Vou fazer suspense até amanhã, quinta-feira, porque não resisto a exercitar o gostinho de noveleiro que carrego por força do destino de nascer no interior paulista e, um dos oito filhos de Dona Maria e seu Gabriel, acompanhar de orelhada as radionovelas. Trata-se do seguinte: o Residencial Ventura, empreendimento de 320 apartamentos destinado à classe média alta no Bairro Jardim, em Santo André, num terreno onde funcionou durante 70 anos uma fábrica de produtos químicos, é uma bomba prestes a explodir.
Denunciei o empreendimento, o Ministério Público apurou com a superficialidade e a demora próprias de quem não conta com estrutura de pessoal e de material, fui acionado na Justiça pelos investidores e agora, acreditem, está-se comprovando na prática o alerta que insistentemente produzi nestas páginas de CapitalSocial.
Tenho informações suficientes para dizer que as famílias do Residencial Ventura já estão se dando mal porque a maré de complicações não está para peixe. Não me peçam detalhes agora, não queiram que revele tudo, mas o que está ocorrendo era tão previsível quanto o silêncio da Imprensa da região, submetida aos donos do poder econômico e político.
Principalmente os milionários do mercado imobiliário, centro da corrupção eleitoral e de malversações administrativas, como bem mostram as revelações sobre o esquema que funcionava largamente na Prefeitura de São Paulo e que, felizmente, insistem em não deixar as manchetes dos principais veículos de comunicação, enquanto um silêncio amedrontado dos delinquentes da Província do Grande ABC torna-se ensurdecedor, porque a estrutura de desvios é análoga.
Barão de Mauá dos ricos
Vou revelar amanhã, quinta-feira, o que se passa no Residencial Ventura, que, como cantei a bola lá atrás, logo nos primeiros textos que preparei sobre as irregularidades, é uma espécie de Barão de Mauá dos ricos. Barão de Mauá é um condomínio residencial de classe média baixa no Parque São Vicente, em Mauá, construído sobre lixo industrial da então Cofap. Um barril de pólvora que já causou muitos transtornos e prejuízos aos moradores. O Residencial Ventura caminha celeremente no mesmo sentido.
O que se poderia esperar de um empreendimento lançado, aprovado e construído sob a influência deletéria do empresário Sérgio De Nadai, condenado pela Justiça de São Paulo por participar intestinamente da Máfia da Merenda Escolar? Sérgio De Nadai trabalhou forte para que a mídia regional não repercutisse uma linha sequer sobre as denúncias de CapitalSocial, além de tomar iniciativas que visavam à retaliação deste jornalista.
O prefeito Aidan Ravin fechou os olhos às publicações desta revista digital e o sucessor Carlos Grana jamais se importou em vasculhar o caso. Tudo de acordo com o figurino de conveniências mais que compensatórias. Inclusive dos próprios moradores do Residencial Ventura, que, instinto de preservação financeira evidente, evitam a disseminação de problemas estruturais que desvalorizariam tremendamente os imóveis.
O Residencial Ventura vive fase de tensão total, de descobertas que não surpreendem este jornalista porque jamais me pus a campo para denunciar o empreendimento sem contar com o respaldo documental e testemunhal de gente especializada no assunto. Só não esperava que tão cedo os efeitos daquela construção à margem da legislação ambiental se manifestariam.
O Residencial Ventura é de potencial explosivo impressionante. Não haverá como esconder os fatos. A Imprensa sequestrada pelo poder econômico e pelo poder político vai ter de engolir as novidades que estão emergindo, sob pena de aumentar o nível de descrédito dos consumidores de informação.
Mais não escrevo sobre o Residencial Ventura, até que esta quinta-feira chegue. Quem quiser se preparar adequadamente para não comprar gato de tergiversações por lebre de realidades consolidadas, que se dirija ao acervo desta revista digital detestada pelos malandros de plantão. Temos nada menos que 70 matérias que tratam direta e indiretamente do Residencial Ventura do grande empresário Sérgio De Nadai em parceria com a conceituada Cyrela.
Preparem-se para as revelações desta quinta-feira, porque o bicho vai pegar. E, confesso, estou adorando.
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