Imprensa

Mais de 800 páginas depois, um
breve descanso de fim de ano

DANIEL LIMA - 24/12/2012

Depois de escrever desde janeiro deste ano o equivalente a mais de 800 páginas de formato revista, resultado de 2,412 milhões de caracteres divididos em 408 artigos, encerro nesta véspera de Natal uma saga que faz parte da rotina de quase 50 anos de atividades. Volto em sete de janeiro próximo recarregadíssimo, pronto para mais uma temporada de observações, análises, comentários e tudo o mais sobre Esporte, Regionalidade, Administração Pública, Imprensa, Economia, Política, Caso Celso Daniel, Sociedade, Entrevista Especial e Entrevista Indesejada.


 


Escrever 803 páginas de formato revista no ano significa 2,20 páginas por dia. Quem é do ramo jornalístico sabe o que significa tamanho volume. Quem não é, pode traduzir o total de 2,412 milhões de caracteres em seis livros com perto de 200 páginas.


 


Exponho esses números e tento levar aos leitores o dimensionamento físico desse mundo digital por uma única razão, além de eventualmente matar a curiosidade de quem se debruça diariamente ou sazonalmente nesta revista digital: escrever sobre os mais variados temas da Província do Grande ABC é uma tarefa à qual me dedico com paixão total, insanamente se for levar em conta a brevidade da vida. Como o fiz, aliás, durante mais de uma década e meia no Diário do Grande ABC a partir dos anos 1970, no Estadão e no Jornal da Tarde em meados dos anos 1980, e na revista LivreMercado durante praticamente as duas décadas seguintes. Sem contar mais nove meses de Diretor de Redação e de jornalista que mais escreveu durante o período para o Diário do Grande ABC. Prefiro deixar de lado o período que antecedeu a tudo isso, quando iniciei jornada em Araçatuba, numa revista semanal montada no sistema Gutenberg, letra por letra, e numa emissora de rádio local. Sem contar os tempos de Gazeta da Mooca, primeiro emprego por aqui, no jornal O Repórter, de Santo André, e na Radio ABC.


 


Oxigênio da vida


 


Traduzindo ainda mais: escrever está para este jornalista assim como o oxigênio que respiro, a paixão por livros em busca de conhecimento, a voracidade por jornais e revistas impressos, a seleção de textos de endereços digitais cada vez mais densos, o entusiasmo pelo time de devoção, o aguardar diário da telenovela das nove, a paixão por uma boa música, seja qual for o gênero, o convívio com pessoas a quem dedico sincero relacionamento -- essas e muitas outras experiências que tornam a vida um espetáculo imperdível, por mais que os obstáculos pareçam insistentes.


 


É por essas e outras razões que me transformo completamente e ouso desprezar todos os eventuais riscos quando pretendem de alguma forma, de forma geralmente injusta, quando não oportunista, me retirarem de circulação comunicativa. Caso específico, para ser franco, sincero e contundente, do empresário Milton Bigucci, há muito premiado pela morosidade de autoridades que têm por incumbência moralizar o mercado imobiliário. Do alto do poderio econômico, Milton Bigucci jamais se ateve ao contragolpe que lhe imponho como mantra, dedicando-me ainda mais à atividade jornalística para torná-lo cada vez mais dispensável como fonte confiável de informações.


 


Foi por conta do autoritarismo de quem pretende o improvável descuido da Justiça para impingir-me o sacrifício de cerceamento do direito inalienável de escrever com responsabilidade social que me dedico cada vez mais a desvendar, também, os segredos do mercado imobiliário. Milton Bigucci não tem ideia do que faço no cotidiano para armar-me de informações e desafiá-lo a ser menos empresário e mais empreendedor -- milagre que provavelmente jamais se efetivará, porque ele é por natureza pragmático.


