Economia

Como está o IDH da Província
neste século a bordo do G-20?

DANIEL LIMA - 15/03/2012

Não sou Agnaldo Silva muito menos tenho o espírito de Dias Gomes, mas vou fazer suspense até amanhã, sexta-feira, para revelar o que muita gente que trata de informação na Província do Grande ABC detesta, porque não atende aos interesses de dourar a pílula. O que vou fazer? Revelarei o comportamento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios da região que integram o G-20 Paulista, o Clube dos 20 principais municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital. Tem gente que vai cair da cadeira do triunfalismo. Lamentavelmente estamos mal posicionados.
 
Por que deixo para amanhã o que posso fazer hoje? Porque decidi e está acabado. Também tenho o direito de ganhar um fôlego desse dia a dia de média de nove mil caracteres de textos, o que equivale a um livro de 150 páginas por mês.  É tanta escrita que muitas vezes fico com a mente obnubilada. De vez em quando cometo um erro gramatical aqui, outro acolá, porque ninguém é de ferro. Mas como sempre preguei aos jornalistas que passaram pela minha carreira que mais importante que escrever preocupado com equívocos ortográficos e assemelhados é escrever com criatividade, estou aqui na labuta.
 
Nesta série de análises que tenho feito tendo o G-20 como mote para aniquilar com o provincianismo regional de pesquisadores de meia tigela que adoram comparações umbilicais, ou seja, conosco mesmos, o que mais me seduz é clarificar a situação econômica e social da região dentro de um agrupamento para o qual se tem dirigido boa parte dos investimentos produtivos no Estado mais poderoso da Federação. Esse negócio de pegar dados de Santo André e comparar de forma previamente seletiva com outros municípios locais, como tem feito o alquimista do prefeito Aidan Ravin, é conversa mole para boi dormir.
 
Melhor que o PIB
 
IDH é um medidor bastante interessante a quem tem preocupação com o nível de desenvolvimento econômico entrecruzado com investimentos sociais. PIB (Produto Interno Bruto) é um motor de geração de riqueza relevante, mas nem tudo que sai das atividades econômicas de um determinado Município permanece no Município.
 
O Índice de Desenvolvimento Humano também embute algumas anomalias, porque há especificidades na coleta de dados que fogem do controle preparado para um padrão de atendimento às demandas por informações. Mas é disparado bem mais adequado à constatação da realidade histórica, acumulada, consolidada, de cada Município. Não é à toa, entre outros pontos, que o Brasil cai pelas tabelas em confrontos internacionais. As desigualdades pesam sobremodo numa metodologia que contempla muito mais
que cifrões.
 
Não pretendo politizar os indicadores do IDH que revelaremos, mas confesso que sinto um comichão terrível porque os índices aferidos, conferidos, comparados e consolidados num contexto crítico induzem a interpretações que não se esgotam simplesmente na numerologia econômica e social. O que posso adiantar é que assessores de prefeito já passaram mão em dados domésticos do IDH para enaltecer trabalhos supostamente efetivados, mas de fato o que perpetraram foram lances de usurpação. As conclusões a que chegaram foram influenciadas por gestores que já não estão no comando municipal.
 
IDH é um transatlântico
 
Como explicarei no texto que vou preparar ainda hoje, quinta-feira, o IDH não é um veículo em alta velocidade manobrado por um motorista que avocaria exclusividade sobre o trajeto vitorioso rumo à bandeirada final. O IDH é um Costa Concórdia antes daquele maluco do comandante meter-se na enrascada que todos conhecem. Ou seja: seu destino não decorre de manobras bruscas nem de velocidades sazonais. O espaço de um mandato não credencia grupo político algum a propagar feitos extraordinários nos números do IDH. Dois mandados, mesmo assim vigorosos, teriam certa influência, para o bem e para o mal. Três são mais substantivos.
 
Aguardem o comportamento da Província no IDH do G-20 nesta sexta-feira. Tem gente que vai detestar, porque ainda acha, com o sentimento gataborralheiresco de criar fantasia para encobrir pequenez cultural, que continuamos sendo as estrelas do espetáculo. Não é bem assim. Mais que controvérsias, há provas cabais. Aguardem. E que os agentes públicos e privados, com responsabilidade de conduzir a região, que tratem de botar sebo nas canelas em vez de organizar festinhas mais que manjadas para lustrar o ego.     


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