Quantas gestões petistas serão necessárias para que o déficit de emprego industrial com carteira assinada acumulado durante os oito anos do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso seja zerado?
Possivelmente jamais os petistas que há 10 anos comandam o Palácio do Planalto registrarão essa façanha porque ainda faltam 25.509 dos 81.444 postos de trabalho que os anos 1990, de abertura econômica e de descentralização automotiva, deixaram de passivo na região. Também embalou os estragos regionais nas quatro últimas décadas a luta sindical iniciada no final dos anos 1970, entre outros motivos que fomentaram a descentralização da atividade a novos endereços do Estado e do País.
A perda líquida de 6.972 carteiras de trabalho assinadas em 2012 reverteu uma reação discreta dos anos anteriores. O quadro macroeconômico nacional e internacional não sinaliza céu de brigadeiro para o setor de transformação industrial.
Os empregos com carteira assinada nos setores de comércio e serviços não têm na Província do Grande ABC a expressividade social que os coloque em posição de destaque numa grade de avaliação que seja associada a desenvolvimento econômico. Diferentemente, portanto, da Capital vizinha, centro de gastronomia, de cultura, de entretenimento, do sistema financeiro e de hotelaria e de tantos outros polos de serviços. O fenômeno de emprego em profusão em setores que não adicionam muito valor econômico é generalizado no País, mas apenas as capitais atendem a requisitos de agregação de valor.
Se no final do ano passado faltavam em números redondos 21 mil empregos industriais com carteira assinada nas fábricas da Província do Grande ABC para que os efeitos do Plano Real e das mudanças macroeconômicas do governo Fernando Henrique Cardoso fossem minimizados, agora faltam 25.509. A Província patinou no ano passado na atividade industrial e perdeu 6.972 trabalhadores.
Faltam sensores
Não há sensores qualificados na Província do Grande ABC que especifiquem a origem da quebra do emprego industrial no ano passado, mas há indicativos que ajudam a decifrar o enigma.
O setor automotivo, coração regional e responsável por 20% do mercado de veículos de passeio no País, e por mais da metade da produção de ônibus, foi pressionado pela conjuntura econômica internacional e mesmo com incentivos fiscais federais não apresentou o desempenho de temporadas anteriores. Além disso, a concorrência internacional tanto nas exportações quanto nas importações ajuda a complicar o quadro.
Há mais que indícios, há fortes constatações de que o emprego industrial na Província do Grande ABC jamais viverá aumentos significativos de contingentes, mesmo com políticas de estimulo ao consumo no País. Entre janeiro de 2003 e dezembro do ano passado, período em que Lula da Silva (até dezembro de 2010) e Dilma Rousseff (de janeiro de 2011 a dezembro de 2012) ocuparam a presidência do País, a Província do Grande ABC contratou 55.828 trabalhadores para o setor de transformação, média mensal de 465,23 profissionais, e média anual de 5.582 pessoas. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso a Província perdeu 81.327 trabalhadores industriais, média mensal de 847,15 e média anual de 10.165,87 postos de trabalho.
Somente em 2017?
Considerando-se que a Província do Grande ABC repita a média de recuperação de empregos industriais dos 10 anos completos das gestões de Lula da Silva e de Dilma Rousseff, numa contabilidade de valor especulativo, serão necessários mais quatro anos e meio de comando federal. Ou seja: apenas com possível eleição de Dilma Rousseff o PT zeraria a conta na região. Dessa forma, na melhor das hipóteses, a Província só voltaria a contar com o universo de trabalhadores industriais registrados em 1944 quando chegar 2017. É melhor não apostar nessa possibilidade porque a velocidade de contratações diminui a cada nova temporada. Isso quando não ocorrem recaídas, como no ano passado.
Quando Fernando Henrique Cardoso deixou a Presidência da República em dezembro de 2002, a Província do Grande ABC contava com 195.216 empregos industriais formais. No final do ano passado, depois de uma década no poder federal, o PT acumulava 55.828 postos de trabalho de saldo na indústria, totalizando 251.044. O emprego industrial da Província do Grande ABC contava com 276.660 postos de trabalho com carteira assinada quando foi implementado o Plano Real, em 1994 -- portando antes da posse de Fernando Henrique Cardoso. É esse número que baliza a contabilidade de CapitalSocial.
São Bernardo, Capital Econômica da região, registra o mais elevado saldo de empregos industriais com carteira assinada durante os 10 anos de gestores petistas. Nenhuma surpresa, por conta da força relativa da indústria automotiva e, principalmente, porque nos 96 meses de gestão Fernando Henrique Cardoso a quebra de quadros de trabalhadores foi recorde. Ou seja: o Município regional mais duramente afetado pela descentralização da produção automotiva em várias unidades do País saiu do fundo do poço com o presidente Lula da Silva, principalmente. O mesmo Lula da Silva que transformou o então Estádio de Vila Euclides em campo de insurgência sindical.
Diadema está em segundo na classificação, também sob influência da produção de veículos. Santo André, de economia mais diversificada, está em terceiro lugar, seguida de São Caetano, Ribeirão Pires, Mauá e Rio Grande da Serra.
Veja alguns históricos sobre o comportamento do emprego industrial contabilizado pelo Ministério do Trabalho desde a chegada de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto, passando por Lula da Silva e agora por Dilma Rousseff:
São Bernardo contava com 119.867 empregos industriais em 1994, caiu para 83.484 em 2002 e subiu para 99.658 em 2012. O déficit a partir do Plano Real é de 20.209 postos de trabalho, ou 79,25% do total da região.
Santo André contava com 41.392 empregos em 1994, caiu para 29.005 durante o governo FHC e subiu para 38.074 com o PT. Um saldo negativo de 3.318 empregos.
São Caetano contava com 26.136 empregos industriais em 1994, caiu para 14.527 em 2011 e subiu para 21.688 em 2012. Saldo negativo no período de 4.448 carteiras assinadas.
Diadema contava com 61.286 empregos industriais em 1994, caiu para 43.849 em 2002 e subiu para 57.458 em 2012. Déficit de 3.828 empregos.
Mauá contava com 15.842 trabalhadores em 1994, aumentou para 17.454 ao final do governo FHC e subiu após 10 anos de PT para 22.217 em 2012. Saldo positivo de 6.375.
Ribeirão Pires contava com 11.466 empregos industriais em 1994, caiu para 6.226 em 2002 e subiu para 11.137 em 2012. Saldo negativo de 329 postos de trabalho.
Rio Grande da Serra contava com 671 empregos industriais em 1994, subiu para 778 em 2002 e 919 em 2012. Saldo positivo de 248 trabalhadores.
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