Imprensa

Denúncia envolvendo FSA reabre
Entrevista Indesejada com OAB

DANIEL LIMA - 18/11/2011

A revista digital CapitalSocial decidiu acrescentar uma pergunta à Entrevista Indesejada já enviada a Fábio Picarelli, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)subseção de Santo André. A mudança se prende a uma denúncia de um dos leitores cadastrados, cuja identidade é mantida em sigilo. CapitalSocial reproduz integralmente o questionamento:


bullet_quadrado Sugiro uma pergunta, na Entrevista Indesejada, ao Sr. Fábio Picarelli, sobre a atuação do representante da OAB no Conselho Fiscal da Fundação Santo André. Tenho informações que o conselheiro indicado pela OAB vem abrindo mão de sua obrigação de fiscalizar as contas da FSA, que vem acumulando déficits, e simplesmente acata as informações da direção da entidade sem submeter as referidas contas a rigorosa análise e nem a auditorias externas, como deveria fazer. Será que o presidente da OAB sabe que sua entidade pode estar sendo conivente com possíveis desvios, malversações ou descontrole financeiro que podem ocorrer? O presidente sabe que o representante da OAB no Conselho Fiscal da Fundação não tem como função constituir um clube de amiguinhos com os dirigentes da entidade de ensino? — perguntou o leitor de CapitalSocial.


CapitalSocial não descarta a possibilidade de o questionamento do leitor ter algum teor oposicionista à direção da OAB de Santo André, entre outros motivos porque há uma disputa intestina pelo controle da entidade. Também não coloca no acostamento alguma preferência político-partidária. Tudo isso é natural, faz parte do jogo democrático. Por isso, nada disso bloqueou a reabertura do ciclo de perguntas, que poderá ganhar novas abordagens na medida em que os leitores assim o desejarem.


Ajeitamentos históricos


Afinal, em se tratando de uma entidade mantida por cofres públicos e que tradicionalmente reservou às instâncias diretivas e consultivas ajeitamentos político-partidários, independentemente de quem ocupou o Paço Municipal, CapitalSocial considera a questão envolvendo a Fundação Santo André pertinente ao posicionamento de Fábio Picarelli.


Mais que isso: fossem transparentes os representantes da comunidade nas instâncias diretivas e consultivas da Fundação Santo André, o básico que apresentariam às respectivas entidades, em audiências públicas, seria um completo relato das ações que supostamente desenvolvem naquela instituição. Mais que isso: tornariam os balanços financeiros da Fundação Santo André informações didáticas nesses sugeridos encontros. Não faltam pontos de interesse da sociedade numa prestação de contas como a da Fundação Santo André.


Ignorar olimpicamente a intervenção do leitor de CapitalSocial poderia ser uma medida prática para quem não pretende estimular zonas de atrito. Entretanto, como CapitalSocial entende que para uma sociedade oxigenar-se e, principalmente no caso da Província do Grande ABC, sair do estado catatônico, a melhor terapia é alavancar contraditórios férteis, aquecidos, consagradores e comprometedores, se necessários.


Fogo na canjica


São situações de conflitos de ideias, de aparentes desarranjos institucionais, que tornam o quadro geral mais esclarecedor e estimulam a mobilização de novas instâncias da sociedade. CapitalSocial defende a tese de que, seja qual for o palco de entreveros verbais e de ideias, de projetos e de proposições, quem ganha é a cidadania. Não há nada pior para a sociedade que o consenso de conveniências, o jogo marcado de salamaleques verbais e o comungar de ideias que se encaixam pelo conservadorismo procrastinador de mudanças.


Crítica da classe política por esmerar-se em conchavos, grande parte da sociedade não age de outra maneira nos relacionamentos a que se entrega.


Um exemplo emblemático de que o silêncio, o compadrio, o medo, o desdém à realidade, e tudo que se assemelhe a isso, não frutifica positivamente e muito menos encaminha a solução de problemas, é a situação em que vive o futebol de Santo André, representado pelo Ramalhão.


Desde que houve o desvio de rota do Esporte Clube Santo André com a criação do Saged, empresa que terceirizou o futebol da cidade, o Ramalhão cai literalmente pelas tabelas e se tornou um fantasma no futebol paulista e brasileiro. Mais que isso: virou um zumbi organizacional, porque não presta contas nem ao Esporte Clube Santo André, do qual emergiu, e muito menos à sociedade. Sem exagero, é uma réplica de botecos de esquina, cujo dono não tem de dar satisfação a ninguém.


Outro exemplo, agora no campo educacional, é a Universidade Federal do Grande ABC, barriga de aluguel que reproduz quase nada da realidade da Província do Grande ABC no currículo voltado à formação de cérebros que poderão servir a diversas áreas de conhecimento. O descaso institucional da Província em relação à UFABC só não é surpreendente porque se encaixou com perfeição no perfil de omissão regional em tantas outras instâncias públicas.


Representações suspeitas


A simples representação em algum organismo interno de instituições públicas da Província do Grande ABC — caso da Fundação Santo André e também da Universidade Federal do Grande ABC — não significa rigorosamente nada em termos de representatividade social. Representação e representatividade são conceitos inteiramente diferentes. É como contar com 11 jogadores e imaginar que se tem um time de verdade, até que o rebaixamento é o destino natural dos resultados.


Por enquanto, em matéria de institucionalidade e representatividade, metades da mesma laranja de cidadania, o que se pratica na Província do Grande ABC não passa de um jogo de aparências, de uma dissimulação eivada de politiquismos e partidarismos, à direita e à esquerda do espectro ideológico. Daí a pertinência de reabrir o invólucro de Entrevista Indesejada para esse novo questionamento. Que outros sejam apresentados. CapitalSocial tem compromisso nuclear com os leitores como depositário fiel da indignação, da desconfiança, do inconformismo e da transparência que estão na gênese do jornalismo.


Leiam também:


Vejas as perguntas enviadas para o presidente da OAB de Santo André


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