Vou deixar para amanhã, terça-feira, o que poderia fazer hoje, segunda-feira: escrever sobre a denúncia de primeiríssima página do Diário do Grande ABC sobre a contratação de um profissional da área de Educação, Klinger Sousa, para atuar como consultor ou lobista, seja lá o que for, em nome da Fundação do ABC, entidade presidida por Maurício Xangola Mindrisz. O xangolismo de Xangola é substantivo e adjetivo, mas nem tudo que reluz é ouro. A Administração Luiz Marinho está envolvida até na medula na gestão da Fundação do ABC. Seria justo enquadrar o petista como símbolo de uma suposta deterioração daquela instituição?
Tenho tanto a escrever sobre esse assunto – e já me cobram muito nesse sentido – que preferi deixar para depois porque assim posso me cacifar com adicionais de informações, embora o que já disponibilize seja suficiente para tentar dar uma acertada geral no noticiário. Há alguns pontos mais que extravagantes a considerar, enquanto outros, mais recônditos, recomendem convocação para fortalecer determinados pontos de vista.
A conclusão a que eventual labirinto desse enredo enseja é simples, reta e direta: a Fundação do ABC é uma regionalidade agressivamente permissiva e despudoramente vergonhosa porque carrega no próprio ventre o vírus do compadrio, do corporativismo e também de uma suruba de cores partidárias que vão muito além do caráter multifacetado das fontes de financiamento dos contratos.
Quem que se aventurar a imaginar o que vou escrever sobre novos desdobramentos da Fundação do ABC correrá o risco de se surpreender. Tenho cá comigo algumas avaliações das quais não abro mão entre outros motivos porque a tentativa de tornar circunstancial o que é histórico e circunscrever a um exemplar o que é tradição daquela instituição não combina com a legitimidade das informações que qualquer jornalista independente tem obrigação de registrar.
A Fundação do ABC só não é mais importante como objeto de fiscalização permanente da mídia e da sociedade como um todo porque as forças políticas que sequestraram fecharam-se em copas num requintado concerto de conveniências que se amolda aos interesses dos poderosos de plantão.
Devo esclarecer que um certo ar de sofisticação deste texto é proposital. Há situações que exigem verniz acadêmico, que não tenho, ou de agentes políticos intelectualizados, que não sou. Trata-se, nesse caso, de uma fórmula maquiavélica de preparar o terreno para um texto mais cortante e incisivo.
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08/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (31)