Economia

Nova imagem depende de
fatos e também de profissionais

DANIEL LIMA - 05/04/1997

Essa história de mudar a desgastada imagem do Grande ABC merece reflexões. Quem não quer a região cantarolada em prosa e verso como o porto seguro de investimentos econômicos de empresas de todos os tamanhos e atividades também um oásis social? O que às vezes alguns proponentes do ajuste da imagem regional dão a entender é que o Grande ABC é um desses televisores gigantes de última geração que se colocam na sala de visita de uma mansão e ali todos, residentes e convidados, se divertem com programação selecionada, não um aparelho de menos polegadas e tecnologia, disposto numa sala exígua em que o acesso à programação com qualidade e comodidade é restrito a poucos membros da família.


 


Provavelmente a matéria de capa da edição de março de LivreMercado (Grande ABC Tem Futuro?) tenha servido para colocar as coisas nos devidos lugares: a região continua a ser importante endereço geoeconômico, mas sofreu ao longo dos anos o natural processo de fadiga de material que exige recuperação. A imagem perdeu a viscosidade, como um corpo de muitos carnavais, e ganhou vincos de abusos e sofrimentos.


 


A estratégia para recuperar o brilho perdido é assunto para profissionais de marketing abastecidos por fatos concretos que os administradores públicos e a comunidade como um todo já começaram a empreender e que tem na Câmara Regional uma nova instância de relações. O marketing vazio não resistiria ao primeiro vendaval de questionamento e soaria como engodo, tornando a emenda pior do que o soneto.


 


Há de haver criatividade dos administradores públicos na consecução das metas de revitalização do Grande ABC. E há de haver também o mínimo de criticidade dos formadores de opinião, para que os projetos não sejam imediatamente relacionados a obras que acabam por virar lenda.


 


Quantos estardalhaços já foram feitos na região, sem contar as deslavadas tentativas de enganação estatística, que não resultaram em nada? Lembram-se do Pólo Industrial do Battistini ou do shopping que a Prefeitura de São Bernardo construiria em parceria com a livre-iniciativa no Rudge Ramos, só para citar dois casos recentes de puro efeito eleitoral?


 


Sempre que se fala em recuperar a imagem do Grande ABC surge a dúvida sobre a bifurcação do sólido fundamento dos processos que levariam a esse desfecho ou da pura demagogia em forma de maquiagem.


 


Com o que dispõe hoje de problemas nos mais diferentes aspectos, e isso foi retratado na referida reportagem, o Grande ABC não passa de prato feito que precisa ser levado ao forno. Torná-lo novamente um caviar depende demais do fato mais positivo do momento, que é o novo ambiente institucional que se respira, com Câmara Regional, Consórcio Intermunicipal e Fórum da Cidadania atuando em conjunto como suporte de projetos que virem obras, que virem ações, que virem fatos, que virem marketing consolidado.


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