Praticamente a única cidadela da Província do Grande ABC a resistir à derrocada do setor industrial, força-motriz da economia regional, Diadema aumentou participação interna na geração de riqueza sintetizada no Valor Adicionado. Quando o Plano Real foi implantado no País, em 1994, Diadema tinha participação regional de 10,59%. Dezesseis anos e dois presidentes da República depois, o Município brasileiro mais esquerdista e que em 1982 inaugurou a safra de prefeitos eleitos pelo Partido dos Trabalhadores (com a vitória de Gilson Menezes) atingiu 13,14% de participação regional. Um crescimento relativo de 24,07%.
A pequenina Rio Grande da Serra não entra nesse ranking para efeitos analíticos porque é tão diminuta (não representa mais que 0,32% do Valor Adicionado regional) que está sujeita tanto a avanços abruptos quanto a quedas estonteantes.
Mauá e Ribeirão Pires assemelharam-se em números negativos, ao perderem 35,85% e 39,61% de participação relativa regional. O tombo de Santo André foi menos intenso, de 5,64%. São Bernardo avançou 3,65% e São Caetano 4,73%.
Veja na sequência a participação relativa de cada Município da região em 1994, em 2010 e os números relativos à perda ou ao ganho de participação regional em Valor Adicionado:
Santo André, de 14,41% em 1994 para 13,64% em 2010, com queda regional de 5,64%.
São Bernardo, de 45,69% para 47,36%, com avanço de 3,65%.
São Caetano, de 13,32% para 13,95%, com avanço de 4,73%.
Diadema, de 10,59% para 13,14%, com avanço de 24,07%.
Mauá, de 13,64% para 10,04%, com queda de 35,85%.
Ribeirão Pires, de 2,15% para 1,54%, com queda de 39,61%.
Rio Grande da Serra, de 0,19% para 0,32%, com avanço de 59,37%.
Um suposto fenômeno estaria a desafiar a contradição entre Diadema e Mauá, únicos endereços da região que no período de 16 anos dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva resistiram à perda generalizada de empregos industriais mas que mostram resultados opostos em Valor Adicionado.
Como se explica que Diadema tenha crescido apenas 0,9% em emprego industrial com carteira assinada durante os 16 anos mas tenha evoluído em Valor Adicionado de forma tão expressiva enquanto Mauá, que cresceu em emprego industrial no mesmo período nada menos que 47,41% registrou queda de 35,85% no medidor de produção de riqueza nos setores industrial, de comércio e de serviços?
Em 1994 o estoque de empregos industriais de Diadema atingia a 61.286 profissionais, ante 61.852 em 2010. Já em Mauá o estoque de 1994 era de 15.842, ante 23.353 em 2010.
No meio do caminho de Diadema há os oito anos do mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o setor industrial da Província do Grande ABC sofreu mais fortemente com a abertura econômica, a moeda valorizadíssima e a guerra fiscal. Em larga escala dependente do setor automotivo da vizinha São Bernardo, Diadema perdeu viscosidade. De 61.286 empregos formais em 1994 caiu para 43.849 ao final de 2002 — exatamente o período que compreende a gestão de FHC. Um tombo de 28,4%. Ou seja, para cada 100 empregos industriais, Diadema perdeu quase 30.
A chegada de Lula da Silva e a política de incrementar o consumo, com o surgimento da chamada classe média popular, conduziram Diadema a contar praticamente com o mesmo volume de empregos industriais de 1994. Com os níveis de produtividade aumentando graças a investimentos em máquinas, equipamentos e processos, além de qualidade da mão-de-obra, Diadema incrementou o Valor Adicionado em proporção muito superior ao contingente de trabalhadores.
O que se passou com Mauá foi uma reposição de estoques de trabalhadores precipitadamente eliminados na primeira metade da última década do século passado. O aumento da capacidade de produção do Polo Petroquímico, que representa quase metade das receitas municipais, incrementou a geração de Valor Adicionado e atraiu indústrias de pequeno e médio porte do setor de plástico. Mas mesmo assim Mauá aponta perda líquida do medidor de produção de riqueza porque sofreu várias baixas em outros setores econômicos de produção. A dependência exagerada do Polo Petroquímico tem-se revelado negativa para os cofres da Prefeitura.
A proporção de empregos industriais ante as demais atividades econômicas encontra simetria entre Diadema e Mauá. Comprovadamente, o setor de transformação oferece os melhores salários tanto em valores monetários quanto em complementaridades sociais, fruto de ação sindical. A proporção de empregos industriais em Diadema de 1994 era de 73,2% no conjunto de trabalhadores locais, e, apesar dos efeitos da desindustrialização regional, caiu apenas um pouco, passando a 67,63%. Em Mauá a proporção de 48,7% quando da implantação do Plano Real caiu para 42,52% ao final do governo Lula da Silva.
Nos demais municípios da região, os números relativos são mais expressivos: em Ribeirão Pires eram 62,7% de trabalhadores industriais em 1994, ante 45,78% em 2010; em Rio Grande da Serra passou de 33,8% ante 24,5%; em Santo André, de 34,5% para 20,7%; em São Bernardo de 61,4% para 35,5% e em São Caetano, de 40,8% para 12,91%. Já como um todo, a Província do Grande ABC baixou participação relativa do emprego industrial de 53,68% em 1994 para 31,53% em 2010.
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