Vou escrever amanhã, terça-feira, sobre o assunto, mas não resisto a preparar esta chamada para deixar um ponto de interrogação sobre algumas cabecinhas premiadas de Santo André: a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico, Oswana Fameli, acaba de descobrir a pólvora, o telefone sem fio, o verde do Palmeiras, o tricolor do São Paulo e o alvinegro do Corinthians. Uma façanha e tanto, convenhamos, partindo de quem partiu.
E de quem partiu a descoberta? De uma profissional de Educação, herdeira de uma pequena e respeitada escola na periferia de Santo André. Agradável, sensível, elegante, foi escolhida, porque mulher, para compor a chapa vitoriosa de Carlos Grana na disputa eleitoral do ano passado em Santo André.
Ganhar de Aidan Ravin no fim da picada de uma Administração que se notabilizou pela esparrela de chegar às manchetes muito mais pelos escândalos do que por obras e planos, não foi nenhuma surpresa para Carlos Grana. O peso da candidata a vice-prefeita não foi lá essas coisas -- até porque era pouco conhecida. Bancada por parte da diretoria da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) com ramificações no Diário do Grande ABC, Oswana Fameli, minha amiga nos tempos de conselheira da revista LivreMercado, foi levada ao segundo cargo mais importante do Executivo de Santo André.
O problema é que lhe reservaram adicionalmente a titularidade na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Mais que isso, porque elogio vazio no setor público é erva daninha, fizeram-lhe crer que pode ser uma boa secretária. Até poderia ser, desde que contasse com assessores muito mais habilitados e preparados do que a própria titular, alheia ao mundo econômico. Mas quem disse que a Administração Carlos Grana tem alguma intimidade com desenvolvimento econômico, exceto vasculhar mal e porcamente a herança deixada por Celso Daniel e alardear aos quatro cantos que vai ressuscitá-la?
Fronteiras distintas
A educadora Oswana Fameli, durante muitos anos presidente de uma associação de classe sem representatividade alguma, tem qualidades como interlocutora da Administração Pública, menos quando fala de economia. A facilidade em dialogar com interlocutores deve ser reconhecida. Basta assistir a uma entrevista qualquer de Oswana Fameli e lá temos uma mulher com porte, elegância, frases arredondadas em generalidades. Só esqueceram de avisá-la que lhe falta conteúdo apetrechado à função que lhe deram de presente.
Pois é sobre isso que vou escrever amanhã. Preferia, juro por todos os juros, jamais ter redigido uma linha sequer sobre a atuação de Oswana Fameli no setor público. Entretanto, porque uma velha companheira de trabalho como, repito, conselheira de LivreMercado, acabou indo para o outro lado da fronteira de relacionamentos. É impossível que me veja como antes e igualmente impossível que a veja também como no passado. Não pratico hipocrisia. Ainda outra dia tivemos um encontro ocasional e respeitoso, mas não passamos de cumprimentos formais.
É lamentável, mas o que se pode fazer se o jornalismo está acima de tudo? Oswana Fameli não é a primeira nem será a última das pessoas com quem dividirei relações entre o antes e o depois de ocuparem cargo público. Nesta terça-feira vou dizer por que Oswana Fameli descobriu a pólvora, por que anunciou as cores do Trio de Ferro e também, entre outras proezas, por que garante que a terra é redonda, como a bola de futebol. Lamentavelmente, estamos num mato sem cachorro para ajustar a realidade de Santo André às perdas econômicas históricas.
Ganha um doce de batata doce quem acertar o nome do Município da região campeão em receita tributária própria quando confrontada com repasses do governo estadual e federal no período de 15 anos pesquisado por CapitalSocial. Quem apostar que é São Bernardo pode degustar o prêmio. Em quase duas décadas os cofres da Capital Econômica da Província engordaram mais que o dobro quando confrontados com recursos tributários gerados por atividades geradoras de impostos estaduais e federais.
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08/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (31)