A Província do Grande ABC pós-Plano Real perdeu parte relevante do dinamismo e da força da indústria de transformação, com repercussões evidentes no processo de desenvolvimento econômico no sentido mais amplo da expressão. Para piorar a vida de quase três milhões de habitantes, os prefeitos eleitos desde então não perderam tempo: aumentaram a carga de impostos municipais em volume bem maior que os demais municípios que compõem o G-20, o grupo dos mais importantes endereços do Estado, exceto a Capital. A Província do Grande ABC conta com cinco municípios no G-20. Apenas Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires estão fora da relação e influenciam muito pouco os números gerais da região.
Carga tributária própria mais elevada e menos riqueza produzida formam dobradinha explosiva. Os números e os detalhes sobre o comportamento da economia da região e dos outros 15 municípios mais fortes do Estado de São Paulo, nossos concorrentes na disputa por investimentos, começarão a ser apresentados ainda nesta semana por CapitalSocial.
Não é novidade que a Província do Grande ABC perde cada vez mais terreno no G-20 Paulista, uma espécie de Campeonato Paulista de Desenvolvimento Econômico e Social sem a participação da Capital. Esta revista digital formatou o G-20 para evitar que o triunfalismo inconsequente prevaleça com estudos fajutos que esquecem de confrontar os resultados locais com outras praças competitivas. Quem se der ao trabalho de pesquisar nesta revista digital (basta ir ao mecanismo de busca e digitar “G-20”, sem aspas) vai constatar que não faltam indicadores a nos pressionar, porque os resultados se deterioraram ao longo das duas últimas décadas enquanto a região não sai da pasmaceira de promessas e lorotas integracionistas.
Revelar cada vez mais dados sociais e econômicos da Província do Grande ABC é missão que CapitalSocial herdou da revista LivreMercado, publicação que criamos no início dos anos 1990 e que acompanhou atentamente durante duas décadas o quanto sofremos com a guerra fiscal, com os rescaldos do sindicalismo agressivo e com a abertura econômica desvairada no setor automotivo, principalmente.
Análises por etapa
A análise que faremos nos próximos dias não se esgotará numa única edição deste CapitalSocial. Há vários vetores a considerar. Se é verdade que os primeiros novos estudos não deixarão dúvidas de que os prefeitos eleitos na Província do Grande ABC desde a década passada estão cada vez mais gulosos na produção de impostos e na contramão do refluxo de geração de riqueza, preferimos estender e aprofundar as informações e as avaliações para que não fique pedra de dúvidas sobre pedra sobre os dados apresentados.
Ouso dizer que o G-20 é um tiro certeiro para equacionar interpretações respaldadas por dados estatísticos oficiais. O isolamento de análises exclusivamente em torno dos municípios da Província do Grande ABC é inadequado porque pode gerar a falsa ilusão de que crescemos num determinado indicador econômico ou social durante um período específico quando, de fato, experimentamos fracasso ao confrontarem os números com outros endereços paulistas que despertam já há muito tempo o olhar e a atenção de empreendedores dispostos a investir. O G-20 é uma espécie de Campeonato Paulista da Série A, sem a participação da Capital, estrondosamente líder.
Exemplo do Rodoanel
Vem de longe nossa preocupação com a abrangência estatística que registramos situações que jamais tiveram abordagem sistêmica da mídia. Por exemplo: o trecho oeste do Rodoanel, que serve a Osasco e a vários outros municípios colados à Capital, mudou a geografia de investimentos na Região Metropolitana de São Paulo, em detrimento, inclusive, da Província do Grande ABC.
A expectativa de que a Província reagiria fortemente com a chegada do trecho sul do Rodoanel, a ponto de o governador Geraldo Alckmin afirmar que a região se transformara na melhor esquina do País, se comprovou bravata típica de elucubrações eleitorais. O Rodoanel Sul é um traçado sem inserção profunda nos municípios locais, contando para tanto com apenas três alças de acesso e, mesmo assim, tangenciais a Diadema, São Bernardo, Santo André e Mauá, enquanto o Rodoanel Oeste, de Osasco e vizinhança, oferece 13 alternativas diferentes de acessibilidade.
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08/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (31)