Sozinho, o Município de Sorocaba, com população inferior a de Santo André distribuída em não mais que metade do território da região, acumula mais empregos com carteira assinada na indústria de transformação do que os sete municípios da Província do Grande ABC juntos. A contabilidade, respaldada por dados oficiais do Ministério do Trabalho, começa em janeiro do ano passado e vai até maio deste ano, período de complicações para a economia nacional. Sorocaba soma no período saldo de 4.312 empregos industriais, ante 4.005 da Província.
Pinçamos propositadamente esse período porque demarca nova trajetória do PIB (Produto Interno Bruto) do País, depois de crescimento médio de 4,2% ao ano durante o governo Lula da Silva. O PIB brasileiro não passou de 2,7% no ano passado e neste ano, segundo projeções sérias, será inferior. Não fosse a indústria automotiva, nossa doença holandesa, a situação da Província do Grande ABC seria ainda pior. Mas, paradoxalmente, por conta do prevalecimento massacrante dessa mesma matriz econômica, não conseguimos enxergar luz no fim do túnel.
O emprego da indústria de transformação é um medidor indispensável à tomada de pulso da Economia. A Província do Grande ABC conta com alguns falastrões que adoram manipular dados. Empregos gerados nos setores de serviços e de comércio, principalmente, com baixo valor agregado, porque a Província não conta com atividades disseminadoras de riquezas nessas áreas, são instrumentalizados para vender mentiras.
Enquanto não tivermos atividades de comércio e de serviços que se aproximem do perfil da Capital, onde as indústrias cultural, de entretenimento, hoteleira, gastronômica, tecnológica e financeira ajudam a esculpir modernidade econômica, não poderemos cantar de galo. Muito pelo contrário.
Relativizando atividades
Exatamente por conta disso, de que comércio e serviços da Província do Grande ABC são de Terceira Divisão, os empregos formais gerados nessas atividades precisam ser relativizados
Fui ao banco de dados do Ministério do Trabalho para colocar a Província do Grande ABC num novo enquadramento no G-20, o grupo dos 20 municípios mais importantes do Estado de São Paulo, bloco que organizei para confrontar nossa região com outras áreas paulistas. Essa é uma maneira de não cair na arapuca que os triunfalistas preparam ao comparar pedaços da Província com pedaços da própria Província. Ou a Província inteira com a Província inteira. Como se isso refrescasse alguma coisa. Que adianta escrever que Santo André gerou mais empregos industriais que São Bernardo ou em nível superior aos demais municípios da região se, quando confrontada com outras localidades do G-20, o que encontramos são sinais de alerta? Que muda dizer que a Província cresceu tantos por cento em dois anos em relação à própria Província se outros endereços são desconsiderados?
E já que estamos falando de Santo André, cuja Administração Municipal escalou um mistificador para divulgar estatísticas furadas, eis que nos últimos 17 meses o desempenho no quesito de empregos industriais formais é dos mais pífios: dos integrantes do G-20, Santo André está entre as seis cidades que registram perdas de trabalhadores. O saldo de 287 demissões no período só é inferior às 497 demissões de Osasco e às 381 de Barueri, municípios da Região Metropolitana de São Paulo. São José do Rio Preto perdeu 53 postos de trabalho enquanto Guarulhos, também na Grande São Paulo, registrou 172 perdas. Diadema somou 169 perdas.
As demais cidades do G-20 Paulista safaram-se em postos de trabalho da indústria de transformação. Sorocaba lidera com certa folga, porque os 4.212 empregos gerados são bem superiores aos do segundo colocado da lista, no caso Jundiaí com 2.859. A situação da Província do Grande ABC só não é mais lamentável porque São Bernardo apresentou saldo positivo de 2.342 vagas. Um pouco mais que as 1.470 de São Caetano. O G-7, formado pelos sete municípios da Província do Grande ABC, transforma-se em G-5 no interior do G-20, porque Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra estão excluídos do agrupamento.
Menos que o PIB
Embora participe com 28% do PIB do G-
Primeiro porque os dados do PIB Industrial referem-se a 2009, último estudo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), enquanto o balanço de emprego industrial com carteira assinada é de 2011. Há defasagem que, entretanto, não deve ser significativa. São raros os casos em que os resultados individuais do PIB se alteram marcantemente num período tão curto. É um movimento de transatlântico, como se sabe.
Outro aspecto que o confronto entre PIB Industrial e saldo de empregos formais no setor poderia fomentar é tentar interpretar as razões de a Província apresentar participação relativa inferior. Traduzindo: com PIB Industrial de 28% no G-
Seja qual for a razão o fato é que a Província do Grande ABC vem perdendo participação relativa importante no universo de trabalhadores formalizados no G-20 Paulista. Perder o jogo de abertura de novos postos de trabalho para um único Município paulista, que não passa de um quinto do PIB Geral da Província, não é uma boa notícia, mas não surpreende. O PIB da indústria de transformação da Província do Grande ABC (sempre considerando os cinco municípios do G-20) cresceu em termos nominais (sem influência inflacionária) no período de
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?