Definitivamente, o vitorioso empresário e patético agente institucional do Grande ABC, Milton Bigucci, presidente da mais que suspeitíssima Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC) não dá sorte quando vai além dos sapatos sujos com que frequenta as obras de sua empresa. Num patético artigozinho sob encomenda publicado no Diário do Grande ABC de hoje, ele procura com as mesmas armas de assemelhados gafanhotos sociais imputar a este jornalista adjetivos que no passado se desmoralizaram por conta de realidades consumadas.
Milton Bigucci é o pior tipo de crítico, porque além de lhe faltarem argumentos, falta-lhe originalidade.
O que escreveu (escreveu é força de expressão, porque Milton Bigucci é primaríssimo nesse quesito) a pedido do Diário do Grande ABC? Vejam só:
“Embora haja os agourentos de plantão e sempre haverá os céticos, também chamados de coveiros, com relação à nossa região, o Grande ABC passa por momento ímpar”. Em seguida, discorre sobre o momento regional, volta ao tempo ao afirmar que “Eu era apenas um trabalhador da Mercedes-Benz”, comenta superficialmente o Índice de Potencial de Consumo publicado pelos jornais sem senso crítico e termina com um novo ataque a este jornalista: “Parabéns Grande ABC e que os agourentos de plantão ou pessimistas que nada de útil acrescem, repensem suas atitudes e ajudem a construir, dar empregos e empreender, ao invés de destruir. Vamos construir com mais amor”.
Possivelmente além deste jornalista o dirigente que não desocupa a moita da Acigabc há duas décadas também estivesse se referindo ao próprio Diário do Grande ABC que, seletivamente, lhe confere o desperdício espaço editorial. Aliás o Diário do Grande ABC é editorialmente hermafrodita, sempre navegando entre o espetáculo e o drama, porque, como se sabe, os fatos costumam soterrar as ilusões.
Por que o Diário também poderia ser alçado à condição de circunstancial alvo de Milton Bigucci? Basta acompanhar a manchete principal de primeira página da mesma edição do textozinho mequetrefe do dirigente que se utiliza do verbete “construir” com tamanha afeição a ponto de sugerir que, fosse dono de uma casa de tolerância, estaria proibido de escrever, porque lhe escassearia vocabulário apropriado aos bons costumes sociais.
Vamos então à manchete principal do Diário, com o respectivo subtítulo, que deve ter causado calafrios a Milton Bigucci:
O mesmo Milton Bigucci que ocupa a página 2 do Diário do Grande ABC com o citado artigozinho, está nas páginas de economia, falando em nome da entidade que ele conduz com a desenvoltura democrática dos soberanos. E o que encontramos, para azar do dirigente?
À página 3 do mesmo caderno de Economia do Diário do Grande ABC, um desdobramento da manchete anterior, da página de capa:
As declarações de Milton Bigucci ao Diário do Grande ABC, em todas as matérias nas quais é alvo de entrevistas, são sempre as mesmas. Triunfalismo puro. O jornal escolhe a dedo os companheiros de jornada de Milton Bigucci. São poucos, é verdade, porque a entidade que dirige é excludente. Só os amigos mais chegados ou quem não conhece os propósitos intestinos da organização se mete a frequentá-la. Os bons empreendedores do setor fogem de Milton Bigucci.
A Acigabc é um ramal de interesses particulares, pessoais. É um cartão de visitas para a abertura de portas principalmente oficiais, do setor público. Como nem sempre Milton Bigucci é levado a sério, muitas portas se já lhe fecharam por conta de abusos. Os sapatos sujos com que frequenta as obras da MBigucci, empresa vitoriosa no setor de construção civil, são os mesmos sapatos sujos que adentra a setores públicos.
Convém ressaltar que no artigo que produziu para o Diário do Grande ABC Milton Bigucci não mencionou nominalmente este jornalista. Diferentemente deste jornalista, que não foge da luta pela transparência, Milton Bigucci faz o joguinho sórdido de sempre. Vai dizer que vesti a carapuça. Vou responder que faço questão de vestir esse tipo de carapuça porque sei transformá-la em blindagem a manipuladores de informações. Foi assim no passado, é assim no presente e será assim no futuro. Simples como dois e dois são quatro. E sabem por quê? Porque não faço do jornalismo ponte a qualquer outro ambiente.
Por fim, vou poupar Milton Bigucci da reprodução de uma série de manchetes dos jornais de hoje, todos feitos por jornalistas agourentos e céticos, conforme definição intelectualmente invejável de quem entende de tijolos, de concreto, de piso.
Exponho, exemplarmente, apenas uma manchete, do terrorista, segundo a concepção bigucciana, Valor Econômico, cujo conteúdo tem tudo a ver com o futuro do Grande ABC. Um assunto, aliás, que já cansei de citar como uma das fontes de preocupação que não passa, ainda, pelas instituições da região. “Chineses entram no reservado mercado dos carros mais baratos” — Preço e opcionais conquistam o brasileiro e ameaçam as montadoras tradicionais.
Montadoras tradicionais, no caso, estão todas no Grande ABC. Do mesmo Grande ABC que vive sobrerrodas e sobrerrodas se acomodou. Por conta de gente institucionalmente inútil como Milton Bigucci.
Por fim, e para complementar de vez, se não fizesse mais nada na vida este jornalista, contraponto de inutilidade ao faz-tudo Milton Bigucci, o simples fato de estar atento a gente como ele, Milton Bigucci, já me conferiria algo como um selo de utilidade pública.
Aliás, talvez seja por conta disso, embora seja obrigação precípua de jornalista atuar como jornalista, tenham-me conferido vários títulos na região, como o de cidadania de Santo André, a Medalha João Ramalho em São Bernardo e de Mérito do Fórum da Cidadania. No meu caso específico, “agourento de plantão”, acho que sobrevive uma dúvida: estive, estou e sempre estarei louco ou eles, os homenageadores, loucos estavam.
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