Presidente da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), o empresário Milton Bigucci tentou dar um nó na Justiça para atingir esta revista digital, mais propriamente este jornalista. Numa ação judicial recheada de meias-verdades e de mentiras inteiras, com profundos mergulhos em subjetividades maltrapilhas, Milton Bigucci ingressou na 4ª Vara Civel de São Bernardo para retirar do ar esta publicação, entre outras penalidades. Felizmente há Justiça neste País e os leitores podem acompanhar este novo capítulo envolvendo o dirigente.
Antecipo que não comparecerei à reunião conciliatória porque a intempestividade ditatorial do todo-poderoso dirigente da Acigabc precisa mesmo de desdobramentos.
A liberdade de expressão ainda não foi revogada constitucionalmente, mas nem me abasteço dessa fonte democrática para reduzir a pó a empreitada de Milton Bigucci. Temos a contraface de liberdade de expressão, que chamaria de impedimento de expressão, que precisa ser combatida com todas as forças.
Disponho de fatos, de argumentos, de solidez de situações que me permitem enfrentá-lo com a responsabilidade de quem ainda tem esperança de que as entidades de classe desse País, a maioria com o perfil da Acigabc, embora nem tanto empobrecidas, precisam passar por rigorosa faxina ética e, principalmente, de comprometimento com a sociedade. Comprometimento muito além dos indevassáveis muros que as isolam e as protegem da sociedade, num joguinho de interesses particulares, privados, ostensivamente despudorados para capturar porções públicas mais sensíveis ao canto da sereia de um capitalismo mequetrefe. Não será Milton Bigucci que me calará, porque a Justiça sempre se fará com bom senso e zelo.
A peça acusatória que Milton Bigucci preparou (e à qual só agora tive acesso) é muito mais que a consagração do ridículo. É a tentativa despudorada de manipular informações, análises e constatações.
Fazendo-se de vítima, Milton Bigucci tenta puxar para a imagem pessoal a sardinha de supostas desonras que este jornalista tenha cometido quando, de fato, o que oferecemos à sociedade em forma de informação é que a brasa da imagem institucional do dirigente é o centro de qualquer debate.
Milton Bigucci e seus representantes jurídicos precisam entender que há um fosso que separa imagem privada e imagem pública. Como dirigente daquela entidade de pífia participação na sociedade regional, Milton Bigucci está sim sujeito a avaliações. Como pessoa física, jamais nos metemos em sua vida, como também na vida de quem quer que seja.
Se quiser ver seu nome à salvo de qualquer tipo de avaliação, principalmente de avaliação independente, de avaliação que não está no rol dos que lhe dobram os joelhos por conta da força econômica do empreendimento do qual é presidente e da atividade econômica da qual é oficialmente o principal representante na região, Milton Bigucci tem a alternativa de voltar-se a suas atividades particulares.
A peça acusatória preparada contra este jornalista é um atentado à realidade dos fatos, é o suprassumo da mistificação, é o corolário de ajeitamentos indecentes de frases retiradas do contexto, é a cassação arbitrária de elementos pretéritos que alimentam de lógica as interpretações formuladas. Tudo isso, também, é a consagração da independência deste jornalista.
Pois é contra tudo isso e muito mais que me preparei para honrar a decisão preliminar da Justiça, a quem foi solicitada a retirada de todos os textos deste CapitalSocial que fizessem qualquer menção a Milton Bigucci. Mais: que este jornalista fosse impedido de escrever qualquer coisa, repito, qualquer coisa, que envolva o dirigente.
O que Milton Bigucci quer de fato é matar o jornalista que habita em mim há 45 anos, mas isso não vai conseguir. Que trate de trabalhar, que dignifique a presidência de uma entidade inútil por conta de sua própria responsabilidade. Uma entidade que deveria representar muito mais que um grupinho de amigos, porque habitação integra a cesta básica de cidadania, juntamente com Educação e Saúde e, portanto, não pode ser tratada como propriedade privada em questões que mais atingem o equilíbrio social.
O legado que Milton Bigucci vai deixar para a sociedade regional, levando-se em conta o que produziu até agora em duas décadas de desmandos na Acigabc, é um contraponto decepcionante ao sucesso que sua empresa registra na contabilidade fria dos números e também em algumas anunciadas ações de sustentabilidade ambiental.
Longe de mim sugerir que Milton Bigucci expressa como agente econômico, à frente de uma entidade de classe e à frente de uma empresa familiar, uma versão de Médico e Monstro. Longe de mim tal comparação, mas há um imenso buraco a robustecê-la. O problema todo é caso descubra, como jornalista, que o buraco não é tão grande assim. Ou que talvez o buraco não exista. Vamos ver nos próximos tempos, aproveitando a onda favorável da ação impetrada para me calar.
Milton Bigucci adora a mídia condescendente, a mídia que lhe dá toda a corda, a mídia que o auxilia em muitas tratativas de valorização do mercado imobiliário da Província do Grande ABC muito além dos limites da realidade.
Milton Bigucci à frente da Acigabc consagra eticamente qualquer jornalista minimamente sério.
Total de 1892 matérias | Página 1
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes