Economia

PIB per capita de Santo André
desmorona neste novo século

DANIEL LIMA - 06/03/2012

Uma nova notícia desagradável aos embromadores de plantão que fazem de estatísticas propaganda eleitoral: o PIB (Produto Interno Bruno) por habitante de Santo André sofreu o mais duro revés entre os integrantes do G-20, o Clube dos 20 Municípios mais importantes do Estado de São Paulo, exceto a Capital. Se no PIB Geral, que desconsidera a relação de produção de riqueza e a população de cada Município, Santo André caiu no período do sétimo para o nono lugar, na equação que leva em conta a riqueza dividida por habitante houve desabamento: do 11º lugar para o 17º. Nenhum outro endereço municipal do Clube dos 20 sofreu tanto.


 


Estudos sobre o G-20 fazem parte do portfólio editorial da revista digital CapitalSocial. É uma sequência histórica do que produzimos no começo dos anos 2000, quando criamos o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) justamente para confrontar o desempenho econômico e social da Província do Grande ABC com outros endereços. Os manipuladores de dados incrustados em entidades de classe e principalmente nos setores públicos da região têm a mania insaciável de comparar os municípios locais entre si e de desconsiderar os demais igualmente importantes, como se a metodologia fosse capaz de assegurar consistência num mundo globalizado.


 


A vertiginosa queda por habitante na criação de riqueza expressa no Produto Interno Bruto só confirma os enunciados históricos de CapitalSocial e do IEME sobre Santo André, o Município da Província do Grande ABC que mais sofreu com uma série de anomalias macroeconômicas internas do País, como a guerra fiscal, por exemplo, e o impressionante descaso público e privado de dar-se conta de que o período de fertilidade industrial há muito passou por um endereço logisticamente encalacrado na Região Metropolitana de São Paulo.


 


O Clube dos 20 maiores municípios paulistas gestado por CapitalSocial é uma resposta vigorosa aos charlatães que infestam a região. O mais recente prestidigitador estatístico faz parte da equipe da Administração Aidan Ravin. Trata-se do economista Dalmir Ribeiro, à frente de um departamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, penduricalho no organograma da Prefeitura de Santo André de atuação pífia nos três anos do governo petebista. Nada muito diferente do que foram os seis anos da Administração petista de João Avamileno. E bem distante dos tempos de reação coordenados pelo então prefeito Celso Daniel.


 


O desempenho de Santo André no PIB por habitante na primeira década deste novo século, tendo como base de comparação o ano de 1999, só não foi pior que o de São José dos Campos: enquanto Santo André caia pelas tabelas com crescimento nominal, sem considerar a inflação, de apenas 108,99% no período, contra uma inflação do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) da Fundação Getúlio Vargas de 127,08%, São José dos Campos registrava 83,61%. Ou seja: o PIB por habitante de Santo André no período, tendo o IGP-M como indexador, foi negativo em 43,47%, ou de 4,347% ao ano.


 


Fora a capital da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, que sofreu tropeços principalmente no setor aeronáutico, nenhum Município entre os Clube dos 20 superou Santo André em derrocada. Por conta disso, a queda no ranking do PIB por habitante foi inevitável, mesmo com Santo André registrando uma das menores taxas demográficas no período. A combinação de crescimento econômico com redução da população é o sonho dos administradores públicos, porque contariam com maiores recursos orçamentários para atender à população.


 


Menos mal para a Província do Grande ABC que São Caetano, terceira colocada no ranking geral, e São Bernardo, sétima, registraram resultados positivos na primeira década do novo século: enquanto São Caetano cresceu nominalmente no período 161,83%, São Bernardo acumulou 168,27%. Diadema e Mauá tiveram crescimento nominal discreto, de 143,16% e 124,36%. No geral, Diadema ocupa o 14º lugar, enquanto Mauá fecha a classificação em 20º lugar.


