Imprensa

Reformismo solapado (37)

DANIEL LIMA - 08/03/2007

O material que se segue é o texto que preparei em 15 de março de 2005 para o Capital Digital Online, a newsletter de contato virtual entre o diretor de Redação do Diário do Grande ABC e os colaboradores daquela empresa, não apenas jornalistas. Reparem no “contextualizando” o que se passava nos bastidores.


Grande ABC, terça-feira, 15 de março de 2005


A edição de hoje e a
edição de um ano atrás


A partir de hoje teremos dois referenciais a serem diagnosticados diariamente nas reuniões de pauta, que começam sempre às 17h30 e se estendem, quando necessário, até as 19h. Além da avaliação crítica da edição do dia, com apontamentos de erros e acertos que nos levam a preparar o terreno de melhoria da edição do dia seguinte, faremos confronto entre essa mesma edição e a correspondente do ano anterior. Ou seja: confrontaremos a edição de hoje, terça-feira, dia 15 de março, com a edição de terça-feira, 16 de março, do ano passado.


Por que resolvemos adotar mais essa iniciativa? Não se trata de simplesmente comparar o que considero ruim, o jornal de um ano atrás, com o que avalio como em constante evolução, o jornal de hoje. O confronto que adotaremos vai mostrar não só o quanto a publicação está evoluindo e, também, o quanto ainda tem a perseguir em matéria de qualificação para chegar ao extremo do primeiro estágio do Planejamento Estratégico Editorial em situação muito mais confortável.


Os conselheiros editoriais que nos têm visitado diariamente, em ponte preciosíssima de interlocução com a comunidade do Grande ABC, nos fazem amplos elogios. A mudança editorial do jornal — afirmam eles — é explicitamente clara. Entretanto, cá entre nós, ainda está longe de tudo que almejamos. Temos muitos obstáculos a superar. E nada melhor do que estabelecer disputas saudáveis como essa que estamos expondo para tornar o jornal de amanhã constante desafio de vitória sobre o jornal de ontem e de um ano atrás.


Ao contrário do que alguns devem imaginar, o que pretendo com tudo isso é muito mais que estabelecer divisor de águas entre o passado e o presente. É, principalmente, fincar estacas de comprometimento regional da nossa publicação com o futuro.


O primeiro caderno de um ano atrás tinha oito páginas convencionais, contra 10 do de hoje. A manchete principal foi regional. Como agora. A soma de textos do primeiro caderno totalizava uma página de matérias locais em março do ano passado, contra quatro da edição de hoje. Explico o significado conceitual de “páginas convencionais”: são espaços que não levam em conta centimetragens de peças publicitárias. Muitas vezes, 10 páginas não passam, de fato, de seis páginas, quando se somam apenas os espaços editoriais. Outras vezes, oito páginas não passam de quatro páginas.


O caderno Setecidades de um ano atrás contava com seis páginas convencionais. O de hoje conta também com seis páginas.


O caderno de Esportes contava com quatro páginas há um ano. A edição de hoje também conta com quatro páginas.


A Economia e a Internacional de um ano atrás contavam com seis páginas, das quais duas produzidas pela Redação. A Economia e a Internacional de hoje contam com seis páginas, das quais três produzidas pela Redação. A diferença poderia ser maior, porque a página de Informática saiu na edição do ano passado e não foi publicada hoje.


Uma explicação se faz necessária, quando se afirma “páginas produzidas pela Redação”. Isso significa que os demais materiais vieram de agências. Entretanto, as agências enviam noticiário em estado muitas vezes bruto. A Redação tem de se empenhar para tornar o material aproveitável jornalisticamente.


Completando, Cultura & Lazer saiu com seis páginas nas duas edições comparativas, com volume superior de produção local na edição de hoje.


Conclusão preliminar, sem entrar no principal eixo do Planejamento Estratégico Editorial: estamos produzindo muito mais material regional. Não tenho dúvidas de que, em situação de normalidade, o confronto será frequentemente favorável ao que temos hoje. E assim tem de ser. Esperamos estar vencendo essa disputa também no ano que vem, quando compararmos com este ano. Mas insisto: não é apenas o volume que deve balizar nosso dia-a-dia. Queremos mais qualidade. Mesmo que com menos volume comparativo. E disso trataremos em reunião específica, para consubstanciar a evolução da equipe. É evoluir ou evoluir.


CONTEXTUALIZANDO
Tive de abandonar a proposta de embates entre o passado e o presente porque, estranhamente, faltavam edições correspondentes a um ano atrás nos arquivos da empresa. Faltava não era exatamente a verdade. Uma ordem do sexto andar recomendava que se abortasse a iniciativa — como me informou um funcionário que pediu anonimato — porque não interessava à companhia, internamente, que a Redação se fortalecesse.


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Reformismo solapado (36)


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