Pretendo escrever amanhã, quinta-feira, um artigo relacionado à cobertura da Imprensa da região – impressa e digital – sobre o escândalo das máfias de fiscais e de mercadores imobiliários na Capital. Principalmente sobre a cobertura reservada à MBigucci, maior empresa do setor na Província do Grande ABC, cujo presidente também dirige o Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC.
Esses três pontos – a participação nas tramoias, a liderança do mercado e a direção de uma entidade de classe – são mais que suficientes para que se retire qualquer resquício de acompanhamento do caso por conta de estapafúrdia ilação de algo que poderia ser chamado de perseguição pessoal. A advertência vale para o conjunto de textos que escrevi ao longo dos tempos sobre Milton Bigucci. Pouco me interessa se supostamente ele pinta os bigodes e os cabelos, mas que pinta o sete, convenhamos, ele pinta.
Faço essa ressalva porque Milton Bigucci é especialista em utilizar a entidade de classe e a direção do conglomerado empresarial para intensificar os negócios fora das quatro linhas reservadas à legalidade do jogo concorrencial, sobretudo nos escaninhos da Administração Pública. Entretanto, quando alguém invade o terreno da crítica ajuizada, fundamentada, sacramentada, ele espertamente afirma que estão a lhe invadir a vida privada.
Trata-se de besteira tão grande que somente magistrados pouco enfronhados na vida regional seriam capazes de lhe dar ouvido, como lhe deram ainda recentemente em decisões que, agora mais que nunca, deverão ser reformadas. Ou então, não estaremos vivendo em regime democrático que explicita a diferença entre o bem e o mal e que sustenta a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa a salvo dos mandachuvas econômicos e políticos que infestam a região.
Escândalos submersos
Vou aguardar até o final do dia para recolher material regional da cobertura do escândalo paulistano que, como se sabe, não difere do escândalo do Semasa que estourou no ano passado e também de tantos outros escândalos imobiliários que só não aparecem porque o Ministério Público está soterrado de denúncias e escasso em gente e infraestrutura.
Por enquanto, nesta manhã de quarta-feira, só vejo em forma impressa a reportagem do Diário do Grande ABC. Prefiro não emitir qualquer juízo de valor sobre a reportagem (e também sobre o editorial que trata do assunto), embora já o tenha, porque vou concentrar tudo num mesmo pacote, com eventuais publicações de outros jornais da região.
Não vejo nada nos sites desses jornais que tenha Milton Bigucci como notícia, mas convém esperar. Desconfio, entretanto, que não vão faltar panos quentes mais que ingênuos, porque é de domínio público tudo que tem sido apurado pelo Ministério Público da Capital e também pela Controladoria-Geral do Município, essa obra-prima de transparência e seriedade que o prefeito Fernando Haddad botou para acabar com a festa dos malfeitores. Uma obra-prima tão valiosa que seria demais esperar por réplicas na Província do Grande ABC de obscuridades sobrepostas não só no mercado imobiliário, mas em tudo que se relacione a pagamento de impostos municipais, entre outros. Sem contar a Fundação do ABC, presidida por Maurício Xangola Mindrisz, que deita e rola com o dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde).
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08/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (31)