Com cinco representantes no G-20 Paulista, Grupo dos 20 Municípios economicamente mais importantes do Estado (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não fazem parte da lista) a Província do Grande ABC terminou a primeira década deste novo século acumulando perdas. Um panorama apenas um pouco diferente das décadas anteriores, dos anos 1980 e dos anos 1990. O PIB (Produto Interno Bruto) da Província cresceu em velocidade média 19,52% inferior à média dos demais municípios que compõem o G-20. São Bernardo, na esteira da multiplicação dos pães da indústria automotiva, conseguiu manter o quarto lugar. Diadema sustentou o 12º posto. Santo André, São Caetano e Mauá perderam posições, apesar de crescerem acima da inflação.
A construção de vários rankings a partir da concentração de estudos sobre os 20 municípios mais importantes do Estado, exceto a Capital, é a nova empreitada da revista digital CapitalSocial. O ranking do PIB que segue logo abaixo é apenas o início de uma nova etapa que abrangerá mais de uma dezena de indicadores econômicos, financeiros, sociais e criminais. Será uma repetição em menor escala mas com maior abrangência do que realizamos no começo dos anos 2000 à frente do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), que chegou a comparar e a analisar mais de sete dezenas de municípios paulistas.
Resolvemos estreitar o universo de municípios na recomposição de indicadores considerados fundamentais para se entender o andar da carruagem do desenvolvimento econômico e social porque o foco torna-se mais perceptível. O G-20 representa 30% do PIB paulista. PIB é a soma de todos os produtos e serviços produzidos. Exatamente por não ser um marcador definitivo à análise do estado de cada município, como é o caso dos integrantes do G-20, decidimos incorporar gradualmente novos indicadores. A cidade de São Paulo, que conta com um quarto do PIB estadual, está fora dos estudos.
Guarda-chuva numérico
O PIB dos municípios é um macro-organismo de dados que tem a forma de imenso guarda-chuva de indicadores que permitirão desdobramentos relevantes para a compreensão da realidade econômica do G-20. Os dados do PIB são oficiais, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Abrange os 10 primeiros anos do novo século, de
Embora a Província do Grande ABC tenha conseguido na primeira década dos anos 2000 registrar melhora no comportamento do PIB, que cresceu nominalmente acima da inflação de 127,08% do período, medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Consumidor), da Fundação Getúlio Vargas, o processo de redução de importância no G-20 (e também frente ao Estado de São Paulo) teve continuidade. Uma situação um pouco menos desconfortável que nas décadas anteriores, quando o PIB da Província sofreu esmagamento por conta de uma série de fatos, entre os quais a guerra fiscal e a abertura desnaturada dos portos.
Entre os integrantes do G-20, pelo menos três municípios se destacam por darem salto triplo, quando se compara o posicionamento no ranking em 1999 e o alcançado em 2009: Santos saiu do nono lugar para alcançar o sexto, Osasco do sexto para o terceiro e Taubaté do 18º para o 15º lugar. Outros municípios avançaram mais comedidamente. Casos de Jundiaí que saiu do 10º lugar para o oitavo, de Mogi das Cruzes do 19º para o 18º, de Piracicaba do 14º para o 13º e de Sumaré do 20º para o 19º posto.
Quem levou o maior tombo nesse período de 10 anos no PIB do G-20 foi Mauá, que caiu do 16º para o 20º lugar, e também São José dos Campos, que caiu do terceiro para o sétimo lugar. São Caetano caiu do 13º para o 14º, Santo André do sétimo para o nono, Ribeirão Preto do oitavo para o 10º. Guarulhos manteve o primeiro lugar, Campinas o segundo, São Bernardo o quarto, Sorocaba o 11º, Diadema o 12º, São José do Rio Preto o 16º e Paulínia o 17º lugar.
Vejam agora o ranking do PIB do G-20:
1. Guarulhos manteve o primeiro lugar registrado em 1999. Contava com PIB de R$ 10.763,26 bilhões e saltou para R$ 32.473,83 bilhões no período, com crescimento nominal (sem considerar a inflação) de 201,71%.
2. Campinas chegou em segundo lugar no ranking em 2009 com pouca diferença em relação à liderança de Guarulhos: foram R$ 31.654,72 bilhões, com crescimento nominal de 220,63% ante o PIB de R$ 9.872,19 bilhões de 1999.
3. Osasco tomou o terceiro lugar de São José dos Campos com PIB de R$ 31.616,45 bilhões, a pouca distância de Campinas. Em
4. São Bernardo manteve o quarto lugar no ranking ao registrar crescimento de 176,53% no período de 10 anos. Saiu de um PIB de R$ 10.463,85 em 1999 para R$ 28.935,77 em
5. Barueri manteve o quinto lugar de 1999 com os R$ 26.908,07 bilhões do PIB de 2009. Um crescimento nominal de 197,91% ante os R$ 9.032,25 do PIB de 1999.
6. Santos subiu para o sexto lugar em 2009 com PIB de R$ 22.546,13 bilhões, ante R$ 4.800,73 bilhões anotados em 1999. Um crescimento nominal de 369,64% no período.
