Imprensa

Por que Bigucci luta tanto para
silenciar esta revista digital?

DANIEL LIMA - 21/11/2013

Presidente de uma entidade tão importante quanto inexpressiva e comandante de um conglomerado de negócios denunciado pelo Ministério Público como campeão de abusos contra a clientela, Milton Bigucci quer tirar dos acervos desta revista digital tudo que mencione seu nome. Embora Bigucci tenha se especializado em contorcionismos semânticos que o colocam como vítima, a Justiça se pronuncia reiteradamente contrária à intervenção ditatorial. Por que age assim, afinal, o milionário empresário?


 


É muito fácil entender: CapitalSocial tem cantado todas ou quase todas as caçapas da podridão de relacionamentos entre as grandes empresas do setor imobiliário, nem todas, evidentemente, e os escaninhos públicos. Tanto que, muito antes de estourar no ano passado o escândalo do Semasa, que precedeu ao desbaratamento da quadrilha de servidores públicos pelo prefeito paulistano Fernando Haddad, escrevemos sobre o modus operandi em prefeituras da região.


 


Quase sem querer querendo descobri um trecho de texto de minha lavra, de 19 de maio de 2010, sobre a podridão da Máfia Imobiliária na Província do Grande ABC, comprovada no escândalo do Semasa. A matéria, que reproduzo em link abaixo, sob o título “Eu não tenho coragem de morar no Residencial Ventura (1ª parte)”, apresenta o seguinte enunciado:


 


 É preciso desmantelar o que não tenho dúvidas de chamar de indústria de liberação de áreas contaminadas para fins comerciais. A bandalheira que emerge das informações que recolho de uma e outra fonte especializada segue enrustidamente em forma de legalidade processual e técnica. A imprensa, sempre descuidada imprensa, limita-se a noticiários óbvios e repetitivos sobre a quantificação de áreas contaminadas. Não vai fundo. Vou fundo porque, repito, o Residencial Ventura tem todas as características de espécie de beirada de bolo de coco cujo sabor se conhece num simples beliscar, sem precisar, portanto, saboreá-lo integralmente. A diferença é que doce de coco pode, no máximo, provocar disenteria. O Residencial Ventura pode causar estragos bem maiores.  


 


Vantagens desonestas 


 


O ovo da serpente da corrupção estrutural entre mercadores imobiliários e agentes públicos é provavelmente, como tenho cansado de repetir, quase tão antigo quanto a mais antiga das profissões. A diferença é que aparentemente, por obra e graça do prefeito Fernando Haddad, possivelmente chegaremos a um nível de profilaxia que reduzirá o prevalecimento de fatores desonestos na constituição de riquezas pessoais de gente que aparece em colunas sociais e em artigos encomendados para divagar sobre benemerência.


 


Sobre isso, e não é este jornalista que faz a acusação, o Ministério Público do Consumidor de São Bernardo, ao denunciar o conglomerado numa ação acolhida pelo Judiciário, registrou tacitamente que, além de abusos contra a clientela, o conjunto de empreendimentos liderados por Milton Bigucci gerava enriquecimento ilícito.


 


O empresário e presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores deixou claro no boletim da entidade que comanda há mais de duas décadas, emitido outro dia a associados e à mídia, que seguirá em frente na disposição de buscar de todas as formas impedir que este jornalista exerça a função social que lhe compete. Pura perda de tempo. Enquanto as atividades de Milton Bigucci tiverem relação intestina com o interesse público (e só escrevo sobre Milton Bigucci tendo como limite ético o que anda fazendo à frente do conglomerado MBigucci e do Clube dos Construtores, diferentemente portanto do entendimento da Justiça paulistana sobre a qual escreveremos outro dia) não abriremos mão do direito constitucional de seguir como intermediário entre os fatos e os consumidores de informação.  


 


Dossiê do Ventura


 


Ainda sobre o Residencial Ventura, estou preparando dossiê completo sobre as trapaças legais que sustentaram aquele empreendimento a salvo da transparência e das exigências ambientais documentadas pelo então presidente do Semasa, Nei Vaz, que está de volta ao cargo. Vou encaminhar o material ao Corregedor-Geral do Ministério Público em São Paulo, ao qual solicitarei exame minucioso de documentos porque, por conta de limitações de pessoal e estrutural, o MP de Santo André encarregado dessas medidas, se limitou a acreditar em relatórios oficiais da Administração do prefeito Aidan Ravin, acusado pelo denunciante do escândalo do Semasa de usufruir do esquema de propina. Embora advertido por esta revista digital, Aidan Ravin concedeu habite-se aqueles 320 apartamentos que agora, como escrevi na semana passada, estão no centro de um furacão de inconformidades físico-estruturais.


 


É contra esse tipo de jornalismo – investigativo, independente, necessariamente corajoso – que o empresário e presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores, Milton Bigucci, tanto se debate. E não está sozinho nessa empreitada. Parceiros de negócios se lhe oferecem para tentar transformar este jornalista naquilo que eles tanto gostariam que fosse – um frouxo, um amedrontado, um acovardado.   


 


Leiam também:


 


Ministério Público aperta cerco contra milionário Milton Bigucci


 


Eu não tenho coragem de morar no residencial Ventura (1ª parte)


 


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