A primeira década deste novo século foi um desastre para a economia de Santo André. "Viveiro industrial", segundo o hino oficial, que remete aos bons tempos de meados do século passado, Santo André ocupou a última posição no PIB (Produto Interno Bruto) do setor do G-20 Paulista, o grupo dos 20 municípios economicamente mais fortes do Estado de São Paulo. São Bernardo chegou em 13º lugar. Classificação suficiente para assumir a liderança do ranking.
Esse quadro, que retrata o comportamento dos municípios entre 2000 e 2009, tendo 1999 como referência, foi bem mais satisfatório para São Caetano, o endereço regional que melhor se comportou no setor de transformação industrial, classificando-se em terceiro lugar no período, atrás apenas de Sumaré e Taubaté, dois polos automotivos. Na classificação geral, entretanto, São Caetano está em 14º lugar.
Enquanto a Administração Aidan Ravin repete a Administração João Avamileno no tratamento desinteressado à economia de Santo André, o desempenho da cidade no setor industrial cai pelas tabelas. Nenhum dos demais municípios do G-20 apresentou evolução do Valor Adicionado industrial abaixo de 115%. Santo André chegou a 92,13%, bem aquém da inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços ao Consumidor) da Fundação Getúlio Vargas, de 127,08 no período, e apenas um pouco acima dos 89,96% do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Ampliado) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Quando se compara a performance do PIB Industrial de Santo André com os dois índices inflacionários, o que se tem são resultados preocupantes. No caso do IGP-M, Santo André acusaria uma perda de 34,95% no período de 10 anos analisado por CapitalSocial. Ou uma perda média anual de 3,495%. Se for considerado o IPCA, índice oficial do governo para a medição do PIB, Santo André teria crescido apenas 2,17% no período, ou 0,217% por ano. Uma catástrofe industrial.
O resultado no PIB industrial levou Santo André a perder três posições no ranking do G-20. Quando o novo século começou, Santo André ocupava a quinta posição, mas acabou deslocado à oitava. Já São Bernardo ganhou duas posições, pois estava em terceiro lugar em 1999. O crescimento nominal de 216,77% no período reflete sobretudo o desempenho da indústria automotiva, carro-chefe do Município e também da Província do Grande ABC. Tanto que São Caetano da montadora General Motors avançou no período 307,40% e Diadema 181,59% em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação no período.
São Bernardo é o único Município da região a subir no ranking do G-20 entre 2000 e 2009. Diadema caiu do oitavo para o nono lugar, São Caetano se manteve em 14º, Mauá despencou do 10º para o 18º lugar enquanto Santo André caiu do quinto para o oitavo. O salto mais impressionante entre os municípios do G-20 é o de Sumaré, beneficiada pela instalação da montadora Honda: subiu do 19º para o 12º lugar. Para se ter ideia mais precisa do crescimento de Sumaré, em 1999 o Município contava com PIB Industrial equivalente a 23,08% do de Santo André. Dez anos depois, subiu para 63,09%. A velocidade de crescimento nominal anual de Sumaré, de 4,25%%, simplesmente atropelou os 0,921% de Santo André.
Vejam o ranking do G-20 Industrial:
1. São Bernardo contava com PIB Industrial de R$ 3.350,98 bilhões em 1999 ante R$ 10.614,85 em 2009, com crescimento nominal de 216,77%.
2. São José dos Campos era o melhor PIB Industrial em 1999 com R$ 4.475,72 bilhões, mas caiu para o segundo lugar em 2009 com R$ 9.998,95 bilhões, com crescimento nominal de 123,40%.
3. Guarulhos ocupava a segunda oposição
4. Campinas manteve em 2009 o quarto lugar no PIB Industrial do G-20 de 1999. Contava com R$ 2.394,66 bilhões e subiu para R$ 6.573,70 bilhões, crescimento nominal de 174,51% no período.
5. Jundiaí passou a ocupar o quinto lugar no PIB Industrial do G-20 em 2009 (R$ 5.242,66 bilhões), depois de ocupar o sétimo lugar em 1999 (R$ 1.568,55 bilhão). O crescimento nominal no período foi de 234,24%.
6. Sorocaba subiu para o sexto lugar no PIB Industrial em 2009 (R$ 4.558,14), depois de ocupar o nono lugar em 1999 (R$ 1.228,58 bilhão). Crescimento nominal no período de 271%.
7. Barueri trocou o sexto lugar em 1999 (R$ 1.990,82 bilhão) e caiu para o sétimo lugar em 2009 (R$ 4.282,70 bilhões). Crescimento nominal no período de 115,12%.
8. Santo André caiu do quinto lugar em 1999 (R$ 2.223,39 bilhões) para o oitavo em 2009 (R$ 4.271,84 bilhões). Crescimento nominal de 92,13%.