7. São José dos Campos deixou o terceiro lugar de 1999 (PIB de R$ 9.740,19 bilhões) e se instalou em sétimo lugar ao final de 2009 com R$ 22.018,04 bilhões. O crescimento nominal no período foi de 126,05%.
8. Jundiaí subiu do 10º lugar em 1999 (PIB de R$ 4.799,24 bilhões) para o oitavo lugar em 2009 (PIB de R$ 16.585,14 bilhões) graças ao excelente crescimento nominal de 245,48%.
9. Santo André caiu para o nono lugar (PIB de R$ 14.709,60 bilhões) depois de alcançar o sétimo posto em 1999 (PIB de R$ 5.954,25 bilhões), um crescimento nominal de 147,04%.
10. Ribeirão Preto caiu para o 10º lugar em 2009 (PIB de R$ 14.688,06 bilhões) depois de classificar-se em oitavo em 1999 (PIB de R$ 4.932,71 bilhões), com crescimento nominal de 197,77%.
11. Sorocaba manteve o 11º lugar de 1999, quando o PIB atingiu R$ 4.691,73 bilhões, ante R$ 14.182,60 bilhões de 2009. Um crescimento nominal de 239,50%.
12. Diadema manteve o 12º lugar de 1999, quando o PIB atingiu R$ 3.824,87 bilhões, ante R$ 9.969,82 bilhões de 2009, com crescimento nominal de 160,65%.
13. Piracicaba subiu para o 13º lugar em 2009 (PIB de R$ 9.601,21 bilhões) depois de ocupar o 14º lugar em 1999 (PIB de 2.972,42 bilhões), com crescimento nominal de 223%.
14. São Caetano caiu do 13º lugar em 1999 (PIB de 3.014,67 bilhões) para o 14º lugar em 2009 (PIB de 8.920,20 bilhões), com crescimento nominal de 195,89%.
15. Taubaté subiu para o 15º lugar em 2009 (PIB de 8.324,69 bilhões) depois de ocupar o 18º lugar em 1999 (PIB de 2.418,64 bilhões), com crescimento nominal de 244,19%.
16. São José do Rio Preto manteve o 16º lugar de 1999 (PIB de R$ 2.925,58 bilhões) com um PIB de R$ 7.879,05 bilhões) em 2009, com crescimento nominal de 169,31%.
17. Paulínia manteve o 17º lugar de 1999 (PIB de R$ 2.882,20 bilhões) com um PIB de R$ 7.779,84 bilhões) em 2009, com crescimento nominal de 169,95%.
18. Mogi das Cruzes subiu uma casa ao alcançar o 18º lugar em 2009 (PIB de R$ 7.712,57 bilhões) ante o 19º lugar em 1999 (PIB de R$ 2.215,98 bilhões), com crescimento nominal de 248,04%.
19. Sumaré deixou o 20º lugar de 1999 (PIB de 1.646,26 bilhões) para ocupar o 19º lugar em 2009 (PIB de R$ 6.901,89 bilhões), com crescimento nominal de 319,24%.
20. Mauá caiu do 16º lugar em 1999 (PIB de R$ 2.838,24 bilhões) para ocupar a 20ª posição em 2009 (PIB de R$ 6.574,85 bilhões), com crescimento nominal de 131,65%.
Queda de participação
A participação relativa da Província do Grande ABC no G-20 Paulista sofreu queda na primeira década do novo século. Quando se contabilizam os valores de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra na composição do chamado G-7, atinge-se em 1999 o valor do PIB regional de R$ 26.884,25 bilhões que, confrontado com o valor do G-15 (o G-20 menos os cinco municípios da Província), no total de R$ 78.668,92 bilhões, atinge-se a 34,17% do bolo relativo. Ou seja: de cada R$ 100 produzidos em 1999 pelo G-20, R$ 34,17 tinham a marca dos municípios da Província do Grande ABC. Dez anos depois a participação caiu para 27,50%, já que os sete municípios locais somaram R$ 71.163,21 bilhões de PIB ante R$ 258.719,32 bilhões dos demais integrantes do G-20. O crescimento médio dos 15 municípios integrantes do G-20 foi de 228,87% no período, enquanto a Província do Grande ABC cresceu bem menos: 164,70%.
A tradução dessa contabilidade é simples: quando se consideram todos os ingredientes do Produto Interno Bruto, ou seja, a produção industrial, serviços, administração pública, agropecuária e impostos, a Província do Grande ABC perde em velocidade para o conjunto dos municípios que formam o G-20 Paulista. A situação é preocupante, porque se registrou num período em que a indústria automotiva, base da produção industrial da Província, alcançou números extraordinários. Uma situação paradoxal, porque a Província depende cada vez mais do setor para sustentar-se mesmo abaixo das principais economias do Estado. Pelo menos 20% da produção automotiva brasileira têm origem na Província.
Não faltarão novos estudos para destrinchar completamente a economia do G-20 e, com isso, evitar que aventureiros estatísticos marquem presença no cenário regional com bobagens sem pé nem cabeça.
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?