Economia

Província segue perdendo força
para G5 mesmo com montadoras

DANIEL LIMA - 19/12/2011

Pretendo explorar ao máximo os novos números do PIB (Produto Interno Bruto) da Província do Grande ABC, correlacionando-os a diferentes universos, inclusive dos municípios que integram essa que já foi uma região muito mais poderosa e que, mesmo com problemas aparentemente a caminho da perpetuação, não deixa de ser importante para o País. Somos o G7, que perde cada vez mais terreno para o G5, formado por Osasco, Guarulhos e as capitais de três regiões metropolitanas mais fortes do Estado: Sorocaba, Campinas e São José dos Campos.

 

Vou limitar os resultados de nova investigação aos 10 anos que separam 2000 e 2009, tendo 1999 com base de cálculo. Ou seja: os números são de 1999 e de 2009. Nesse período, perdemos por ano, em média, 1,696% de participação relativa no PIB paulista que, por sua vez (e esse assunto é para outro artigo) perde força relativa para o restante do Brasil. Desta forma, a Província perde duas vezes.

 

Trocando em miúdos: a Província do Grande ABC é cada vez menos relevante na geração de riqueza, simplificação do significado de Produto Interno Bruto. E olhem que observamos os novos dados com base num período de relativa recuperação da econômica regional. Antes de 1999, no período que começa em 1990 e vai até 1998, conhecemos terríveis resultados por conta da desindustrialização.

 

Em 1999 a Província do Grande ABC participava com 7,90% do PIB paulista. Já nos números divulgados na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) contávamos com apenas 6,56%. Uma queda de 16,96% no período, ou de 1,690% ao ano.

 

Vamos aos números do PIB de cada Município da Província do Grande ABC, sempre em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período.

 

 Santo André contava com R$ 5.954,25 bilhões de PIB em 1999 e chegou a R$ 14.709,60 em 2009. Um avanço nominal de 147,04%.

 

 São Bernardo contava com R$ 10.463,85 bilhões de PIB em 1999 e chegou a R$ 28.935,77 em 2009. Um avanço nominal de 176,53%.

 

 São Caetano contava com R$ 3.014,67 de PIB em 1999 e chegou a R$ 8.920,20 em 2009. Um avanço nominal de 195,90%.

 

 Diadema contava com R$ 3.824,97 de PIB em 1999 e chegou a R$ 9.969,82 em 2009. Um avanço nominal de 160,65%.

 

 Mauá contava com R$ 2.838,24 de PIB em 1999 e chegou a R$ 6.574,85 em 2009. Um avanço nominal de 131,65%.

 

 Ribeirão Pires contava com R$ 646,02 milhões de PIB em 1999 e chegou a R$ 1.631,34 bilhão em 2009. Um avanço nominal de 152,52%.

 

 Rio Grande da Serra contava com R$ 142,25 milhões em 1999 e chegou a R$ 421,63 milhões em 2009. Um avanço de 196,40%.

 

Agora os números dos integrantes do G5:

 

 Osasco contava com PIB de R$ 5.282,86 bilhões em 1999 e chegou a R$ 31.616,45 bilhões em 2009. Avanço de 498,47%.

 

 Guarulhos contava com PIB de R$ 10.763,26 bilhões em 1999 e chegou a R$ 32.473,83 bilhões em 2009. Avanço de 201,71%.

 

 Sorocaba contava com PIB de R$ 4.177,43 bilhões em 1999 e chegou a R$ 14.182,60 bilhões em 2009. Avanço de 239,50%.

 

 São José dos Campos contava com PIB de R$ 9.740,19 bilhões em 1999 e chegou a R$ 22.018,04 bilhões em 2009. Avanço de 126,05%.

 

 Campinas contava com PIB de R$ 9.872,44 bilhões em 1999 e chegou a R$ 31.654,72 bilhões em 2009. Avanço de 220,63.

 

Quando se comparam os números de participação da Província do Grande ABC e do G5 em 1999 e em 2009 no PIB paulista, fica evidenciado que a velocidade de geração de riqueza é mais morosa na região. Em 1999, o G5 mantinha vantagem de 32,51% (R$ 39.836,18 bilhões ante R$ 26.884,25 bilhões da Província). Já na ponta de 2009, enquanto a Província crescia no período 164,70%, chegando a R$ 71.163,21 bilhões, o G5, que cresceu 231,22%%, chegava a R$ 131.945,64 bilhões. Tudo sem considerar a inflação.

 

Arredondando, o G5 imprimiu velocidade 30% superior à da Província do Grande ABC. E olhem que nos últimos anos contamos com a recuperação do setor automotivo, carro-chefe da economia regional. Não fosse o milagre da multiplicação de financiamentos de veículos, a Província estaria em maus lençóis. Nesse caso, agradecimentos devem ser dirigidos ao então presidente Lula da Silva.

 

Convém registrar que a comparação entre a Província do Grande ABC e o G5 não é de toda adequada. Não que Guarulhos e Osasco, coladas à Capital, e as três cidades-metrópoles do Interior infrinjam qualquer modelo comparativo que represente lastro a conclusões. Nada disso. Especialmente Sorocaba, Campinas e São José dos Campos são mais do que parecem, caso se incluam municípios que integram suas respectivas regiões. Afinal, há muito esses três municípios passaram por algo semelhante ao que se deu no setor industrial da Capital do Estado: o entorno recepcionou cada vez mais investimentos produtivos. A Província do Grande ABC foi beneficiada por esse fenômeno durante várias décadas. Até que a chamada deseconomia de escala encontrou saída na interiorização mais próxima, a chamada Grande São Paulo Expandida de Sorocaba, Campinas e São José dos Campos.

 

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