Economia

Grande Osasco cresce três vezes
mais que Grande ABC em empresas

DANIEL LIMA - 01/10/2010

Os números deste texto que compara outra vez duas áreas da Grande São Paulo afetadas pelo Rodoanel têm como fonte a IPC Marketing, empresa que reúne montanha de informações para marcar sucessivos gols de placa num dos indicadores mais importantes para quem quer conhecer melhor o Brasil, no caso o Índice de Potencial de Consumo: nos últimos 11 anos, entre janeiro de 1999 e janeiro de 2010, a Grande Osasco apresentou crescimento três vezes superior ao Grande ABC ao se considerar o número de empresas formalmente instaladas.


A tomada de pulso de números de unidades empresariais carrega sempre a possibilidade de trombose informativa, porque nem sempre mais organizações privadas significam mais geração de riqueza.


Esse não é o caso, conforme mostramos em outros textos em que exploramos o confronto entre o chamado G-7 (Grande ABC) e o G-8 (Grande Osasco).


Repetimos aos leitores o que expusemos em matérias anteriores: o enfrentamento de Grande ABC e Grande Osasco tem como amálgama a construção do trecho oeste do Rodoanel, inaugurado em 2002, e a construção do trecho sul, entregue em abril deste ano.


O trecho oeste modificou completamente a Grande Osasco mas, como tenho afirmado sem o menor temor de cometer equívoco — e muito menos preocupado com o politicamente correto da repercussão destas linhas — o trecho sul alterará muito pouco as entranhas econômicas dos sete municípios do Grande ABC.


Na Grande Osasco o Rodoanel é agente integracionista dos municípios, com 13 acessos em áreas urbanas que se comunicam numa dinâmica muito própria de complementaridade e de indução ao crescimento econômico.


No Grande ABC, o Rodoanel é agente prevalecedoramente de intervenção logística a encurtar o trajeto entre Capital e Baixada Santista. Apenas três alças de acesso estão localizadas na região — na Imigrantes, na Anchieta e em Mauá –, bem distantes de muitos núcleos empresariais estrangulados por logística interna contraproducente.


Em janeiro de 1999 a Grande Osasco contava com 42.561 empresas de comércio, serviços, indústrias, serviços e agricultura. Saltou para 83.295 em janeiro deste ano. Um avanço de 95,7%. Já o Grande ABC contava com 71.878 empresas em janeiro de 1999 e registrou em janeiro de 2010 o total de 95.202, com crescimento de 32,4%.


Não é preciso ser mais que um simples observador para a medição da temperatura de expectativa ou de percepção de desenvolvimento econômico entre uma região que cresce tanto e uma outra área que cresce bem menos. O capital não tem por costume trocar os pés pelas mãos. Se o corredor de interesses de investimentos encontra na Grande Osasco uma velocidade bem maior de crescimento, medido pelo número de empreendimentos, está escancarada a porta de complicações do Grande ABC. Ou estarei maluco de pedra?


Não há elementos que possam contestar a realidade dos números e dos fatos: a Grande Osasco tem mesmo apresentado dinamismo econômico que supera largamente o Grande ABC.


Se alguém duvida do deslocamento do eixo de avanço no interior da Região Metropolitana de São Paulo do Grande ABC para a Grande Osasco deveria cair na real. O encalacramento em que a natureza nos meteu, numa extensa área de mananciais que ocupam mais de 50% do território regional, sob pressão ambientalista da Serra do Mar, entre tantos outros fatores, coloca o Grande ABC no acostamento. O trecho oeste do Rodoanel impulsionou esse processo, denunciado por este jornalista durante muitos anos. E o trecho sul, que tangencia o Grande ABC, não é a solução que oportunistas de plantão tanto panfletearam.


Com população 28% superior em relação à Grande Osasco, o Grande ABC conta com superioridade de 12,5% de empresas. Antes da chegada do Rodoanel na Grande Osasco, em 1999, a diferença era de 40%.


A tradução dessa conta é que em Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba, que formam o G-8, há mais unidades de empreendedorismo por habitante do que no Grande ABC. Nada que seja nocivo ao tecido social da Grande Osasco com eventual excesso de oferta. Conforme mostramos anteriormente, aquela área conta com produção de riqueza em forma de Valor Adicionado 2,23% superior ao Grande ABC numa contabilidade que leva em consideração a média por habitante.


A particularização do embate entre Grande ABC e Grande Osasco num detalhamento que envolve o setor industrial, o mais importante ao desenvolvimento econômico, pode ser traduzida com os seguintes números:



  • Em 1999, a Grande Osasco contava com 4.721 unidades do setor, enquanto o Grande ABC registrava 9.489 — uma diferença de 56,57%.
  • Em 2010, a Grande Osasco registrava 6.768 unidades industriais, enquanto o Grande ABC contabilizava 10.290, o que estabelecia diferença de 34,22%.

Isso significa que gradualmente se reduz a vantagem do Grande ABC em estabelecimentos industriais.


Se a indústria da Grande Osasco avança — e ajuda a explicar o crescimento do Valor Adicionado — no setor de serviços o embate é muito mais parelho. Vejam os números:



  • Em 1999, a Grande Osasco registrava 17.902 empreendimentos de serviços, enquanto o Grande ABC somava 29.933 — o que garantia uma vantagem de 40%.
  • Em 2010, a Grande Osasco contabilizava 51.144 empreendimentos de serviços, contra 52,262 do Grande ABC. Temos, portanto, empate técnico.

O setor de comércio da Grande Osasco também deu saltos bem maiores que os do Grande ABC.



  • Em 1994, a Grande Osasco contava com 19.572 estabelecimentos comerciais, enquanto o Grande ABC somava 32.016, o que dava diferença de 39%.
  • Em 2010, a Grande Osasco somava 25.260 empreendimentos comerciais, contra 32.547 do Grande ABC. A distância se reduziu a 22%.

Ainda faltam vários vetores dessa disputa geoeconômica e também social que envolve o Grande ABC e a Grande Osasco. A próxima abordagem dará conta o Índice de Potencial de Consumo. Com uma surpresa desse temário que tem Marcos Pazzini, da IPC Marketing, como um dos maiores especialistas do País. Uma surpresa que só revelaremos no próximo texto.


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