A bobagem industrializada pelos jornais impressos e virtuais de que a economia de Santo André cresceu 17% no ano passado, uma bobagem transmitida por um assessor do prefeito Aidan Ravin, é o suprassumo das bobagens transformadas em propagandas partidárias compulsórias e repassadas aos incautos em forma de informação jornalística. Como é possível publicar tamanha sandice sem que o bom senso prevaleça, sabendo-se como se sabe que a decadência de Santo André vem de três décadas?
Onde está a raiz de comprometimento social do jornalismo senão na capacidade de filtrar informações, dando-lhe formato de veracidade ou antepondo as devidas ressalvas a declarações viciadas pela inconsistência factual?
Não foi à toa, por conta disso, que ainda outro dia toda a mídia cultuou uma suposta mãe de quadrigêmeos e sua enorme barriga e o que se viu não passou de fraude.
A dureza das batalhas
Chegamos a tal ponto nessa quadra nacional que os poucos jornalistas que se propõem a colocar os pingos da sensibilidade crítica nos is dos números instrumentalizados por amadores acabam discriminados, quando não perseguidos, quando não violentados, quando não ameaçados.
O prefeito de Santo André, autoritário tanto quanto abundante em carisma, imaginou que deslocaria este jornalista para o acostamento da informação quando determinou a seus secretários, os quais execra em encontros reservados, recusa a entrevista à CapitalSocial, incomodado com as denúncias de irregularidades do projeto Cidade Pirelli, entre outras sandices da Administração Municipal. Como se a sobrevivência desse jornalista dependesse da proximidade com o poder, de qualquer poder que, como todo poder, exige contrapartidas. Que culpa tenho se tão extravagantes são as disenterias administrativas do petebista, as quais os jornais, explicitamente ou não, acabam por revelar, mesmo que as tentem esconder.
O economista Dalmir Ribeiro, que ainda outro dia teve o descaramento de escrever um artigo publicado pelo jornal Repórter Diário autolouvando a formulação de um indicador econômico que instala Santo André como quintessência da riqueza produtiva, deveria ser inquirido pelo ombudsman da Prefeitura de Santo André, e quem sabe até mesmo pelo Ministério Público. Ou não seria um assalto à credulidade popular vender ilusões? Sua atuação é uma mistureba de enganação pseudo-econômica e oportunismo político, a mando do prefeito Aidan Ravin. A formulação mágica que encontrou para dar ares de cientificidade a uma embromação desmedida não resiste a qualquer bancada de analistas econômicos mais séria.
Falsários não faltaram
Já passaram pela Província do Grande ABC muitos falastrões com canudos universitários a desfilar numerologias recheadas de mandraquismos. Imaginava este jornalista que a temporada de enganações havia se encerrado nos anos 1990, quando desmascarei um por um deles, sempre munido de dados oficiais, de contrapontos irritantemente precisos para quem detesta o contraditório. Infelizmente, Dalmir Ribeiro é um retardatário nessa corrida maluca em busca de manchetes porque assim lhe foi determinado pelo prefeito de plantão de Santo André. À falta de ação administrativa, dá-lhe invenção estatística.
No fundo, no fundo, foi bom que Dalmir Ribeiro se revelasse pateticamente aos olhos mais atentos porque não fosse isso este jornalista não teria recuperado a fome de instrumentalizar-se ainda mais de dados. Ao criar o G-20 Paulista, que já começou a desfilar números que colocam a Província do Grande ABC no devido lugar (por exemplo: Santo André é lanterninha do PIB Industrial neste século, dando sequência à derrocada que se iniciou duas décadas antes), estou apenas reduzindo o tamanho mas não a dimensão de valor das informações do que realizei à frente do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) quando, no início dos anos 2000, criamos uma série de indicadores envolvendo quase uma centena de municípios paulistas.
Reinstalei um medidor múltiplo de indicadores econômicos (e também sociais) por conta da indignação de observar no cenário regional as patacoadas de um economista com ares de sabe-tudo mas cujo umbigo não desgruda dos balcões pré-eleitorais da Administração Aidan Ravin.
Uma pena que Dalmir Ribeiro se transforme num monstro de invencionices seletivas porque sempre o tive na mira avaliativa como alguém que poderia contribuir para dar seriedade ao painel de controle do banco de dados de uma Província do Grande ABC negligente a ponto de navegar às cegas internamente e ignorar completamente o que se passa no espaço metropolitano, quando não paulista e brasileiro.
Àqueles que se manifestam preocupados com este jornalista, tratado como avis-rara no cenário regional no campo da informação, já que poucos se dispõem a botar o dedo na ferida das malandragens semânticas ou factuais, sempre respondo que não se trata de heroísmo. Muito pelo contrário: faz parte de minha natureza profissional não dormir em paz enquanto determinadas questões despudoradamente manipuladas não forem colocadas nos respectivos lugares. Desde os 14 anos de idade aprendi que jornalismo é coisa séria tanto quanto outras profissões. Só não me avisaram, porque premonitórios não foram, que jornalismo deixaria de ser profissão, como assim o determinou o Supremo Tribunal Federal. Os lobbistas empresariais venceram, mas sigo meu caminho contra novos fraudadores estatísticos, que não passam de cópias mal-acabadas dos predecessores igualmente utilizados como bucha de canhão, quando não bobos da corte.
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