Há dois tipos de regionalidade no municipalista Grande ABC. São modelos bem diferentes e de consequências igualmente dramáticas. O que parece ser não passa de enganação que procrastina o futuro. O que parece não existir, existe em fase de aperfeiçoamento, agora sistematizada, que agrava o presente. Temos a Regionalidade Oficial e a Regionalidade Subterrânea.
A Regionalidade Oficial, defendida no ambiente público por Celso Daniel, desapareceu aos poucos sob a suposta proteção do Clube dos Prefeitos, ou Consórcio de Prefeitos.
A Regionalidade Subterrânea é vista por poucos. É preciso prestar muita atenção e conhecer os movimentos das pedras delituosas que a movem.
A Regionalidade Oficial precisa ser embalada publicamente para parecer que somos uma região moderna, precursora de grandes habilidades institucionais. Consórcio de Prefeitos é uma marca pomposa quando ganha a formalidade de Consórcio Intermunicipal de Prefeitos.
A Regionalidade Subterrânea está nos escaninhos de poderes principalmente em paços municipais, ou em alguns paços municipais, e em determinados guetos empresariais e sociais. Como se sabe, democracia não vive sem dinheiro.
REGIONALIDADE DUPLA
A Regionalidade Oficial é uma caixa de maribondo. Sempre há o risco de causar complicações.
A Regionalidade Subterrânea guarda sinistra vocação a articulações invisíveis a olhos destreinados e subverte o mundo real quando protegida por fanáticos.
A Regionalidade Oficial, superestimada, é a porta de entrada à Regionalidade Subterrânea, maliciosa, quando não mafiosa.
Para que a Regionalidade Oficial ganhe fôlego e sirva a operações dissimulatórias, é indispensável parecer o que não é.
A Regionalidade Oficial precisa parecer comprometida com o futuro porque é a base da estrutura de legitimação da Regionalidade Subterrânea.
REGIONALIDADE DUPLA
A Regionalidade Oficial é, em forma de metáfora, casais seletivos que decidem praticar suingue mas precisam parecer casais bem casados para que ninguém estique os olhos da desconfiança.
A Regionalidade Subterrânea são esses mesmos casais supostamente bem comportados, e tantos outros casais convidados, que saem para a farra em conjunto, em ações de cumplicidade. Entre um suingue bem alinhavado e uma suruba, a diferença, segundo a literatura comportamental, é imensa. Seria algo como a democracia e a anarquia.
O Clube dos Prefeitos é o ambiente ideal para os casais supostamente bem casados se darem as mãos em irmandade. O Clube dos Mandachuvas e Mandachuvinhas vai muito além do Clube dos Prefeitos, em forma de Regionalidade Subterrânea.
Em nome do Regionalidade Oficial se faz tudo discretamente em forma de Regionalidade Subterrânea. Faz tudo é força de expressão, porque, insisto, essa maquinação está apenas se aperfeiçoando. Já houve ensaios no passado, até mesmo funcionou com certo grau de liberalidade e companheirismo no passado, mas dissidências colocaram tudo a perder. Ou a adiar.
REGIONALIDADE DUPLA
A Regionalidade Oficial jamais será o que se espera e se precisa porque agentes da Regionalidade Subterrânea agem o tempo todo para tomarem para si o comando das ações. O suingue bem comportado não resiste.
A grife do Clube dos Prefeitos, aberração institucional quando contraposto ao desempenho ao longo da história, ainda rende entusiasmo e lubrifica intenções e ações dos malfeitores da Regionalidade Subterrânea. A temperança é uma das virtudes dos agentes da Regionalidade Subterrânea.
Explicar e dar exemplos de ações já executadas e em fase de estudos dos integrantes da Regionalidade Subterrânea seria arriscado demais. O Grande ABC não comporta garantia alguma de que o Ministério Público, o Judiciário e tudo o mais não comporta ocuparão com movimentações extraordinárias. A Regionalidade Subterrânea é ardilosa, sedutora e está sempre à espreita. Combate duramente quem a enfrenta mesmo com sutilezas.
