A bancada de sustentação da administração Aidan Ravin na Câmara Legislativa de Santo André não pode desacelerar o trâmite do projeto de lei de Gilberto Wachtler Primavera que pretende acabar com a farra do boi de ocupação de áreas contaminadas. É preciso impor velocidade à aprovação da proposta porque não existe empecilho legal algum. O texto é praticamente uma réplica do que a Câmara Legislativa da Capital aprovou e o prefeito Gilberto Kassad assinou.
O Residencial Ventura, espécie de Barão de Mauá da classe média que se instalou no Bairro Jardim, em Santo André, é o mais emblemático dos exemplos de despudor de empresários oportunistas. Caso de Sérgio De Nadai, penetra no setor imobiliário e magnata de quentinhas do sistema penitenciário.
É preciso que o prefeito Aidan Ravin dê mostras de que não tem o rabo preso com grupos que fazem do mercado imobiliário esculhambação de República de Bananas. E que também outros prefeitos do Grande ABC, igualmente sensibilizados por vereadores que estão fora da órbita dos lobbistas do mercado imobiliário, sigam o exemplo que se espera de Santo André e atuem com agilidade e rigor.
O Grande ABC fortemente desindustrializado e repaginado não pode continuar à deriva de tratamento ambientalmente sustentável no setor imobiliário.
As irregularidades do Residencial Ventura são uma das denúncias a que este jornalista teve acesso e pode comprovar. Há prováveis dezenas de casos amordaçados por interesses que não resistiriam a uma blitz.
No caso de Santo André e do projeto do vereador petebista Gilberto Wachtler Primavera, vou mais longe: também as entidades de classe empresarial, social e acadêmica deveriam mobilizar-se para prestar apoio ao prefeito Aidan Ravin na consecução de um processo histórico de moralização do solo municipal, com amplas condições de espalhamento regional.
Ou alguém tem dúvidas do quanto terrenos ambientalmente danosos à saúde e à sustentabilidade, quando manipulados por malversadores econômicos, transformam-se em objetos de desvio da isonomia de direitos de competitividade do capitalismo?
Quando alguém, caso comprovado da Família De Nadai, se lança a negociar um empreendimento imobiliário planejado em terreno contaminado por uma indústria química durante 70 anos, os concorrentes são os primeiros derrotados. Os proprietários dos apartamentos, então, terão de conviver com a possibilidade de transtornos.
Como aquela área de antigas instalações da Atlântis, recusada por várias companhias imobiliárias durante muitos anos, de repente, virou o que virou?
A melhor resposta é que Sérgio De Nadai é um negociador e tanto. E com impetuosidade própria de quem se sente impune, já que trafega entre gente graduada da política nacional. Reuniria anticorpos que lhe permitiriam navegar sempre com a certeza de que não haveria borrascas a enfrentar.
Já imaginaram se o projeto de lei de Gilberto Wachtler Primavera já estivesse a pleno vapor e que, para dotá-lo de tessitura comunitária que caberia perfeitamente numa empreitada social, o prefeito Aidan Ravin convocasse respeitáveis lideranças ambientais para uma empreitada especial de reconhecimento do terreno em que o megaempreendimento imobiliário foi plantado?
Coloco à disposição dos veículos de comunicação da região e de onde for documentos que comprovam irregularidades do Residencial Ventura. Faço-o no sentido de desafio a que o utilizem para denunciar o que venho denunciando há muito tempo.
Imaginar que a entidade presidida pelo empresário Milton Bigucci,que supostamente representaria os empreendedores do mercado imobiliário do Grande ABC, se prestaria a reforçar o tom de indignação contido no projeto de lei de Gilberto Wachtler Primavera é assinar atestado de óbito intelectual.
O que mais a tal de Acigabc quer é que a sociedade esqueça que exista qualquer possibilidade de o mercado imobiliário apresentar esse tipo de mancha. Já foi assim com o caso do Condomínio Barão de Mauá. Milton Bigucci é um ponta-de-lança do que existe de pior no corporativismo empresarial. Está interessado única e exclusivamente em fabricar rentabilidade na atividade. Principalmente dos poucos parceiros com os quais divide um pedaço do naco da entidade que comanda bem antes de o muro de Berlim vir abaixo.
O prefeito Aidan Ravin tem uma grande oportunidade de mostrar que o mercado imobiliário não pode continuar como joguete nas mãos interesseiras de gente que quer levar vantagem em tudo. Que a Câmara Municipal de Santo André seja ágil, decidida e rígida. O projeto de lei do vereador Gilberto Wachtler Primavera é uma das melhores notícias dos últimos tempos no Grande ABC. Merece comemoração. E adesão. E, evidentemente, deixa muita gente constrangida.
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