Vou contar até esta quarta-feira, 19 de junho, uma história surreal: um inocente julgado em São Bernardo vira bandido em julgamento realizado em Santo André. Não acreditaram? Tratem de acreditar, porque o inocente é este jornalista, e o bandido é também este jornalista. Sabem os leitores quem é o acusador ao qual a Justiça de Santo André, contrariando a Justiça de São Bernardo, resolveu dar guarida? O empresário Milton Bigucci, presidente da MBigucci, presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. Ainda outro dia Milton Bigucci foi condenado pela Justiça de São Bernardo por uma transgressão continuada. A pena foi sentenciada após denúncia formal do Ministério Público do Consumidor, por abuso contra a clientela e também por enriquecimento ilícito.
Pretendia relatar a história absurda de ter virado bandido assim que soube da decisão do magistrado de primeira instância em Santo André. Preferi esperar a reação já esperada de comemoração de Milton Bigucci. Quem o conhece bem, como este jornalista, sabe que ele não perderia a oportunidade para atacar um inocente que virou bandido.
Estava esquecendo de dizer que o empresário Milton Bigucci também está metido no arremate fraudulento de uma área pública em São Bernardo, onde pretende construir o Marco Zero, empreendimento festejado como o suprassumo do encontro entre geografia estratégica e infraestrutura fenomenal. O Corregedor-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo, ou seja, o chefe do MP paulista, já determinou a abertura de inquérito criminal para apurar o caso mais que esmiuçado por este jornalista e que consta desta revista digital. Uma falcatrua irrebatível.
Meias verdades
Utilizando-se de assessoria de comunicação do Clube dos Construtores, entidade estruturalmente falida e sem representatividade institucional na região, Milton Bigucci mandou para um mundaréu de gente a notícia de que este jornalista fora condenado pela Justiça. Uma meia verdade, claro, porque sofismar é sua especialidade. Tanto sofismar quanto se utilizar da infraestrutura material do Clube dos Construtores para um assunto que ele diz ser de caráter pessoal, ou seja, este jornalista o atingiu como pessoa física. Uma bobagem sem tamanho. Ele sabe que este jornalista só se refere a ele como pessoa institucional e como pessoa corporativa. Sua vida privada não me diz respeito. Como tantas outras vidas privadas. Ao utilizar assessoria de comunicação do Clube dos Construtores, Milton Bigucci confessa publicamente o que tanto a promotora criminal e o juiz de Santo André preferiram desqualificar: trata-se de questão jornalística de interesse publico dizer que Milton Bigucci é inoperante como dirigente de uma entidade de classe e não exatamente um primor de exemplo como empresário.
Milton Bigucci se esqueceu de contar a história completa que vou relatar na edição de quarta-feira. A história de que um braço da Justiça desatualizado sobre o significado de liberdade de expressão e liberdade de imprensa, me tratou como bandido sanguinolento no campo jornalístico. A atividade sacrossanta de informar o público sobre assuntos de interesse social foi simplesmente jogada no lixo por influência de uma promotora criminal que mantém explícita hostilidade a este jornalista.
Vou contar toda a história aos leitores. Sem mais nem menos. A sentença do juiz de Santo André colide não só frontalmente com a sentença do juiz de São Bernardo como também me transforma em bandido que só não está trancafiado porque se ofereceu benevolente permissão para que eu possa traduzir a pena em indenização. É claro que estou recorrendo à segunda instância.
Milton Bigucci tem duas manias quando trata com a mídia: ou a lubrifica com promessas e a bajula permanentemente, sempre com recíprocas editoriais, ou vai à Justiça quando encontra algum jornalista independente. A Justiça de Santo André me transformou em bandido. Por mais bandido que supostamente seja este jornalista, sempre estarei muitos patamares acima do nível ético e moral de Milton Bigucci.
A clientela da MBigucci, o promotor de Justiça do Consumidor de São Bernardo e a juíza da 7ª Vara Cível de São Bernardo, que deu total respaldo à denúncia sobre os métodos que o empresário utiliza, me asseguram certeza absoluta de que o jogo jogado em Santo André foi apenas e exclusivamente um descuido por conta de perseguição de uma integrante do MP, cujo comportamento denunciarei ao Corregedor-Geral do Ministério Público. A medida a tomar é uma questão de bom senso, porque respeito essa instituição que não pode ser julgada por excessos no encaminhamento de denúncia claramente manchada de hermenêutica muito particular.
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16/09/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (14)