 


Confiança testada


 


Os leitores sabem que se há um endereço midiático no qual se pode confiar a sede de informações que transcendem o jornalismo fastfoodiano da maioria dos veículos regionais, este é CapitalSocial. Não pretendo praticar o que muitos qualificariam equivocadamente de cabotinismo, ao desfilar uma enxurrada de matérias que ultrapassam com louvor a mesmice da maioria da mídia regional. Os leitores inteligentes sabem muito bem que CapitalSocial não está no mercado para avalizar acriticamente quem quer que seja e que, contrariamente à maioria dos veículos de comunicação, submete-se tranquilamente e para valer à democracia do contraditório. Uma pena, entretanto, que, como não escrevo uma linha sequer sem imaginar a possibilidade de réplica, raramente tenho a possibilidade de exercitar a tréplica, porque são raros os eventualmente criticados ou contestados que reagem.


 


Como reagir ante questionamentos insofismáveis? Como o prefeito Luiz Marinho, por exemplo, vai explicar a fanfarronice de mandar publicar uma matéria de capa de jornal desfilando o onirismo de construção de um aeroporto internacional em São Bernardo quando, na verdade, o Município mal comporta uma pistazinha de pouso?


 


Com perdão da sinceridade, o que distingue jornalista de verdade de falsos jornalístas, principalmente de quem se considera jornalista porque é dono de veículo de comunicação, é o apetrechamento técnico e estilístico para exercer uma profissão que, independentemente de direitos constitucionais, é reconhecida por leitores que têm cérebro e apreciam somar conhecimento, mesmo que isso não represente, necessariamente, alinhamento às exposições formuladas.


 


Jamais a maioria dos leitores vai entender – mesmo os leitores mais respeitosos, mais dedicados a este endereço eletrônico – o significado do jornalismo praticado por esse profissional. Lanço-me com tanta intensidade para produzir estas linhas, embrenho-me com tal volúpia nas mais variadas fontes de informações, mantendo para tanto um arquivo impresso de mais de 200 mil páginas, que o preço a pagar, no conceito de quem enxerga tudo como ônus, é imensurável.


 


Destemor irrestrito


 


A diferença é que faço tudo com tamanho carinho, dedicação, empenho e satisfação que, acreditem, me sinto realizado diariamente com a oportunidade que o poderoso concedeu de contribuir com a sociedade. Principalmente ao enfrentar, destemidamente -- sim destemidamente -- os transgressores éticos de nossas praças provincianas. Gente que só quer levar vantagem material e que não suporta a existência de alguém que possa denunciá-los.


 


Teremos duas semanas de folga para recarregar a bateria. Algo que farei das mais diversas maneiras, entre as quais a leitura ávida de jornais, revistas, livros. E também com a intensificação de minhas corridinhas para colocar mais vida em meus anos, e não mais anos em minha vida, como diria o saudoso Armando Nogueira, um dos muitos mestres do jornalismo a inspirar minha metralhadora giratória para denunciar os delinquentes que estão por aí e, com isso, dar minha contribuição à proteção daqueles que não têm voz nessa falsa democracia em que vivemos. Uma democracia de araque, que protege os endinheirados, que os eleva à enésima potência da benemerência quando, de fato, não passam de contraventores sociais.


Leia mais matérias desta seção: Imprensa

Total de 1859 matérias | Página 1

16/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (14)
13/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (13)
11/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (12)
09/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (11)
05/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (10)
03/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (9)
21/08/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (8)
15/08/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (7)
08/08/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (6)
02/08/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (5)
25/07/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (4)
16/07/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (3)
10/07/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (2)
04/07/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (1)
13/06/2024 CapitalSocial: atacado do atacado e livro histórico
09/05/2024 Perguntas para o deputado Manente
08/05/2024 Veja as perguntas ao sindicalista Martinha
07/05/2024 Veja todas as perguntas ao vereador Carlos Ferreira
06/05/2024 Ao Judiciário e ao MP: acusado faz ameaça