Esportes

Zona de rebaixamento é como
paredão do Big Brother Brasil

DANIEL LIMA - 11/02/2011

Santo André e São Bernardo encerraram a Fase de Estruturação do Campeonato Paulista (os sete primeiros jogos de um total de 19 para cada equipe) com temores semelhantes aos dos rapazes e das moças (e também das moças que são rapazes e dos rapazes que são moças) enclausurados no Big Brother Brasil: o paredão. Afinal, há muita semelhança entre zona de rebaixamento e a potencial eliminação do BBB. O medo de sair da casa mais vigiada do País é muito próximo do pavor de frequentar a área mais tormentosa da tabela de classificação de um campeonato. O tempo é dualístico às vítimas. Torce-se para que passe logo e que tudo se resolva e torce-se também para que passe devagar e luzes de esperança animem os ameaçados.


Fixando-me apenas no mundo do futebol, embora não perca na TV aberta os lances dos meninos e das meninas, das meninas meninos e dos meninos meninas, imagino a tensão que envolve as duas equipes da região que dividem o chamado G4 do Mal com o Linense e o Grêmio Prudente.


O São Caetano viveu a situação nas primeiras rodadas e os nervos também afloraram. É mesmo uma barra muita pesada suportar a desconfiança gerada pelas últimas posições na competição. O componente emocional é corrosivo ao arranjo técnico-tático.


O São Bernardo vai enfrentar a Ponte Preta neste final de semana no Estádio Primeiro de Maio contando com a novidade do técnico Estevam Soares, contratado a peso de ouro por três meses. Um investimento que pode dar resultados por pelo menos três motivos: trata-se de profissional experiente, o São Bernardo tem uma tabela muito favorável nas próximas sete rodadas e a herança deixada pelo técnico Rui Scarpino mereceu deste jornalista a definição de que se trata de um time arrumadinho mas ordinário.


Explico ou esclareço o que quis dizer com arrumadinho mas ordinário: o São Bernardo de Ruy Scarpino tinha repertório tático razoavelmente interessante e bem definido que só não se tornou mais contundente porque não se faz omeletes sem ovos.


Estevam Soares pode até salvar o time do rebaixamento com os jogadores que estão aí, mas se não quer entrar em depressão precisará recomendar no mínimo dois atacantes que não sofram de pânico à frente do gol adversário. Um zagueiro de área experiente mas com certa velocidade também seria uma boa pedida. Tudo isso para compensar uma zaga interior convidativa a qualquer atacante adversário e um meio de campo de baixa mobilidade. Os laterais, sejam quais forem, são autênticos pontas-de-lança. Scarpino quis assim e assim se fez. Mas não custa nada tomar cuidado com a Ponte Preta, que congestiona o meio de campo, atrai o adversário e mata o jogo no contragolpe. Por isso o time campineiro tem dificuldades de ganhar em casa e volta sempre com bom resultado como visitante.


O Santo André deverá jogar com o Botafogo em Ribeirão Preto no mesmo estilo do confronto com o Santos, embora sem o mesmo radicalismo: vai defender o mais que puder, fechando todos os espaços na tentativa de surpreender em contragolpes. O técnico Pintado arranjou seis empates em sete jogos disputados. Nessa toada, baterá o recorde de empates desde que o Campeonato Paulista começou a ser disputado por pontos corridos com 20 equipes. O máximo a que chegaram até agora equipes vocacionadas à igualdade foram a sete registros.


Resta saber se de empate em empate se chega lá, ou melhor, se foge do rebaixamento. Tudo é possível, porque em várias das edições os times despachados para a Série B Paulista não alcançaram a soma de um ponto por rodada.


A diferença entre o Santo André e o São Bernardo que estão no paredão é que o Ramalhão tem mais consistência defensiva e um ataque, mesmo sem Nunes, mais preparado para as pressões das últimas posições. Principalmente porque passa a contar com Richely, fora de ritmo contra o Santos mas sempre incômodo ao adversário.


Para completar, o São Caetano que conseguiu respirar aliviado nas últimas rodadas de dois empates e duas vitórias pode voltar com bom resultado de Mirassol. Desde que o técnico Ademir Fonseca compreenda que o controle do jogo no meio de campo é peça-chave à consolidação da recuperação.


Para tanto, escalar Vandinho e Eduardo é um baita de um erro. Primeiro porque Eduardo está em péssima fase. Segundo porque Vandinho acaba deslocado para fora da área, onde não costuma se dar bem. Com Vandinho mais avançado, onde é especialista, como provaram os dois gols marcados diante do Paulista, e com um meio de campo recheado de talentos, o São Caetano provavelmente envolverá um adversário malicioso que adora descuidos defensivos.


O São Caetano precisa combinar cuidados defensivos, arranjos no meio de campo e contundência ofensiva. Se voltar a cometer os erros do segundo tempo do jogo com o Paulista, quando entregou o meio de campo ao adversário, poderá se ver de volta ao paredão.


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