Economia

Cadê a inovação industrial que o
prefeito Aidan Ravin prometeu?

DANIEL LIMA - 24/04/2012

O prefeito Aidan Ravin concedeu entrevista a esta revista digital, publicada em 1º de setembro de 2009. O trabalho consta de nossos arquivos, fácil de acessar. O ponto supostamente mais importante foi a garantia de que promoveria inovação no setor industrial, com um programa de incentivos que não guardaria nenhuma relação com guerra fiscal. Nada foi feito até agora. Santo André caiu do quinto para o oitavo lugar no ranking de PIB Industrial no G-20, o Clube dos 20 Municípios Mais Importantes do Estado, exceto a Capital. A tendência é cair ainda mais, encalacrada que está num redemoinho logístico e, principalmente, fora da órbita de preocupações efetivas da Administração Municipal.


 


O PIB Industrial de Santo André já respondeu por 25,28% do PIB Industrial da Província do Grande ABC. Isto ocorreu em 1999, base de novos  estudos sobre o comportamento da economia da região. Na outra ponta da tabela, em 2009, o PIB Industrial de Santo André registrou 17,45% de participação regional. Uma redução interna de 30,97%. Externamente, apenas dentro do G-20, Santo André reunia em 1999  participação de 7,34%. Dez anos e novos golpes de desindustrialização depois, caiu para 4,93%. Ou seja, uma queda dentro do G-20 de 32,83%. Nesse período, o desempenho do PIB Industrial de Santo André foi o pior entre os 20 municípios. O G-20 amplia a compreensão do pulsar do coração econômico e social da Província do Grande ABC porque coloca cinco dos municípios locais (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá) em embate direto com os demais 15 municípios paulistas que mais despontam como exemplos de desenvolvimento.


 


Quem desprezar  que a questão industrial em Santo André é de gravidade suprema, que os empregos de maior valor agregado, de melhores salários, estão indo para a cucuia, que trate de enfiar a cabeça em qualquer lugar, menos dizer aos incautos que tudo que apresentamos como alerta à situação do Município, mais complicada que a da Província do Grande ABC, tem algum parentesco com suposto conteúdo político-partidário. Como se este jornalista tivesse partido, senão apenas o Partido da Província.


 


Serviços não compensam


 


Convenhamos que um prefeito minimamente bem informado, e igualmente minimamente preparado, não faria vistas grossas ao quadro de declínio constante e irrefreável do PIB Industrial de Santo André. E quem tentar minimizar a situação, argumentando que o PIB de Serviços é fartamente compensatório, também está imbecilizado pela ignorância. Fosse assim, no mesmo período de desabamento do PIB Industrial, o PIB Geral, isto é, considerando todos os setores de atividades, não teria colocado Santo André em nono lugar no G-20, depois de ocupar o sétimo posto em 1999. Aliás, nono lugar também registrado no PIB de Serviços, de baixo valor agregado.


 


A gravidade da situação de Santo André no PIB Industrial é que a produção de Valor Adicionado está concentradíssima em não mais que duas dezenas de empresas tecnologicamente cada vez  mais atualizadas e demandadoras de mão-de-obra escassa.


 


O que se esperaria de um prefeito previdente seria um plano de ação vigoroso, embora se deva reconhecer que a missão seria tremendamente complexa porque Santo André entrou no desvio da competitividade há muito tempo. A geografia que a coloca no centro do inferno de desperdício logístico, no interior físico da Província do Grande ABC cada vez mais dilacerador de custos adicionais de transporte, entre outros percalços, exigiria especialistas de várias áreas para desenhar e efetivar uma retomada produtiva que pelo menos estancasse a hemorragia.


 


Um trecho da entrevista de setembro de 2009 mostra o quanto o prefeito Aidan Ravin incentivou o entusiasmo de leitores que querem uma Santo André mais vigorosa. Leiam:


 


 (...) Além disso, estamos elaborando o projeto de uma nova legislação voltada à atração de investimentos e à ampliação do setor industrial em Santo André. Ainda não podemos fornecer detalhes, pois, conforme disse, a lei está em fase de elaboração. Mas posso adiantar que terá como base um conceito inovador, baseado em resultados, em reciprocidades, e não guardará qualquer relação com a famigerada guerra fiscal, baseada no rebaixamento puro e simples de alíquotas.


 


Vendendo fumaça


 


Outros trechos da entrevista poderiam ser pinçados, mas como está disponível nesta revista digital, não custará nada aos leitores, com o link abaixo, acompanhar as declarações do prefeito, devidamente assessorado pela equipe de jornalistas que o atende. O lamentável é que quase três anos já se passaram, o mandato está-se esgotando, os escândalos brotam como cogumelos, e nada de nada do “conceito inovador” alardeado. E sabem por qual razão? Porque o projeto formulado como salvação da lavoura era um amontoado de boas intenções sem respaldo jurídico e que conflitava com muito da legislação em vigor.


 


Não era guerra fiscal declarada, até porque guerra fiscal é primazia de municípios que não correm o risco de canibalizar investimentos já consolidados, mas era uma maneira de cortar caminho em busca de empreendimentos. Venderam ao prefeito não mais que fumaça. Tanto que ele acreditou, porque não entende patavina de economia. Da mesma forma que não entende este jornalista bulhufas de obstetrícia, especialidade do prefeito. A diferença é que não faço nem jamais tentei fazer parto. Exceto da montanha de inutilidades que sufoca a Província do Grande ABC.


 


Na área econômica, como já estou cansado de afirmar, a Administração Aidan Ravin marca posição pela característica de contar com um assessor (Dalmir Ribeiro) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico que, à falta de o que fazer de prático, até porque não conta com equipe para voos sustentáveis, dá-se ao luxo de produzir estatísticas seletivíssimas para manter Santo André em posição de destaque. Algo que é possível promover até com um time que não cansa de apanhar mas que, ao vencer os dois últimos jogos, encontra alguém para divulgar  índice de rendimento 100% positivo nos últimos 180 minutos disputados.


 


É mais ou menos isso, para entendimento dos leitores, o que Dalmir Ribeiro distribui incansavelmente à Imprensa sempre dócil.


 


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