 


Municípios seletivamente vocacionados ao crescimento do PIB, Barueri e Paulínia ocuparam as duas primeiras colocações. Barueri, fortíssima no setor de serviços depois de histórico mergulho na guerra fiscal do setor, cresceu estratosféricos 1.360,51% no período de 10 anos e ultrapassou Paulínia, fortíssimo polo químico e petroquímico, que cresceu nominalmente 918,50%.


 


Vejam a classificação dos municípios do G-20 por PIB per capita:


 


1. Barueri contava com PIB por habitante de R$ 42,19 mil em 1999 e saltou para R$ 99,6 mil em 2000, um crescimento nominal de 1.360,51%.


 


2. Paulínia cresceu nominalmente 918,50% no período: registrava PIB per capita de R$ 56,98 mil e passou para R$ 91,98 mil.


 


3. São Caetano cresceu nominalmente no período 161,83%: registrava PIB per capita de 22,30 mil em 1999 e atingiu R$ 58,65 mil em 2009.


 


4. Santos cresceu nominalmente 372,88% no período: registrava PIB per capita de R$ R$ 11,43 mil em 1999 e passou para R$ 54,05 mil em 2009.


 


5. Jundiaí cresceu 200,38% no período de 10 anos: contava com PIB individual de R$ 15,78 mil e passou para R$ 47,40 mil.


 


6. Osasco cresceu nominalmente 277,92% no período: registrava PIB per capita de R$ 11,64 mil e passou para R$ 43,99 mil.


 


7. São Bernardo cresceu nominalmente no período 168,27%: registrava PIB per capita de R$ 13,30 mil e passou para R$ 36,68 mil.


 


8. São José dos Campos cresceu nominalmente apenas 83,61% no período: registrava PIB per capita de R$ 19,47 mil e passou para R$ 35,75 mil.


 


9. Taubaté cresceu nominalmente 196,11%: registrava PIB per capita de R$ 10,28 mil em 1999 e passou para R$ 30,44 mil em 2009.


 


10. Campinas contava com R$ 11.64 mil por habitante no PIB geral em 1999 e saltou para R$ R$ 29,73 mil 10 anos depois, com crescimento nominal de 155,41%.


 


11. Sumaré cresceu nominalmente 232,63%: registrava PIB per capita de R$ 8,61 mil em 1999 ante R$ 28,63 mil em 2009.


 


12. Ribeirão Preto cresceu nominalmente 157% no período: registrava PIB per capita de R$ 10,15 mil em 1999 e passou para R$ 26,08 mil em 2009.


 


13. Piracicaba cresceu nominalmente 187% no período: registrava PIB per capita de R$ 9,07 mil e passou para R$ 26,03 mil.


 


14. Diadema cresceu nominalmente no período 143,16% no período de 10 anos: tinha PIB por habitante de R$ 10,31 mil e passou a contar com R$ 25,07 mil.


 


15. Guarulhos cresceu nominalmente no período 133% no PIB per capita: contava com PIB por habitante de R$ 10,73 mil e passou para R$ 25,00 mil.


 


16. Sorocaba cresceu nominalmente 152,02% no período: registrava PIB per capita de R$ 9,63 mil e passou para R$ 24,27 mil.


 


17. Santo André cresceu nominalmente 108,99% no período: registrava PIB per capita de R$ 10,45 mil em 1999 e passou para R$ 21,84 mil em 2009.


 


18. Mogi das Cruzes cresceu nominalmente 223,45% no período: registrava PIB per capita de R$ 6,26 mil em 1999 e passou para R$ 20,55 mil em 2009.


 


19. São José do Rio Preto cresceu nominalmente 132,01%: registrava PIB per capita de R$ 9,09 mil e passou para R$ 18,78 ao final de 2009.


 


20. Mauá cresceu nominalmente no período 124,36%: contava com PIB per capita de R$ 7,02 mil e passou para R$ 15,75 mil.


Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000