entrega voluntariosa à política e ao futebol.
20. Gilson Menezes, primeiro prefeito petista do Brasil: o cavalo da radicalização atrevida montado no momento certo.
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10/04/2025 BANDIDOS DÃO AULA DE ECONOMIA A ESTUDANTES