A Regionalidade Subterrânea é avessa à claridade, à transparência e a outros adereços democráticos. Democráticos de verdade, não fetiche de propagandistas. Não fosse assim, não haveria Regionalidade Subterrânea. Ficaríamos apenas com a oficial.
REGIONALIDADE DUPLA
Incensar a Regionalidade Oficial é uma maneira de destilar brilho para legitimar o poderio quase imperceptível da Regionalidade Subterrânea.
Quanto mais a Regionalidade Oficial do Clube dos Prefeitos parecer o que raramente o foi, ou seja, eficiente de fato, mais se fortalecem os laços da Regionalidade Subterrânea.
O Clube dos Mandachuvas e Mandachuvinhas é a regionalidade que deu certo. Não há fronteiras municipalistas a atrapalhar. São vasos comunicantes sem resquícios de autonomistas municipais.
O consorciamento de interesses ilegítimos da Regionalidade Subterrânea depende sobremaneira da eficiência da Regionalidade Oficial. Do coro da aproximação meticulosa sai a correia do controle das ações a salvo da curiosidade pública. A Regionalidade Oficial é o ancoradouro dos piratas da Regionalidade Subterrânea.
A Regionalidade Oficial finge que defende os interesses da região, mas não passa de pretexto programado para conquistar poderosos à causa da Regionalidade Subterrânea.
Para chegar aos poderosos de podres poderes a Regionalidade Subterrânea, nem sempre identificada com cromossomos de delinquência, faz uso de transfusão do sangue de poderes legítimos conferidos nas disputas eleitorais.
REGIONALIDADE DUPLA
Nesse ponto, o que temos é um paradoxo. A porção podre do consorciamento de poderes só obtém vitalidade e musculatura ativa se retirar o máximo possível do organismo frequentemente usurpado.
Para que a Regionalidade Oficial siga adiante ao vender o que raramente teve em forma de representatividade e comprometimento social, é essencial que seja embalada pela Regionalidade Subterrânea, que, num lance de muita competência, age permanentemente. A Regionalidade Subterrânea galopa no lombo da Regionalidade Oficial.
A Regionalidade Oficial com a marca do Clube dos Prefeitos é um artifício para sabotar a própria regionalidade convencional. Os princípios que a regem estão fora do esquadro com que foi concebida.
A Regionalidade Subterrânea em forma descaracterizada do Clube dos Prefeitos é muito mais ambiciosa, envolvente, desafiadora e rígida. E sobretudo imperceptível.
REGIONALIDADE DUPLA
Escarafunchar nominalmente os integrantes da Regionalidade Subterrânea seria um tratado masoquista. Infelizes aqueles que ousarem ignorar os mandamentos profanos dessa rede de contraventores da cidadania.
Há os inocentes úteis que ignoram as arapucas. Gente que atribui a alucinógenos discriminatórios, quando não retaliatórios ou ressentidos, qualquer advertência sobre a justaposição de Regionalidade Oficial e Regionalidade Subterrânea.
Entre as fantasias e fracassos da Regionalidade Oficial e o enraizamento seletivo e deletério da Regionalidade Subterrânea, resta a Regionalidade Real impiedosamente sacrificada no altar de uma sociedade servil e desorganizada que alguns a enxergam civil e organizada.
O Grande ABC é um território fragmentado em tudo que se observe como relevante à qualidade de vida de quase três milhões de habitantes, mas é um exemplo bem-acabado de como é cuidadosamente frutífero nos pecados sociais de meter-se cada dia mais numa enrascada de criminalidades fluviais.
A Regionalidade Subterrânea prevalece no ambiente de Regionalidade Oficial sem lastro e de Regionalidade Real sem ressonância. Não vai demorar para a Regionalidade Subterrânea ganhar transparência e legitimidade ao jogar a clandestinidade no lixo da apatia social e se proclamar prevalecentemente tanto Oficial quanto Real. Estamos caminhando celeremente nessa direção. Vamos normalizar a delinquência protegida e glorificada.
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08/11/2024 DUAS FACES DA REGIONALIDADE