O G7, variável denominativa de Grande ABC, perdeu um terço (exatamente 32,63%) de participação no potencial de consumo brasileiro nos últimos 16 anos (entre 1995 e 2011), conforme estudos do IPC Marketing Editora, banco de dados sobre o qual me lancei para tentar dissecar mais essa faceta da economia regional. Não é pouca coisa, convenhamos. Nem tampouco, em nome de apartidarismo mambembe, de ideologia rastaquera, deve ser ignorado que a fonte principal, quase exclusiva, foram os terríveis anos-Fernando Henrique Cardoso, por tudo que representou de estragos na economia regional, então superprotegida em sua principal fonte de riqueza, o setor automotivo.
A notícia amenizadora em meio ao caos estatístico que se reflete na queda do padrão de qualidade de vida do Grande ABC no período é que internamente, nas relações locais, os municípios praticamente se mantiveram intocáveis proporcionalmente na distribuição de potencial de consumo. Ou seja: o maremoto atingiu a todos quase que de forma uniforme.
Quase toda a perda de participação nacional do potencial de consumo do Grande ABC foi esculpida pelo terrorismo da política econômica de Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002. Do total de 32,63% da queda do potencial de consumo entre 1995 e 2011, nada menos que 27,81% se deram nos oito anos de FHC.
Nos anos subsequentes do presidente Lula da Silva (e o primeiro de Dilma Rousseff) e sua política amplamente favorável aos indicadores de consumo, em detrimento inclusive de investimentos produtivos à altura do comprometimento histórico da infraestrutura do País, o Grande ABC só perdeu 6,68% de participação no PIB de consumo do País.
Ou seja: com Fernando Henrique Cardoso, a média anual de afrouxamento do potencial de consumo alcançou a 3,476%, enquanto que com Lula da Silva/Dilma chega-se a apenas 0,742%. Veja na sequência os números individuais dos municípios do Grande ABC em três momentos diferentes (1995, 2002 e 2011) bem como a perda relativa:
Explicitados esses números do comportamento individual dos municípios do Grande ABC em 16 anos de dados do IPC Marketing, passamos à participação relativa regional, quando se notarão pequenas variáveis:
O Potencial de Consumo do Grande ABC nesse período esteve muito aquém da velocidade média do País como um todo. Crescer abaixo do Brasil não é um bom negócio. Há endereços municipais e regionais que suplantam largamente os números gerais. A média brasileira é comprometida por desigualdades sociais e econômicas. Nos tempos de mercado fechado e de repasse automático de improdutividades do setor automotivo ao restante do País, o Grande ABC nadava de braçadas com avanços muito acima da média nacional.
Aí veio a abertura econômica destrambelhada que nos retirou da zona de conforto e nos meteu no inferno. Caímos vertiginosamente. Qualquer indicador seriamente observado e analisado detecta a quebra do tecido socioeconômico do Grande ABC.
Potencial de Consumo é um dos medidores que utilizamos ao longo dos anos, sempre em parceria com o especialista Marcos Pazzini, ex-Target. O paralelismo entre Potencial de Consumo e PIB (Produto Interno Bruto) não é obra de alquimia matemática, aritmética, econométrica e o escambau. Causas e efeitos se entrecruzam.
Vejam os números do Potencial de Consumo do Grande ABC, do Estado de São Paulo e do Brasil em 1995, 2002 e 2011, e as variações nominais, sem contar os efeitos inflacionários, ao final de cada período, de Fernando Henrique Cardoso, de Lula da Silva e dos 16 anos pesquisados:
O potencial de consumo do Grande ABC perde, portanto, para a média do Estado de São Paulo e a média brasileira nos três períodos, mas muito mais acentuadamente durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso: foram apenas 45,04% de avanço nominal, contra 75,30% dos paulistas e 100% da média nacional.
Resultado da ópera: o potencial de consumo do Grande ABC apresentou velocidade média 29,66% abaixo da registrada pelos paulistas e 69,69% abaixo da brasileira. Já os paulistas perderam a disputa para a média brasileira ao apresentar evolução nominal 30,88% inferior.
É por essas e outras que, também quando os espertinhos de sempre confrontam dados estatísticos do Grande ABC relativamente ao Estado de São Paulo, não podem ser levados a sério se pretendem chegar a resultados minimizadores dos estragos.
A contextualização nacional é uma boa maneira de se chegar a avaliações mais adequadas à realidade. Mas o ideal mesmo — e temos feito assim ao longo dos tempos — são os confrontos com os novos e os antigos polos de desenvolvimento econômico do Estado e do País. Aí o tamanho do prejuízo fica mais inquietante.
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