Com atraso de alguns dias, postaremos amanhã na revista CapitalSocial um texto cativante da jornalista Vera Guazzelli, publicado na edição da revista LivreMercado de fevereiro de 2002. Trata-se de perfil com o então comerciante Sadalla Melhen, eleito naquela temporada pelo Conselho Editorial de LivreMercado um dos novos Imortais do Grande ABC, categoria que incluímos no Prêmio Desempenho.
Estaremos colocando à apreciação dos leitores um texto que tentei resgatar assim que soube em anúncio específico que Sadalla Melhen já não estava entre nós. Era 10 de abril último quando aquele homem afável, simples, sempre sorridente, resolveu descansar aos 88 anos.
Não sei por que cargas dágua não conseguimos o resgate do material jornalístico no dia seguinte à morte. Por alguma coisa que só a tecnologia da informação seria capaz de responder, o arquivo digital de LivreMercado não capturou aquele texto de Vera Guazzelli. Já não lembrava a autoria do material jornalístico, mas minha memória acusava aquele trabalho. Os dias subsequentes, sempre corridos, relaxaram a missão de resgate.
Afinal de contas, o que foi que mudou à redescoberta daquele texto? Simplesmente fiz o que deveria ter feito um mês antes, quando, de passagem pelo centro de Santo André, deixei de dar uma passadinha rápida pela Sedanossa, a loja de Sadalla Melhen. Me arrependo por não ter ido até lá, porque certamente o encontraria pronto para um abraço.
Mas ontem, terça-feira, decidi me dirigir até a loja para atender ao pedido de uma costureira que vai preparar uma bermuda sob medida para mim. E lá estava, fixada na parede, devidamente emoldurada, uma cópia das duas páginas publicadas na edição de LivreMercado. Era o que faltava para tomar as providências. Conseguimos localizar o texto em meus computadores.
Como seria bom se a mídia do Grande ABC fizesse um esforço para registrar a vida de personagens como Sadalla Melhen. Joga-se tanto espaço fora, publicam-se tantas bobagens e desperdiçam-se tantas oportunidades para mostrar o quanto de valioso temos em individualidades que, sinceramente, chegamos a duvidar da sensibilidade regional para tratar de questões sérias, comovedoras, exemplares.
A bem da verdade e da justiça, há uma exceção à regra: o jornal ABCD Maior executa já há bom tempo um projeto editorial que incorpora o desvendar de nuances de gente geralmente pouco conhecida do grande público. Salvo engano, o material ganhou a forma de livro.
De qualquer maneira, é muito pouco. No dia em que substituirmos metade dos espaços desperdiçados com o colunismo social vazio e egocêntrico de jornais e revistas vocacionados ao supérfluo por tratamento digno a gente que produz de fato, teremos atingido maturidade jornalística.
Palavra de quem comandou a entrega de 1.718 troféus em 15 anos de história de Prêmio Desempenho, mais de duas centenas dos quais de individualidades que ajudaram a fazer a diferença entre os comuns e os especiais de uma sociedade ainda prevalecentemente dedicada a celebridades.
Palavra de quem também, durante toda a trajetória de LivreMercado, mantinha espaço fixo à consagração do talento em várias atividades, sempre longe do frenesi de colunas sociais. Foram mais de duas centenas de entrevistados de diferentes áreas sociais que mobilizaram os jornalistas em textos que se distanciaram da pobreza intelectual de notinhas sem finesse e sem compromisso social.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!