O Conselhão Regional desta revista digital jamais foi desativado. Herdeiro do Conselho Editorial da revista LivreMercado, publicação que criei e dirigi editorialmente durante duas décadas, essa ferramenta de interação com formadores de opinião da região deu um mergulho à meditação durante quase dois anos. Sentia que precisávamos todos de um descanso, porque a pauta de então parecia esgotada. Uma série de ações, até então, não deixava dúvidas de que este jornalista verbalizava o pensamento da grande maioria dos integrantes do Conselhão Regional. Tanto é verdade que “Província” obteve aprovação maciça e surpreendente para mim, que imaginava um caudal de restrições. Gataborralheirismo não mora aqui.
Estamos retomando contatos com integrantes do Conselhão Regional. Queremos essa instância de comunicação de volta, mas ainda não está assegurado que o conseguiremos. Não há condicionantes tácitas a desestimular a confirmação de nomes, mas o ambiente regional não pode ser ignorado; tampouco as implicações de integrar-se a esse sempre instigante processo de participação social.
Já fui mais entusiasta de um quadro contributivo de informações e análises. Contamos ao longo dos anos com apoios inestimáveis. O Prêmio Desempenho, que realizamos durante 15 temporadas seguidas e que entregou exclusivamente por meritocracia 1.718 troféus, foi uma obra coletiva. O Conselhão Regional, então Conselho Editorial, tornou-se o elo mais forte de uma corrente de agentes diversos.
Muitas abordagens editoriais de LivreMercado dos tempos em que este jornalista estava à frente da Redação (os que vieram depois deram com os burros nágua) se deram sobretudo porque sempre ouvi atentamente os conselheiros editoriais. Aliás, isso permanece. Embora em estado de dormência oficial, o Conselhão Editorial conta com pelo menos três dezenas de colaboradores que me alimentam com informações. Aliás, são esses colaboradores anônimos destes últimos tempos que me levaram a propor a possibilidade de uma retomada do Conselhão Regional.
Tempos diferentes
Os tempos na Província do Grande ABC são outros. O esfarelamento econômico e a quebra da mobilidade social provocaram rombos gigantescos. Poucos não sofreram as dores das perdas econômicas. Retirar uma parte substantiva dos integrantes do Conselhão Regional dessa transformação é estupidez. A maioria trabalha cada vez mais intensamente na tentativa de resistir. Muitos atuam fora dos limites geográficos da região porque a persistente quebra do dinamismo regional os obrigou a buscar alternativas profissionais.
Não bastasse esse remelexo econômico, a Província do Grande ABC virou uma casa da sogra mais bagunçada ainda na gestão pública e um reservado cada vez mais concentrador de oportunistas. Há intimidade nociva entre muitos tomadores de decisão e supostos formadores de opinião que se refestelam no poder. Aqueles que ousam romper o circulo de privilégios levam chumbo. Muitos preferem a omissão para salvar o pescoço.
É diante de tudo isso e de muito mais que me veio à cabeça reestimular o Conselhão Regional. Não me perguntem o que tenho em vista porque me recuso a traçar planos detalhados sobre eventual reformulação dessa linha auxiliar deste veículo de comunicação. Acho que a melhor alternativa é não pensar muito antecipadamente. Um possível encontro com os conselheiros que resolverem encarar os desafios que estão aí seria a melhor pedida para que o prato feito ceda espaço a um cardápio customizado. Algumas diretrizes serão, quem sabe, o ponto de partida às transformações.
Um novo formato
Certo mesmo é que do modo que está não poderá ficar. E o jeito que o Conselhão Regional e o Conselho Editorial foram formulados e gerenciados ao longo dos anos também não poderá resistir. Inovação conceitual talvez seja a melhor expressão a nos desafiar a planejar, definir e levar adiante um novo projeto de cooperação editorial.
Conforme o andar da carruagem de modificações, quem sabe o Conselhão Regional seja substituído por algo menos grandioso e mais específico? Estou tão ansioso por novos tempos nesta Província, tempos que desabrochem mudanças para valer, que pouco me importa a nomenclatura dessa instância e tampouco a relação direta com esta publicação. Mais importante mesmo é que cabeças pensantes reúnam-se presencialmente e também ou principalmente com o suporte da tecnologia, como sempre fizemos, e decidam caminhar num sentido que tenha o futuro renovador da Província como meta inegociável.
Voltar com o coletivismo pensante e estruturado na Província do Grande ABC, uma obra que concebemos há quase duas décadas e inclusive um dos pontos mais importantes da ancoragem no Diário do Grande ABC, quando ali estive pela última vez há 10 anos, é uma pauta obrigatória para quem leva a sério a dureza do prélio.
Por conta disso as inferências iniciais que tenho feito junto aos integrantes do Conselhão Regional significam um campo de provas para captar a temperatura de dedicação que encontro do outo lado do computador. Tenho recebido mensagens entusiasmadoras, mas já foi o tempo em que subestimava a possibilidade de contrapontos desfavoráveis. Sei que sei que há interesses múltiplos a permear a vida de cada conselheiro atual, vários dos quais, provavelmente, em conflito com eventuais novos desígnios reestruturantes desta Província jogada às traças. Daí o comedimento sobre o que nos aguarda no futuro próximo.
Ficaria feliz, muito feliz, se pelo menos duas dezenas dos conselheiros atuais decidissem constar dessa instância sob novos paradigmas, vários dos quais não podem desdenhar da situação política e econômica da região, sob pena de dar roupagem transformista a um organismo que não passaria de inutilidade. Vamos ver o que vai dar. O custo será sempre inferior à frustração de não tentar absolutamente nada de novo nesta Província envergonhada da maioria dos agentes públicos e privados que aparece nas manchetes da Imprensa.
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11/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (32)