9. Diadema caiu do oitavo lugar em 1999 (R$ 1.368,42 bilhões de PIB Industrial) para o oitavo lugar em 2009 (R$ 3.853,33 bilhões). Crescimento nominal de 181,59% no período.
10. Taubaté subiu do 11º lugar em 1999 (R$ 897,17 milhões) para o 10º lugar em 2009 (R$ 3.663,59 bilhões). Crescimento nominal do PIB Industrial de 308,35%.
11. Piracicaba manteve o 11º lugar, depois de registrar PIB Industrial de R$ 893,75 milhões em 1999 e chegar a R$ 3,497,36 bilhões em 2009.
12. Sumaré subiu do 19º lugar em 1999 (R$ 513.33 milhões) para o 12º em 2009 (R$ 2.695,28 bilhões).
13. Osasco caiu do 10º lugar no PIB Industrial em 1999 (R$ 1.077,83 bilhões) para o 13º em 2009 (R$ 2.694,37 bilhões). Crescimento nominal de 149,98%.
14. São Caetano manteve o 14º lugar no PIB Industrial: em 1999 contava com R$ 653,18 milhões, ante R$2.661,08 bilhões em 2009. Crescimento nominal de 307,40%.
15. Santos caiu do 13º para o 15º lugar no período de 10 anos. Em 1999 contava com PIB Industrial de R$ 818,52 milhões, ante R$ 2.610,75 bilhões em 2009. Crescimento nominal de 218,96%.
16. Paulínia caiu do 15º para o 16º lugar. Contava com PIB Industrial de R$ 682,91 milhões em 1999, ante R$ 2.483,88 bilhões em 2009. Crescimento nominal de 263,72%.
17. Ribeirão Preto manteve o 17º lugar no ranking do G-20 Industrial. Contava com R$ 650,43 milhões em 1999 e subiu para R$ 2.424,64 bilhões em 2009. Crescimento nominal no período de 272,77%.
18. Mauá desabou do 10º lugar em 1999 para o 18º lugar em 2009. O PIB Industrial de 1999 registrava R$ 939,22 milhões, ante R$ 2.348,22 bilhões em 2009.
19. Mogi das Cruzes caiu do 18º para o 19º lugar no período. O PIB Industrial de 1999 registrava R$ 639 milhões, ante R$ 2.214,58 bilhões em 2009. Crescimento nominal de 246,58%.
20. São José do Rio Preto manteve o 20º lugar de 1999. Contava com PIB Industrial de R$ 415,19 milhões e subiu para R$ 1.092,58 bilhão. Crescimento nominal de 163,15%.
Posição do G-7
O desempenho do G-7 na primeira década do novo século no PIB Industrial, quando comparado ao G-15 (os municípios do G-20 menos os cinco representantes da Província do Grande ABC) também é marcado por perdas. O G-7 é formado pelos sete municípios da Província, ou seja, incorpora os dados de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra aos de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá. No período pesquisado, o G-7 registrou crescimento nominal de 178,22% do PIB Industrial, ante 186% do G-20 e 188,93% do G-15.
O resultado não é inteiramente decepcionante sobretudo por conta de São Bernardo e de São Caetano, beneficiários da expansão da indústria automotiva. Os números seriam bem melhores se Santo André, principalmente, não revelasse tanta debilidade industrial. Os efeitos dos anos 1990, principalmente, atingiram duramente Santo André. Menos influenciável no mercado automotivo, por conta de não dispor de nenhuma montadora e também por ter visto o esvaziamento do setor de autopeças, a economia de Santo André é cada vez menos potencializada pelo setor industrial.
Quando se observa o PIB Geral de Santo André e se avalia a participação do PIB Industrial, a queda no período pesquisado é de 22,23%: era de 37,34% e caiu para 29,04%. Nenhum outro Município da Província do Grande ABC registra perda no período: a indústria de São Bernardo aumentou em 14,55% a participação relativa no PIB Geral, São Caetano 37,72%, Diadema 8,05%, Mauá 7,92% e Ribeirão Pires 11,28%. Rio Grande da Serra, de frágil economia e sujeita a oscilações, perdeu 10% de participação relativa do setor industrial no PIB Geral.
A lanterninha do PIB Industrial de Santo André no G-20 não é, portanto, uma obra do acaso. É o resultado de uma série de confluências macroeconômicas e também de fatores domésticos. O encalacramento logístico é um dos principais pontos de vulnerabilidade de Santo André. Um verdadeiro paradoxo, porque é a cidade que fica no coração geográfico da Província do Grande ABC. Um coração debilitado, entupido, a exigir cirurgias que vão muito além do proselitismo carnavalesco da Administração Aidan Ravin e suas alegorias estatísticas retiradas da cartola de criatividade sem responsabilidade social.
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