Imprensa

Reformismo solapado (21)

DANIEL LIMA - 07/03/2007

De novo partimos para a pregação de regionalidade e de independência da pauta na edição de nove de novembro de 2004. Considerávamos importante a conceituação persistente do regime editorial que estávamos aplicando no Diário do Grande ABC. As questões pontuais do cotidiano da Redação eram tratadas em reunião específica, de final de tarde. Boa leitura.


Grande ABC, quarta-feira, 09 de novembro de 2004


Por um jornalismo que não pode
se deixar dominar pela demanda


Não consigo entender produção jornalística senão como rompimento sistemático de barreiras de qualidade. Por isso, insisto tanto no assunto. Temos de superar as expectativas. Temos de encarar os desafios.


Contabilizamos nestes pouco mais de 100 dias de trabalho muitos pontos positivos. Mas precisamos acelerar o ritmo onde for preciso. Como tenho sistematicamente afirmado, nosso jornal não pode ser objeto de controle externo de qualquer que seja a fonte de informação. Essa história de dizer que jornal é feito para atender aos leitores tem limites conceituais, éticos e operacionais. Há leitores bons e leitores oportunistas. Temos de saber distingui-los. E a melhor maneira, até prova em contrário, é saber o quanto o bom leitor acrescenta ao nosso Planejamento Estratégico Editorial. E o quanto o mau leitor é nocivo.


Digo e repito à exaustão, porque esse mantra precisa penetrar na alma de cada profissional de comunicação: não podemos, não devemos e não seremos vítimas de demandas externas sobre as quais há provas fundadas de malandragem semântica ou objetivamente clara. E não podemos ter medo de cara feia. Por isso, temos de nos preparar cada vez mais e melhor para o enfrentamento da pauta diária que devemos elaborar e executar, e não deixar que nos pautem e, com isso, tomem conta de nossas páginas.


Tenho afirmado e reafirmado que não posso abdicar da posição de observar a redação sob o ângulo de um piloto que reconhece o terreno. De vez em quando salto do pára-quedas, me enfio nas veredas específicas de cada editoria e da Secretaria para avaliar detalhes das operações.


Associar o vôo panorâmico e o vôo rasante é excelente maneira de manter a sensibilidade de olhar a floresta sem se descuidar de cada árvore. A imagem pode até ser gasta, mas talvez seja a mais representativa para a compreensão dos princípios que me movem.


E vamos enfatizar também à exaustão que nosso território é o Grande ABC. Que devemos tratá-lo como nosso campo de batalha. Que devemos ter o domínio completo das informações, dos personagens, dos problemas. Ninguém pode nos superar. Pelo contrário: devemos impor o agregado de conhecimentos para tornar o jornal melhor, mais respeitado. Olhemos nossa atividade como desafio globalizado, como persistente busca do cosmopolitismo mas, por força das características de nossa realidade regional, tratemos de nos locomover pelos 840 quilômetros quadrados de área e 2,5 milhões de habitantes. Nenhuma outra publicação é tão expressivamente líder em situação geoeconômica como a nossa. Pois tratemos de nos aperfeiçoar.


Temos de acabar definitivamente com a farra do boi do controle externo de nossa pauta. A demanda externa deve nos interessar sim, repito, mas quando não colide com as diretrizes de nossa publicação. E o supra-sumo dessas diretrizes é um jornalismo independente, comprometido com a regionalidade, preocupadíssimo com a exclusão social, inquieto com o esvaziamento econômico, irritado com a letargia de autoridades públicas, privadas e sociais, entre tantos outros pontos que listamos e dissecamos no Planejamento Estratégico Editorial.


CONTEXTUALIZANDO
Provavelmente foi o “recall” desta edição de Capital Digital Online a gênese do livro “Na Cova dos Leões”, que lancei no ano passado e que reúne parte das mais de 150 colunas “Contexto” que assinei no Diário do Grande ABC no período em que atuei como diretor de Redação. Aliás, acumulei a função com a de diretor de Redação da revista LivreMercado, e não deixei de atuar também como repórter. É impossível ser jornalista sem praticar jornalismo na essência — ou seja, escrever.


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