O G-7 (os sete municípios que compõem a Província do Grande ABC) voltou a cair no Campeonato Brasileiro de Potencial de Consumo, variante do PIB (Produto Interno Bruto) que abrange a riqueza acumulada pela população. Depois de reagir na temporada 2011, quando retomou o quarto lugar, a Província caiu para o quinto, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Um rebaixamento previsto. A Província do Grande ABC já foi terceira colocada nacional, mas desde o Plano Real, em 1994, acumula perdas ante outros territórios. Nos últimos 17 anos, tendo 1995 como base de comparação, a queda é de 36,17% -- eram 2,8835% e passou para 1,8404%.
Como alertamos no passado, a situação econômica da região não se modifica positivamente de forma a acompanhar o crescimento do País. Por isso, a tendência de novos rebaixamentos prevalece. Por volta de
A classificação dos 10 primeiros colocados do Campeonato Brasileiro de Potencial de Consumo é a seguinte, segundo o ranking criteriosamente medido pela empresa IPC Marketing e Editora, comandada pelo estudioso Marcos Pazzini:
1. São Paulo com 8,68256% de potencial de consumo, ou R$ 236,594 bilhões neste 2012.
2. Rio de Janeiro com 4,98225%, ou R$ 135,762 bilhões.
3. Brasília com 2,23879%, ou R$ 61,278 bilhões.
4. Belo Horizonte com R$ 1,93557%, ou R$ 52,743 bilhões.
5. Província do Grande ABC com 1,84039%, ou R$ 50,149 bilhões.
6. Curitiba com 1,55873%, ou R$ 42,474 bilhões.
7. Salvador com 1,50989%, ou R$ 41,143 bilhões.
8. Porto Alegre com 1,34914%, ou R$ 36,763 bilhões.
9. Fortaleza com 1,26336%, ou R$ 34,426 bilhões.
10. Goiânia com 1,07210%, ou R$ 29,214 bilhões.
Anos FHC e Anos Lula
Quase toda a perda de participação nacional do potencial de consumo da Província do Grande ABC foi esculpida pela política econômica de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002. Do total de 36,17% da queda do potencial de consumo entre 1995 e 2012, nada menos que 27,81% se deram nos anos de FHC.
No período pesquisado por CapitalSocial, sempre com dados da empresa IPC Marketing, a Província do Grande ABC registrou perda contínua de potencial de consumo. Durante a primeira década dos anos 2000 chegou a alternar o terceiro e o quarto lugares na classificação geral com Belo Horizonte. Mas acabou sendo ultrapassada por Brasília, que saltou para o terceiro lugar, e também pela capital mineira,
Para se ter uma ideia mais precisa da queda relativa da Província do Grande ABC no Brasileiro de Potencial de Consumo basta recorrer à velocidade do avanço nominal (sem levar em conta a inflação) desde 1995. O potencial de consumo da população brasileira cresceu 616,90% entre o ano-base de 1995 e 2012 (de R$ 380,098 bilhões para R$ 2,724 trilhões), enquanto na Província do Grande ABC o avanço foi de apenas 340,41% (de R$ 11,386 bilhões em 1995 para R$ 50,149 bilhões em 2012). A velocidade brasileira foi 81,22% superior à da Província.
Quando a comparação é com a média da velocidade de crescimento nominal do Estado de São Paulo, que também não consegue acompanhar o ritmo do País, a Província do Grande ABC igualmente sofre revés: no mesmo período, os paulistas cresceram nominalmente 446,52% (passaram de R$ 139,333 bilhões em 1995 para R$ 761,491 bilhões em 2012). A velocidade paulista, sempre sem considerar a inflação do período, foi 31,17% superior à da Província.
A boa notícia para a Província do Grande ABC, já detectada em estudos anteriores de CapitalSocial é que a perda de participação nacional foi consideravelmente desacelerada durante o período presidencial de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.
