A Companhia Telefônica da Borda do Campo não está sendo preparada apenas para a privatização em massa do Sistema Telebrás. A empresa, que completou 43 anos de atividades em março último e está intestinamente ligada à industrialização da região, vive fase de azeitamento para, também, enfrentar regime de concorrência, sublinha o engenheiro eletrônico Romeu Grandinetti Filho, há pouco mais de dois meses à frente da organização. O fim do monopólio da CTBC no Grande ABC e na Região do Alto Tietê é questão de tempo, lembra o presidente. "O regime estabelecido pela Lei Geral de Telecomunicações é de competição" -- afirma.
Extremamente cuidadoso, Romeu Grandinetti Filho nem sutilmente faz qualquer tipo de comparação de seu trabalho com o do antecessor, Ademir Spadafora. Prefere ressaltar entusiasmo com o Grande ABC. "Este é um mercado dos mais especiais para o setor de telecomunicações e como tal certamente comportará uma outra empresa que concorrerá com a CTBC privatizada" -- afirma.
O novo presidente tem procurado tornar virtude a histórica restrição de enquadrar-se como espécie de forasteiro na região. Embora more na Capital e não tenha vivência regional, Grandinetti faz do vai-vem diário entre casa e trabalho motivação especial para conhecer os meandros dos Municípios. E embora não se atribua algumas decisões estratégicas da Companhia, é certo que está à frente de algumas iniciativas visíveis.
Caso, por exemplo, de antecipar-se aos empreendimentos comerciais e imobiliários mais impactantes e garantir o sistema de telefonia, com instalação de centrais in company sob medida.
O Hipermercado Extra,
Romeu Grandinetti tem-se dedicado à tarefa de decodificar o Grande ABC com avidez de garimpeiro. Contou 17 grandes investimentos imobiliários em leitura de jornais e rastreamentos pessoais. Entende que esse é um sintoma de que há efervescência econômica suficiente para observar a economia regional com olhos aguçados.
Por isso, dirige a CTBC seguindo à risca a orientação do Ministério das Comunicações. A ordem é torná-la uma empresa cada vez mais enxuta, ágil e rentável. Até a privatização, provavelmente nos próximos 15 meses, a expectativa é elevar para 830 mil o total de terminais convencionais de telefone, contra os atuais 510 mil.
Grandinetti não se conforma com o desequilíbrio de densidade do serviço na área da Companhia. Enquanto São Caetano atinge 32 telefones para cada 100 habitantes, o que a coloca em posição intermediária no ranking internacional, Itaquaquecetuba, no Alto Tietê, mal alcança o africano índice de 3,2%. "Telecomunicações representam dinamismo econômico e social, por isso temos de melhorar nossos índices" -- lembra o presidente da CTBC, que espera elevar para 25% a densidade de terminais até a virada do século.
Nem mesmo o corte orçamentário deste ano que atingiu todo o Sistema Telebrás, e que representou rebaixamento de R$ 200 milhões para R$ 178 milhões, significa interrupção do processo de ajustes técnicos, operacionais e de expansão da planta. Grandinetti afirma que optou apenas pelo parcial adiamento de substituição de plantas eletromecânicas por digitais sem que isso representasse comprometimento da qualidade dos serviços.
A explosão da telefonia celular da Banda A, gerida pela Telesp, não é ameaça ao desempenho da CTBC privatizada. Segundo Grandinetti, o uso do celular estimula o tráfego do telefone convencional em vez de inibi-lo. O executivo preferiu não comentar o fato de a Telesp, acionista majoritária da CTBC, administrar a telefonia celular, cuja margem de rentabilidade é muito maior. Disse apenas que em meados do ano que vem o acordo operacional estará encerrado.
Resta saber se será automaticamente renovado ou se fará parte do acervo de privatização da CTBC, tornando o valor de privatização potencialmente maior. O Grande ABC tem 60 mil celulares e pode multiplicar por quatro esse universo com o plano de expansão.
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