Os cinco municípios da Província do Grande ABC que integram o G-20 Paulista, o grupo dos 20 maiores endereços territoriais do Estado de São Paulo, exceto a Capital, estão longe de zerar as perdas de emprego industrial com carteira assinada durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, quando a região acelerou processo de desindustrialização. Nos 119 meses sob a direção da administração petista de Lula da Silva e de Dilma Rousseff foram criados em média 439 postos de trabalho no setor de transformação industrial, 44% menos em relação à perda líquida mensal durante o governo de FHC. Com isso, o peso do emprego industrial formal na região segue a perder força ante os demais 15 membros do G-20.
O esgotamento da geração de emprego industrial na Província do Grande ABC ainda está longe de ser projetado, pelo menos em termos catastróficos, mas a redução da velocidade de abertura de novos espaços profissionais no setor que mais produz riqueza é evidente. O saldo de 52.257 empregos industriais na região durante os últimos 119 meses (oito anos de Lula da Silva e 23 meses de Dilma Rousseff) não conseguiu zerar o desastre dos oito anos anteriores que envolvem Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Diadema: foram 76.194 postos de trabalho para o esgoto do esvaziamento econômico, ou 793 a cada 30 dias. O déficit de emprego industrial com carteira assinada nos últimos 17 anos e 11 meses é de 23.937 no G-5 regional. Algo como oito fábricas da Bridgestone Firestone em Santo André.
A participação relativa do emprego industrial formal dos cinco municípios da Província do Grande ABC no G-20 caiu de 27,33% registrados em 2003, primeiro ano do governo Lula da Silva, para 24,20%, até novembro deste ano. O resultado é mais discreto que durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando as medidas econômicas adotadas para descentralizar a produção automotiva, a sem-cerimônia com que foi espalhada a guerra fiscal, além do descaso do governo do Estado afundaram a economia da Província – perdeu-se um terço do PIB. O resultado é um dos maiores desastres econômicos regionais do País.
Contra a maré do ufanismo
Um desastre acompanhado atentamente pelos veículos de comunicação sob o controle editorial deste jornalista. Um comportamento que contrariou a maioria dos veículos da região, submetidos ao torniquete de triunfalismo de gestores públicos e agentes privados enfeitiçados pelo dogma de que as más notícias deveriam (e ainda devem) ser expurgadas do noticiário. Ainda há círculos viciosos de malversadores informativos que insistem na intocabilidade da exuberância econômica da região.
É pouco provável que sem uma cuidadosa reestruturação das matrizes econômicas a Província do Grande ABC consiga pelo menos acabar com o déficit de emprego industrial acumulado desde o lançamento do Plano Real. O baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, cuja previsão é de heroico 1%, atinge em cheio a região. Tanto que nos primeiros 11 meses do ano foram sugados 5.547 postos de trabalho com carteira assinada no setor industrial. O G-20 só registrou saldo positivo no período (393) porque os demais integrantes (principalmente os localizados no Interior do Estado) contabilizaram saldo de 5.940. Ou seja: a economia da Província do Grande ABC em termos de emprego industrial está na contramão do restante do G-20. E emprego industrial é o maior sinalizador de desenvolvimento econômico em localidades onde o terciário (comércio e serviços) não agrega valor.
Em termos absolutos, quem mais perdeu emprego industrial com carteira assinada em 2011 foi Diadema. Foram derrubados 2.139 postos em 11 meses, o que reduziu o saldo positivo acumulado deste 2003 a 13.910 trabalhadores. São Bernardo detém a melhor marca regional de emprego industrial formal desde a chegada de Lula da Silva à presidência da República – 16.618, ou a média mensal de 139, 32% do total da Província do Grande ABC. Santo André ocupa a terceira posição regional na produção de emprego do setor com saldo de 9.250, ante 7.413 de São Caetano e 5.066 de Mauá. O predomínio de São Bernardo e Diadema no emprego industrial formal na região, com acumulado de 30.528 postos do total de 52.257 desde 2003, primeiro ano do governo Lula da Silva, não é surpresa: o setor automotivo, base econômica dos dois municípios registra recordes de produção e venda praticamente a cada nova temporada.
Subdivisões do G-20
Embora o G-20 seja o extrato mais expressivo da economia paulista, sempre levando em conta a ausência da Capital a fim de evitar distorções inevitáveis por conta da grandiosidade paulistana, há subdivisões no agrupamento com características próprias. O G-5 é o conglomerado dos municípios da Província do Grande ABC. O G-10 é o conjunto de municípios do G-20 que estão no Interior do Estado. O G-5B é integrado por outros municípios da Grande São Paulo (Barueri, Osasco, Guarulhos e Mogi das Cruzes) e Santos, na Baixada Paulista. Essa subdivisão é importante para diagnósticos que retiram suposta homogeneidade comportamental do G-20.
No caso do emprego industrial com carteira assinada, por exemplo, o G-10 (formado exclusivamente pelos maiores municípios do Interior) contabilizou desde 2003 o total de 114.837 postos de trabalho com carteira assinada, o que significa 53,18% do total do G-20, que somou 215.948. Uma participação bem mais expressiva que os 52.257 (24,20%) do G-5, dos municípios da Província do Grande ABC. Os demais foram gerados no G-5B, ou seja, 22,62% de participação.
Os dados comprovam que a interiorização industrial é um processo irreversível. A Região Metropolitana de São Paulo, onde se insere a Província do Grande ABC, perderá mais e mais presença industrial nos próximos anos, e dará sequência a uma crônica anunciada que ainda não foi compreendida principalmente na Província do Grande ABC, reticente no enfrentamento da desindustrialização.
A seguir, o saldo de emprego industrial formal no G-20 entre janeiro de 2003 e novembro deste ano, conforme dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego:
Santo André, 9.250.
São Bernardo, 16.618.
São Caetano, 7.413.
Diadema, 13.910.
Mauá, 5.066.
Barueri, 7,306.
Campinas, 17.238.
Guarulhos, 27.625.
Jundiaí, 19.028.
Mogi das Cruzes, 6.055.
Osasco, 6.503.
Paulínia, 3.561.
Piracicaba, 17.146.
Ribeirão Preto, 8.488.
Santos, 1.365.
São José do Rio Preto, 6.921.
São José dos Campos, 3.992.
Sorocaba, 22.476.
Sumaré, 6.717.
Taubaté, 9.270.
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