A quarta colocação de São Bernardo na classificação geral do PIB (Produto Interno Bruto) entre os integrantes do G-20 (o grupo dos 20 municípios mais importantes do Estado de São Paulo, exceto a Capital) não reflete a liderança da chamada Capital do Automóvel no setor industrial. Os recentes dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmam a primeira posição do Município no agrupamento sistematizado por CapitalSocial. Na temporada de 2010, os dados mais atualizados do IBGE, a produção recorde de veículos alargou a liderança de São Bernardo, que cresceu em termos nominais, sem considerar a inflação, 18,33% ante 2009, índice superado apenas por São Caetano, da General Motors, e por São José do Rio Preto.
O desempenho industrial de São Bernardo pode induzir a erros de avaliação e, também, a incursões oníricas. Primeiro, os resultados não surpreendem porque a Província do Grande ABC, e particularmente São Bernardo e São Caetano, surfa nas ondas do consumismo sobrerrodas. O governo federal petista, diferentemente dos anos de chumbo do governo peessedebista que tratou a região a pão e água durante os anos 1990, dá à atividade automotiva prioridade absoluta. Todos os mecanismos possíveis para artificializar a competitividade do setor num mundo globalizado são levados adiante. Principalmente a redução de tributos para aliviar o valor dos produtos. O generoso e apenas mais recentemente cuidadoso sistema de crédito assegura a demanda.
Esses pontos são, na verdade, a estrutura explicativa ao sucesso industrial de São Bernardo em 2010, e de vários municípios da região no mesmo período. Os resultados contrastam com o rendimento médio durante a primeira década deste novo século. Entre 2000 e 2009, tendo como base de cálculos 1999, a Província do Grande ABC não acompanhou o ritmo industrial da maioria dos integrantes do G-20. Principalmente Santo André, endereço das maiores perdas relativas e absolutas da indústria de transformação e que por conta disso mereceria atenção redobrada de agentes públicos e privados em busca de medidas aliviadoras do processo de depauperação do setor.
PIB e números gerais
O crescimento nominal de São Bernardo em 2010 de 18,33% na indústria praticamente empatou com o resultado do PIB Geral do Município, que abrange também os setores de serviços, agropecuário e de Administração Pública, de 18,67% e que assegurou o quarto lugar na classificação final do G-20. Descontando-se a inflação de 5,91% do IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo), medida pelo IBGE, a indústria de São Bernardo cresceu 12,42%, quase cinco pontos percentuais acima do PIB brasileiro naquele ano, de 7,5%.
Entretanto, o melhor desempenho industrial em 2010 no G-20 foi alcançado por São Caetano: embalado pela produção da unidade fabril da General Motors do Brasil, o Município registrou crescimento nominal de 26,09%, ou 20,18% em termos reais, já descontado o desgaste da moeda nacional. Com isso, São Caetano subiu dois pontos na classificação geral do PIB Industrial: passou do 14º para o 12º lugar no G-20.
Não houve mudanças significativas na classificação geral quando se confrontam os números de 2009, divulgados em dezembro do ano passado pelo IBGE, e os números de 2010, revelados agora. O movimento das pedras econômicas é mesmo quase imperceptível em períodos curtos. O alongamento das observações é que move análises mais criteriosas. Comparando-se os dados do PIB Industrial no G-20 tendo 1999 como base de análises, São Bernardo, Guarulhos, São José dos Campos e Campinas estão sempre próximos nos quatro primeiros lugares. Há desgarramentos pontuais determinados por matrizes produtivas eventualmente mais em crise.
Desgarrando-se na liderança
O avanço automotivo de São Bernardo em 2010 é sintomático do distanciamento dos demais perseguidores obtido naquela temporada. Tanto que São Bernardo registrou apenas R$ 628,90 milhões de vantagem sobre a segunda colocada São José dos Campos em 2009. Já os números de 2010 colocam São Bernardo R$ 1.344,61 bilhão adiante da capital do Vale do Paraíba. Mais que o dobro em valores monetários de 2009. Guarulhos e Campinas também ficaram para trás, o que traça a perspectiva de que, mesmo com eventual refluxo do setor automotivo nos próximos anos, dificilmente São Bernardo perderá a posição no setor.
Mas não foram apenas São Bernardo e São Caetano as geografias do sucesso da Província do Grande ABC no PIB Industrial de 2010. Os outros três municípios que integram o G-20 também foram beneficiados com as medidas econômicas direcionadas ao consumo. Diadema cresceu nominalmente 13,96%, como quintal automotivo de São Bernardo, enquanto Santo André avançou 9,06% e Mauá 8,97%, sempre em termos nominais. No conjunto, o G-5 regional totalizou R$ 28.353,83 bilhões de PIB Industrial em 2010, ou 28,76% do PIB Industrial do G-20, que totalizou R$ 98.565,02 bilhões. O crescimento médio do PIB Industrial do G-20 na temporada de 2010 foi de 13,90%. O rendimento do G-5 (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá) foi mais expressivo, de 19,38%, contra 11,82% dos demais municípios do agrupamento, ou seja, do G-15.
Veja o ranking do G-20 no PIB Industrial Paulista:
1. São Bernardo com R$ 12.997,22 bilhões.
2. São José dos Campos com R$ 10.652,61 bilhões.
3. Guarulhos com R$ 9.830,84 bilhões.
4. Campinas com R$ 7.477,49 bilhões.
5. Jundiaí com R$ 6.560,76 bilhões.
6. Sorocaba com R$ 4.999,94 bilhões.
7. Santo André com R$ 4.697,88 bilhões.
8. Diadema com R$ 4.478,64 bilhões.
9. Barueri com R$ 4.343,42 bilhões.
10. Taubaté com R$ 4.167,93 bilhões.
11. Piracicaba com R$ 3.857,62 bilhões.
12. São Caetano com R$ 3.600,56 bilhões.
13. Sumaré com R$ 3.071,88 bilhões.
14. Santos com R$ 3.033,28 bilhões.
15. Osasco com R$ 3.020,10 bilhões.
16. Ribeirão Preto com R$ 2.838,07 bilhões.
17. Mauá com R$ 2.579,53 bilhões.
18. Paulínia com R$ 2.516,96 bilhões.
19. Mogi das Cruzes com R$ 2.453,85 bilhões.
20. São José do Rio Preto com R$ 386,44 bilhões.
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