Imprensa

Entidade cerebral pode ajudar a
eliminar síndrome de Província

DANIEL LIMA - 11/04/2014

Não estou nem aí com alguns poucos que à falta do que fazer, porque fazer custa tempo e neurônios, tentam que tentam dar uma conotação de esnobismo à expressão “entidade cerebral” em vias de sair do plano teórico para invadir a grande área da responsabilidade social na Província do Grande ABC.  


 


O que afinal quer dizer entidade cerebral? É muito difícil resumir algo que ainda está se desenhando, que não tem diretrizes definidas, que sequer reúne garantias de que vai dinamitar a pasmaceira de indolência regional, mas em última análise afirmaria que entidade cerebral é um agrupamento de especialistas a convergir rumo a medidas pensadas, refletidas, que estão tão à cara que a maioria é incapaz de enxergar. É o óbvio do obvio, portanto uma obviedade e tanto. Nelson Rodrigues diria que tudo isso é óbvio ululante. 


 


Entre pressupostos que pretendo sugerir aos participantes da entidade cerebral que estarão reunidos nesta terça-feira para um primeiro encontro, acredito que o mais repetitivo deve ser a importância de que nenhum de nós terá a menor obrigação de fazer, mas terá toda a responsabilidade de fazer. Ou seja: a entidade cerebral tem a finalidade de animar o processo institucional na região, principalmente o que envolve o setor público municipal. Caberá aos gestores públicos a obrigação de levar adiante as propostas que entenderem indispensáveis. E caberá aos integrantes da entidade cerebral convencer a sociedade que o que eventualmente for descartado pelos podres públicos está longe da sensatez e das premências sociais.  


 


Para simplificar a equação, diria que a entidade cerebral será espécie de programas de auditório, com obrigação de gerar audiência, no caso a audiência são os poderes constituídos. Se a entidade cerebral não amealhar informações, dados, estudos, propostas e tudo o mais que coloquem os gestores públicos contra a parede em caso de resistência ou, como parceiros, em caso de aquiescência, se não conseguir isso, é melhor nem abrir as portas. 


 


Sempre tendo o Fórum da Cidadania dos bons tempos como premissa referencial, a entidade cerebral não poderá acreditar que  terá o poder divino de, definida uma iniciativa, prospectados os dados, consolidadas as investigações, terá tudo encaminhado a resoluções. As batalhas serão árduas. Mas nada se comparará a estes tempos em que há uma completa ausência de massa cinzenta, de autonomia, de determinação, das instituições tradicionais em busca de melhores dias.


 


Rebaixamento social 


 


A Província do Grande ABC é nau à deriva já faz muito tempo. Os números que estamos cansados de esgrimir (os últimos dão conta do esfacelamento dos domicílios de famílias ricas e de classe média como prova provada da desindustrialização tão negada num passado ainda recente) não deixam a menor dúvida sobre o estágio em que nos encontramos. A função seminal da entidade cerebral é pensar, analisar, debater e propor saídas em áreas de ressonância social superior. E evidenciar que compete aos poderes constituídos, remunerados para tanto, o compromisso das soluções.  


 


Por essas e por outras, entidade cerebral está longe de ser algo como autoelogio individual ou coletivo. É verdade que a expressão foi pensada para provocar a ira de alguns que se acham o suprassumo mas que nada fazem para retirar a Província do estado de paralisia associada a deformações nada republicanas.  


 


Entidade cerebral, convenhamos, é algo muito mais promissor e também muito mais próximo das expectativas de mudanças do que o que se verifica na atual quadra da vida regional, num processo de aniquilamento retroalimentado pela inércia ao longo dos tempos.  


 


Isto posto, que os eventualmente menos preparados às guerrilhas semânticas não se deixem levar pela maledicência de quem já se sente incomodado com o que vem aí em forma de coletivização de ferramentais à reinserção da Província num patamar  de reorganização. Quem sabe ainda viveremos um dia em que a expressão Província do Grande ABC seja ligeiramente alterada na grafia mas profundamente modificada a ponto de ganhar a magnitude dos tempos de mobilidade social irresistivelmente ascendente? Fora Província!


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