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de Santo André. Para que fogos?

DANIEL LIMA - 17/01/2012

Enquanto os fogueteiros da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de Santo André alardeiam estatísticas que estão longe da prioridade operacional do Município, temos mais números a retratar um quadro de desalento porque resumem os últimos 10 anos, período menos problemático das últimas três décadas para o Município que mais se empobreceu no País.


 


Numa lista que envolve o G7 (os sete municípios da Província do Grande ABC) e o G5 (Osasco, Guarulhos, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba), Santo André é lanterninha absoluta no ranking de PIB industrial dentro do PIB (Produto Interno Bruto), conceito mais amplo da expressão, que é a soma da riqueza de produtos e serviços num determinado período.


 


Convém lembrar que a lista dos municípios além-Província não foi previamente escolhida para condenar Santo André. Nada disso. Manipular estatísticas não é um dos meus defeitos porque sempre há uma conta a prestar lá na frente. Sei disso porque todos aqueles que usaram esse artifício na Província do Grande ABC caíram do cavalo. E muitos deles continuam a cavar a própria cova.


 


O G5 é um multiterritório, espécie caboclo de BRICs, que adotamos como contraponto à Província do Grande ABC. Afinal, representa dois municípios da Grande São Paulo que mais se destacam no Estado, além da Capital, evidentemente, enquanto Sorocaba, São José dos Campos e Campinas são capitais das três regiões metropolitanas para as quais debandou grande parte das indústrias da Grande São Paulo. Uma fuga planejada, sob os auspícios de incômodos como a chamada deseconomia de escala ditada pela precariedade cada vez maior de fatores de contribuem para a produtividade. A tal chamada qualidade de vida.


 


Desleixo completo


 


O desleixo da Administração Aidan Ravin com instâncias econômicas de Santo André está escancarado no rodízio de titulares da Pasta e, mais que isso, na escassez absoluta de políticas desenvolvimentistas. Quem mais pensou e agiu em Santo André para combater essa síndrome que se instalou desde que as indústrias se foram foi Celso Daniel. E sofreu um bocado ante a apatia da sociedade.


 


Talvez no simplismo que caracteriza a gestão, Aidan Ravin venha a afirmar que todos os esforços (e só Deus sabe quantos) estão sendo despendidos, por exemplo, no dinamismo do mercado imobiliário.


 


Ou qualquer outra bobagem assemelhada para tapar o buraco da inação.


 


Se mercado imobiliário ganhasse sustentabilidade como sinônimo de desenvolvimento econômico, principalmente porque está descasado de crescimento consistente do PIB, praticamente todos os municípios brasileiros poderiam desfraldá-lo. O casamento de dinheiro farto de financiamento combinado com renda do trabalho em elevação e crônico déficit habitacional transforma qualquer empreendedor da área em potencial vencedor. Basta não fazer bobagens. Se engrenarem lobbismos deslavados no Poder Público, como por aqui, é covardia.


 


Um grande esforço da Prefeitura em busca de soluções para os problemas econômicos de Santo André já seria pouco, porque a cidade joga contra o vento, a torcida é hostil, o árbitro está na gaveta e o adversário é muito melhor. 


 


Tudo joga contra


 


A cidade joga contra o vento porque não tem apetrechos, principalmente logísticos, para reverter a ordem das coisas, de fuga de empreendimentos industriais que se iniciou já faz bastante tempo, desde os primeiros acordes da insurgência metalúrgica.


 


A torcida é hostil porque os concorrentes localizados na chamada São Paulo Expandida oferecem caminhões de vantagens locacionais, tributárias e de qualidade de vida.


 


O árbitro está na gaveta na forma de uma quase que impossibilidade total de competir com os melhores endereços na área industrial, porque qualquer iniciativa de guerra fiscal, como se pretendeu com o primeiro secretário da leva escolhida por Aidan Ravin, vai constatar que o buraco é mais em baixo. Guerra fiscal industrial em área já consolidada é impossível. Não se beneficia quem chega sem deprimir os negócios de concorrente já instalado. No Interior é diferente, o jogo vale para todos, indistintamente, porque todos se locupletaram da mesma matriz de vantagens a partir do início, não no meio ou no final do jogo.


 


O adversário é indubitavelmente melhor que Santo André não só por tudo que já se colocou genericamente neste texto mas também porque a maioria tem vocação e vontade política para competir para valer por novos investimentos industriais. Santo André já entregou a rapadura há muito tempo. Espera solenemente pela atenção de empreendedores quando se sabe que a disputa por investimentos é renhida e nada é mais aconselhável que o marketing ativo. Mas como promover marketing ativo se nem ao menos um planejamento econômico é possível retirar de qualquer documento disponível na Administração Aidan Ravin?


 


Deixo para um próximo texto o detalhamento numérico e analítico da posição de rabeirinha de Santo André no ranking que envolve o G7 e o G5. Já que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André conta com um departamento especializado em estatísticas, esmerando-se em teorias que aprofundam a arte de cavoucar informações que possam embalar retoricamente a economia de Santo André, vou dar uma colher de chá a seus integrantes: que procurem descobrir os números que colocam a cidade em maus lençóis quando se confrontam os dados do Valor Adicionado da Indústria de Transformação e os números dos demais valores adicionados, condensados nas rubricas de Agropecuária, Administração Pública e Serviços.


 


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