O crescimento do Valor Adicionado da Província do Grande ABC perdeu feio a corrida paulista na temporada passada. Os resultados da região ficaram muito aquém também da média do G-20, o grupo dos 20 maiores endereços municipais do Estado (excluindo a Capital), pesquisado sistemicamente por esta revista digital. Santo André e São Bernardo tiveram os piores desempenhos em 2011: classificaram-se entre os últimos quando os resultados são confrontados com os da temporada anterior e, com isso, comprometeram o resultado geral da região. Em relação ao Valor Adicionado paulista a Província do Grande ABC foi 30% inferior no ano passado. Já ante os integrantes do G-20, a perda relativa é de 45%.
Valor Adicionado é a base à distribuição de repasses do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do governo do Estado a mais de 600 municípios paulistas, e também uma espécie de PIB sem impostos que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga detalhadamente ao final de cada temporada, embora com dois anos de defasagem. Isso quer dizer que quando o PIB brasileiro por Município for divulgado nos próximos meses, os resultados que contemplarão a Província do Grande ABC vão refletir o comportamento da economia em 2010, quando o PIB cresceu 7,5%. Os resultados individuais e coletivos da região deverão apresentar números menos sofríveis que os já diagnosticados sobre 2011.
Essa defasagem carrega diferenças significativas entre um PIB Geral e outro, como é o caso de 2010 e 2011 e, com isso, pode criar ilusão de desenvolvimento econômico, porque não resiste à atualização dos dados. O Valor Adicionado anunciado pelo governo do Estado com defasagem de apenas alguns meses em relação à consumação dos fatos geradores, consegue detectar e de alguma forma antecipar a tendência do PIB Geral.
No ano passado, o Valor Adicionado da região perdeu participação no Estado de São Paulo, mantendo a lógica de uma toada histórica que conta com algumas temporadas de exceção. Nem o fato de a indústria automobilística estabelecer novo recorde de produção e de vendas no ano passado salvou a pátria regional de nova queda.
Equilíbrio sobrerrodas
É certo que sem montadoras e autopeças a situação seria muito pior, porque a Província do Grande ABC sofre da doença holandesa, enfermidade que consiste na dependência econômica e social de uma determinada atividade além do grau de segurança e equilíbrio. As políticas fiscais federais que procuram manter o mercado automotivo aquecido contribuem para impedir um mergulho no Valor Adicionado da região semelhante ao que ocorreu nos anos 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Naquele período de oito anos o PIB da região acumulou perda de um terço e provocou o desligamento de 85 mil trabalhadores com carteira assinada.
Quando Lula da Silva chegou ao governo federal houve reação da cadeia automotiva por conta de políticas que privilegiam o crédito e o consumo. A dificuldade atual é conciliar a mesma diagramação em cenário internacional ainda contracionista e internamente mais estreito pelo elevado índice de financiamentos, que chega à metade do PIB (Produto Interno Bruto), o dobro quando comparado ao último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso. Soltar cada vez mais as amarras do consumismo é uma alternativa inquietante, porque há risco de a inflação além da meta definida.
Embora os números pareçam residuais, a perda de participação relativa do Valor Adicionado da Província do Grande ABC no Estado de São Paulo é outra vez preocupante: de 8,95% em 2010, caímos para 8,72% em 2011, ou 2,57%. Em termos reais, quando contraposto o crescimento nominal do Valor Adicionado da Província no ano passado (6,03%) à inflação do período, medida pelo IGPM (Índice Geral de Preços de Mercado), da Fundação Getúlio Vargas, de 5,1%, o resultado é de empate técnico. Ou seja: o Valor Adicionado da Província em 2011 praticamente empatou o jogo com o índice de inflação. Tradução: ficou estagnado.
O único endereço regional que se salvou no ano passado no ranking de Valor Adicionado entre os integrantes do G-20 é São Caetano, que conseguiu classificar-se em quinto lugar com crescimento nominal (sem considerar a inflação do período) de 15,37%, mais que o dobro da média da Província, de 6,03%. O G-20 apresentou evolução nominal em relação a 2010 de 11%, também acima da média da Província e da média estadual, de 8,69%. Confira o ranking:
1. Guarulhos cresceu 18,77% em 2011 sobre o ano anterior, com Valor Adicionado de R$ 32.722.250 bilhões.
2. Piracicaba cresceu 17,92%, com R$ 8.290.735 bilhões.
3. Sorocaba cresceu 15,70%, com R$ 13.093.027 bilhões.
4. Jundiaí cresceu 15,43%, com R$ 16.198148 bilhões.
5. São Caetano cresceu 15,37%, com R$ 10.403.456 bilhões.
6. Barueri cresceu 14,29%, com R$ 20.897.876 bilhões.
7. Santos cresceu 13,19%, com R$ 8.024.166 bilhões.
8. Campinas cresceu 12%, com R$ 22.340.038 bilhões.
9. São José do Rio Preto cresceu 10,10%, com R$ 4.930.916.
10. Ribeirão Preto cresceu 9,27%, com R$ 11.320.117 bilhões.
11. Diadema cresceu 7,94%, com R$ 9.150.722 bilhões.
12. Paulínia cresceu 6,80%, com R$ 23.129.476 bilhões.
13. São José dos Campos cresceu 6,60%, com R$ 20.948.628 bilhões.
14. Mauá cresceu 6,15%, com R$ 6.879.034 bilhões.
15. Santo André cresceu 4,77%, com R$ 9.250.378 bilhões.
16. Mogi das Cruzes cresceu 4,66%, com R$ 6.041.530 bilhões.
17. São Bernardo cresceu 3,10%, com R$ 31.540.572 bilhões.
18. Sumaré cresceu 2,61%, com R$ 5.452.870 bilhões.
19. Taubaté cresceu 0,50%, com R$ 7.372.334 bilhões.
20. Osasco cresceu 0,05%, com R$ 10.381.640 bilhões.
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