Entre 1996 e 2002 (sempre tendo 1995 como base de comparação), o potencial de consumo da Província sofreu redução de 27,92%, o que dá média de perda anual de 3,99%. Já entre 2003 e 2012 (tendo 2002 como base de comparação), a Província perdeu apenas 11,44%, ou 0,98% ao ano. Fernando Henrique Cardoso comandou o País entre 1995 e 2002. Lula da Silva ocupou a presidência entre 2003 e 2010. Dilma Rousseff assumiu no ano passado.
A explicação para desempenho tão assimétrico é clara como água potável: foi com Fernando Henrique Cardoso que a Província do Grande ABC viveu período mais tenebroso de sua economia, com descentralização automotiva, desindustrialização em geral, compactação do setor de autopeças e empobrecimento da classe trabalhadora, entre outras consequências da abertura econômica e da guerra fiscal. Nos anos sob a presidência de Lula da Silva o PIB brasileiro cresceu em média o dobro do período fernandohenriquista.
Além disso, explodiu o mercado automotivo, com quebras sucessivas de recorde de produção e venda. O refortalecimento da atividade realinhou a Província. O setor automotivo regional representa um quinto da produção nacional e responde direta e indiretamente por mais da metade do PIB. Mesmo com a recuperação parcial da Província, os números estão muito distantes do ritmo médio do País e dos desequilíbrios do Estado de São Paulo. O esvaziamento da Região Metropolitana de São Paulo não é compensado integralmente por outras áreas geográficas paulistas.
Veja na sequência os números individuais dos municípios do Grande ABC em três momentos diferentes (1995, 2002 e 2012) bem como a perda relativa:
Santo André — Contava com 0,8750% em 1995, caiu para 0,6332% em 2002 e voltou a cair para 0,5545% em 2002. Queda acumulada de 36,63%, ou média de 2,15 ao ano nos últimos 17 anos (a base de cálculo é 1995).
São Bernardo — Contava com 1,0040% em 1995, caiu para 0,6959 em 2002 e caiu de novo para 0,5824% em 2012. Queda acumulada de 41,99% no período, média anual de 2,46%.
São Caetano — Contava com 0,2510% em 1995, caiu para 0,1931% em 2002 e caiu de novo para 0,1508% em 2012. Queda acumulada de 39,92%, média anual de 2,35%.
Diadema — Contava com 0,3223% em 1995, caiu para 0,2392% em 2002% e chegou a 0,2200% em 2012. Queda acumulada de 31,74% no período, média anual de 1,86%.
Mauá — Contava com 0,3210% em 1995, caiu para 0,2361% em 2002 e chegou a 0,2403% em 2012. Queda acumulada de 25,14% no período, média anual de 1,48%.
Ribeirão Pires — Contava com 0,1080% em 1995, caiu para 0,0788% em 2002 e chegou a 0,0704% em 2012. Queda acumulada de 34,81% no período, média anual de 2,05%.
Rio Grande da Serra — Contava com 0,0022% em 1995, caiu para 0,0019% em 2002 e subiu para 0,0021 em 2012, com estabilidade no período.
Ranking da Província
Explicitados esses números do comportamento individual dos municípios da Província do Grande ABC em 17 anos de dados do IPC Marketing, passamos à participação relativa regional, quando se notarão pequenas variáveis:
Santo André — Contava com 30,13% de participação regional em 1995, subiu para 30,21% em 2002 e caiu para 30,13% em 2012.
São Bernardo — Contava com 34,58%, caiu para 33,20% e caiu de novo para 31,65%.
São Caetano — Contava com 8,64%, subiu para 9,21% e caiu para 8,20%.
Diadema — Contava com 11,10%, subiu para 11,41% e subiu de novo para 11,96%.
Mauá — Contava com 11,06%, subiu para 11,26% e subiu de novo para 13,06%.
Ribeirão Pires — Contava com 3,72%, subiu para 3,76% e subiu de novo para 3,82%.
Rio Grande da Serra — Contava com 0,75%, subiu para 0,93% e subiu para 1,83%.
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