Estou de olho num ilusionista que tem procurado transformar em perfeitos idiotas os leitores dos jornais da região. Trata-se de um executivo público agradável, trabalhador, dedicado. Aliás, apenas por isso vou poupá-lo nominalmente neste artigo, sem que ele se veja imune a uma possível ofensiva. Talvez ele tenha de ser lembrado que informações repassadas a jornalistas são comprometimento com a verdade dos fatos. Sem manipulação. Sem politização. Sem partidarismo. Não é preciso esmerar-se tanto em lustrar o ego do prefeito do Município que lhe paga os salários. A função de agente público na área econômica não está no organograma da Secretaria de Comunicação e tampouco sob a influência externa de uma agência de publicidade contratada.
Talvez o maior erro do funcionário público em questão seja acreditar que todo jornalista que atua no Grande ABC está despido de senso crítico. Está certo que a classe vive apinhada de gente sem qualificações para ir muito além da informação rasa, mas ainda há inteligência acompanhada de preparo técnico no mercado.
O pior da situação que se apresenta é que esse agente público conhece razoavelmente o histórico deste jornalista no combate aos prevaricadores de estudos econômicos. Alguns combates no passado, principalmente na última década do século XX, foram antológicos. Gente contratada para prestar serviços à sociedade, porque essa é a missão do funcionalismo público, tentou a todo custo manipular dados e interpretações. Tudo em nome de uma suposta política de valorização regional. Como se o tempo não tratasse de colocar tudo nos respectivos lugares.
Como já disse tantas vezes, fosse religioso estaria me dedicando como poucos à salvação de almas, mas como me enfiei no jornalismo desde pequenininho, estou cá cumprindo o dever de, se necessário, atuar como cão farejador em busca de delinquentes informativos.
Vou dar uma colher de chá ao ilusionista da vez no setor público do Grande ABC. Na próxima oportunidade que acompanhar o desfilar de meias-verdades ou mentiras inteiras não terei dúvidas em nomeá-lo e apontar diretamente os deslizes a que se lança para lustrar o ego do prefeito que o colocou no cargo.
O personagem em questão não é o único solto no mercado persa de manipulações semânticas quando não literais de informações. A diferença é que a maioria dos demais, menos que no passado mas ainda persistentes, visa a objetivos políticos diretos, como agentes interessadíssimos em votos.
A divisão entre petistas e tucanos, partidos que comandam a política regional e nacional com tentáculos dominadores das demais agremiações, coloca a informação jornalística sob a iminência de rasuras e incorreções. Mas isso faz parte do cenário. É mais que natural esse jogo de cena de controle da mídia. Há quem aceita por conveniência ou incompetência. Compete às redações distinguir alhos de bugalhos.
O que é insuportável e irrita quem intermedeia as relações entre agentes públicos e a sociedade, caso dos jornalistas, é um profissional pago pelo contribuinte, meter-se em searas nebulosas, quando não escandalosamente infiéis à realidade.
Esse moço educado de Santo André (acabei por revelar a origem do fantasiador) precisa de um corretivo público ou vai repensar a política adotada de informar a mídia?
Estará ele disposto a continuar uma saga de gelatinosos números e avaliações desconexas ou se dará conta de que está ultrapassando os limites da responsabilidade social?
Seguirá esse moço oferecendo a jornalistas acomodados, preguiçosos diria, um cardápio sob medida e em desacordo com a dieta de comprometimento com os fatos e com as estatísticas, ou vai cair na real de que há limites para tudo?
A propósito do assunto, sugiro entre muitas alternativas disponíveis nesta revista eletrônica o seguinte artigo, de 2002:
IBGE consagra nossos estudos sobre a região
Total de 1894 matérias | Página 1
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?