Economia

Empreendimento
quer reverter fluxo

ANDRE MARCEL DE LIMA - 05/05/1997

O Shopping ABC, que já era um dos maiores da região, se transformou em gigante de calibre nacional após ampliação concluída no fim de abril. A área construída pulou de 61mil para 122 mil metros quadrados, um terço maior que o Shopping Iguatemi e quase do tamanho do Morumbi Shopping. Mais 700 vagas cobertas de estacionamento foram criadas, perfazendo 1.800, e não se economizou em atrativos que consumiram investimentos milionários, como um playland com 16 pistas de boliche totalmente informatizadas e cinco salas de cinema com capacidade para 300 espectadores cada, sob direção da Playarte. C&A e Lojas Riachuelo passaram a compartilhar com o Mappin a categoria de âncoras do empreendimento e dezenas de grifes aportaram de São Paulo e Rio de Janeiro para conferir sobrepeso especial ao empreendimento, que reserva espaço também para prodígios regionais como lojas A Esportiva e Chopperia Internacional. Os empregos diretos subiram de 2.200 para 4 mil.


 


Os sócios do Shopping ABC, grupo formado pela Previ -- Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil, Centrus -- Fundação Banco Central de Previdência Privada, Funcesp - Fundação Cesp, Participações ABC e Mappin, investiram R$ 50 milhões para fazer o shopping dobrar de tamanho. Aliás, a mesma quantia desembolsada para transformar o antigo Shopping Mappin ABC no empreendimento atual. Calcula-se que o investimento dos lojistas ultrapasse R$ 30 milhões.


 


Impossível imaginar tamanha dimensão e aporte de capital sem que se formule questão lógica. Haverá fluxo de consumidores suficiente para justificar tamanho gigantismo numa região enfraquecida pela evasão industrial e pelo consequente crescimento do número de desempregados ou subempregados? O superintendente Luiz Fernando Gonçalves de Castro e o gerente de marketing Fernando Alvarez Rodrigues não têm dúvidas de que sim.


 


O argumento remonta ao contra-ataque à tendência captada em pesquisas de que boa parte dos consumidores que moram no Grande ABC, principalmente os de maior renda, costuma se dirigir aos shoppings da Capital em vez de fazer compras na região. Eles apostam que o Shopping ABC vai estancar a evasão e também inverter a mão do consumo ao atrair público paulistano em peso, principalmente moradores de bairros limítrofes como Ipiranga, São Matheus e Jabaquara.


 


"Quem mora no meio do caminho entre a Capital e o Grande ABC preferia se dirigir a São Paulo na hora de comprar, porque lá se concentravam os grandes centros de compras. Agora que o Shopping ABC entrou para o time dos gigantes, abriu-se alternativa dentro do raio demográfico desse público. É natural, portanto, que diversifiquem opções de compra visitando também a região" - observa Luiz Fernando.


 


O horizonte do Shopping ABC é promissor, na visão dos executivos, principalmente porque estabeleceu nova dimensão de grandeza que vai seduzir quem mora no Grande ABC e até estancar a saída de capital para outros centros de compras.


 


Luiz Fernando e Fernando Rodrigues explicam que o Shopping ABC tornou-se reconhecido pela Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) como Shopping Regional, categoria na qual figuram estrelas de primeira grandeza do mundo do glamour e das compras como Shopping Eldorado, Iguatemi, Center Norte e Morumbi. O selo de Shopping Regional é concedido apenas aos centros de compras que preenchem listagem rigorosa de requisitos que compreende desde a quantidade e representatividade das lojas até qualidade das instalações.


 


O mix justifica boa parte da nova nomenclatura. Dentre as 260 lojas, não falta variedade nem em segmentos específicos. São 19 lojas de calçados, 11 de bolsas e acessórios, seis de brinquedos, seis de eletroeletrônicos, oito perfumarias, oito óticas e oito lojas especializadas em jóias e relógios, além de prestadores de serviços como lotérica e agência de turismo. Nas mais de 100 opções de vestuário, geralmente o carro-chefe dos shoppings centers, o Shopping ABC tem mérito de configurar celeiro de grifes como Benetton, Lacoste, Lee, Zoomp, Fórum e Philip Martin.


 


A praça de alimentação, espacialmente sacrificada na primeira fase, desponta com 32 lojas, dentre as quais McDonalds, Viena Express, Pizza Hut, La Basque, Sugar Sugar, Fry Chicken, São Paulo I e Vivenda do Camarão, além de 300 mesas para 1.200 lugares.


 


A veia promocional, sempre desenvolvida pelo Shopping ABC para trazer consumidores, está sendo intensificada através da maior promoção já realizada na região. De 2 a 10 de maio, estará sendo sorteado um carro zero quilômetro por dia entre os que trocarem R$ 40,00 em compras por cupons. Serão oito modelos Ka e um Corolla, da Toyota. A grandeza da promoção simboliza o nível que o Shopping ABC espera atingir. A expectativa é de que o fluxo mensal de visitantes salte de 800 mil para 1,8 milhão.


Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000