Imprensa

Mídia esconde máfia imobiliária e
desdenha de propinas da MBigucci

DANIEL LIMA - 12/12/2013

Exceto o Diário do Grande ABC (mesmo assim em tom suave, cuidadoso, bem diferente, por exemplo, do que dedica corretamente nos últimos tempos à gestão de Luiz Marinho, em São Bernardo), a mídia impressa e digital da Província do Grande ABC praticamente ignora a roubalheira da máfia do setor imobiliário em São Paulo, que ganhou espaços nobres no jornalismo verde e amarelo.


 


Querem prova maior do poder econômico controlador da liberdade de imprensa?


É por essas e outras que, ao longo do tempo, CapitalSocial ficou isolada como publicação toda vez que se referia às lambanças de Milton Bigucci. A roubalheira na Capital do Estado não é diferente da roubalheira na Província do Grande ABC, embora até representante do Ministério Público regional sugira o contrário entre outros motivos porque não se empenhou a valer na apuração das denúncias. O que falta é pegar o touro à unha.


 


Seria muita ingenuidade acreditar que a MBigucci patrocinaria ou copatrocinaria falcatruas apenas na Capital, onde é apenas figurante no mercado imobiliário coalhado de gigantes. Estão na Província do Grande ABC as marcas mais indeléveis da atuação extracampo do empresário Milton Bigucci. À frente do Clube dos Construtores e Incorporadores (oficialmente chamado de Acigabc), Milton Bigucci abre todas as portas e janelas do setor público provincial a empreitadas.


 


O assalto ao terreno público onde constrói ainda impunemente o empreendimento Marco Zero é o mais reluzente deslizes da MBigucci. Há outros. Basta que o MP siga o aconselhamento denunciatório de Calixto Antônio Júnior, advogado que botou fogo no Semasa, e tudo se esclarecerá. Aliás, o próprio Calixto relacionou Milton Bigucci entre os prevaricadores, citando um endereço ao que parece jamais investigado: aquelas torres residenciais ao lado do Shopping ABC. A declaração do advogado foi transcrita nesta revista digital e jamais Milton Bigucci a contestou judicialmente, como o faz quando se trata de buscar muletas semânticas. É claro que ele está bem orientado a não meter a mão em cumbuca que exigiria compulsória ação do Ministério Público para tentar provar o oposto do que disse o ex-executivo informal do Semasa.  



Cães e vizinhos


 


Seguidamente, na edição de ontem (quarta-feira) e de hoje (quinta-feira), o Diário do Grande ABC faz referências à participação da MBigucci no escândalo paulistano. Nada que avance um ponto além de uma delicadeza, em flagrante contraste ao noticiário de páginas vizinhas sobre a Administração Luiz Marinho. O tom em relação a Milton Bigucci é de vizinhos que procuram solução à troca infernal de latidos entre cães dos dois lados do muro. Já com Luiz Marinho os decibéis são de parentes que moram no mesmo domicílio e já não se suportam, ameaçando-se mutuamente.


 


As reportagens do Diário do Grande ABC sobre a MBigucci contrastam inclusive com o conteúdo do microeditorial que o jornal publicou à página dois da edição de ontem. Ali, naquele pequeno espaço em que a publicação expressa opinião formal, há encaixe perfeito sobre as estripulias de Milton Bigucci, sugerindo que o foco das investigações deveria convergir ao território regional, porque haveria fortes indícios de que o dirigente do Clube dos Construtores e comandante do maior conglomerado imobiliário da região não resistiria ao escarafunchar de medidas. Somente ali, no microeditorial, o Diário do Grande ABC parece romper a linha divisória das matérias excessivamente condescendentes com um renitente transgressor.


 


Já na edição desta quinta-feira o Diário do Grande ABC segue linha que indica o fim do mandonismo de Milton Bigucci no Clube dos Construtores, dada a insustentabilidade de permanecer no cargo que ocupa há 300 anos. Ouviu o Diário do Grande ABC o vice-presidente daquela entidade, Armando Luporini, velho amigo de Milton Bigucci que, racional, também não enxerga futuro diretivo ao presidente depois do estardalhaço das notícias paulistanas.


 


Fim de linha


 


Quem acompanhou a edição de ontem deste CapitalSocial teve a oportunidade de consumir informações sobre o futuro de Milton Bigucci no Clube dos Construtores. Fizemos um caminho editorial diferente do apresentado hoje pelo Diário do Grande ABC, embora o resultado final seja convergente: produzimos um texto interpretativo que preserva todas as fontes. Ouvimos vários representantes do mercado imobiliário regional que já não suportam o centralismo e a quebra da imagem do presidente da entidade. Chegou-se à conclusão que não existe alternativa para uma tentativa de recuperar os anseios coletivos da classe senão despejar Milton Bigucci daquela instituição; caso o próprio Milton Bigucci mantenha disposição de permanecer no cargo. Ou então, esquecer de vez que existe um endereço supostamente representativo do setor.


 


A omissão das demais mídias da região sobre o escândalo dos mafiosos imobiliários é um atestado público de desconsideração explícita à liberdade de imprensa. No caso do jornal ABCD Maior, com forte influência de Luiz Marinho em sua linha editorial, nada surpreendente, porque Milton Bigucci tornou-se forte aliado do titular do Paço Municipal de São Bernardo, como o empresário o fora anteriormente com os antecessores. Sem contar, é claro, que a gestão Marinho também está coladíssima a outros mercadores imobiliários, como ensejam aprovações de empreendimentos sem ressalvas ao agravamento implícito da mobilidade urbana.


 


Também o engavetamento (resgatado pela Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo) do escândalo do terreno que sediará o empreendimento Marco Zero não foi obra do acaso. Sobre isso, valeria a pena uma investigação mais apurada. Milton Bigucci não é tão generoso quanto alguns supõem, mas não se esquece dos amigos do peito, mesmo que os amigos do peito de hoje tenham sido inimigos insuportáveis no passado. Há sempre um meio de caminho a unir gestores públicos pragmáticos e representantes empresarias do quilate de Milton Bigucci.


 


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