Está decidido, decididíssimo: para comemorar 50 anos de jornalismo, ano que vem, vou lançar mais um livro. Estava em dúvida sobre o título, definidor de uma carreira, mas eis que encontrei o eixo: “50 Tons de Inconformismo”.
Escrevi sobre o assunto em agosto do ano passado, mudei algumas propostas e agora acho que cheguei ao formato final: “50 Tons” será coletânea de evidentes 50 textos entre os mais de estimados 200 mil que escrevi ao longo da carreira. O adendo é que cada artigo terá microcontextualização. Essa microcontextualização dará suporte intocável ao “Inconformismo” do titulo.
Antes que detratores entrem em campo de dedo em riste e saquem do bolso da arbitrariedade e da intolerância um cartão vermelho de suposta frustração deste profissional, trato de dizer que jamais em momento algum me arrependi de virar jornalista por subsistência e vocação e de seguir jornalista por vocação e subsistência.
O “Inconformismo”, que me perdoem os leitores, vai por conta dos resultados das demandas de responsabilidade social de um profissional que jamais se subjugou a qualquer ingerência descabida. Aliás, foi por isso que, após uma primeira etapa de 15 anos no Diário do Grande ABC dos anos 1970 e 1980, fiquei apenas nove meses Diretor de Redação do Diário do Grande ABC entre 2004 e 2005.
Melhor experiência
Mas, ao contrário do que imaginam alguns e acreditam outros, não foi o Diário do Grande ABC, nem no Estadão nem no Jornal da Tarde, que ocuparam quase a metade de minha vida profissional, o ponto de encontro com o que considero especialmente marcante em 50 anos de atividades. Foi a revista LivreMercado, que criei e dirigi editorialmente por duas décadas, a grande experiência. E está sendo este CapitalSocial uma continuidade daquele período, até porque, convenhamos, é na prática exatamente isso. Com a diferença de que o impresso cedeu espaço ao digital. CapitalSocial é tão LivreMercado e LivreMercado é tão CapitalSocial que todo dia migramos para esta publicação virtual o enorme estoque de matérias daquela revista que circulou de 1990 a 2008 sob meu controle.
Cheguei à conclusão sobre a data de lançamento e o título da obra no final de semana prolongado. Nada melhor que essa sazonalidade de descanso entre aspas para colocar a cabeça em ordem. O período leva à reflexão porque interrompe o circuito de inércia do dia-a-dia do calendário gregoriano reservado ao trabalho. Estava na hora de me decidir sobre o quinto livro de minha carreira. “50 Tons de Inconformismo” substitui “50 Tons de Província”, sugerido por mim mesmo no ano passado.
Consultei unicamente dois jornalistas familiares, meus críticos, e o encaixe foi entusiástico. Pensei em outro adjetivo para os ¨50 Tons”, mas desisti da ideia. Os substitutos que saltaram à mente não seriam apropriados. “Desencanto” amenizaria um pouco a mensagem e não é isso que, no fundo, no fundo, pretendo. Talvez o título escolhido seja até mais forte e contundente que os insumos internos. Se o for, será ótimo, porque o miolo poderá ser interpretado de forma mais abrasiva do que de fato seria.
Edição garantida
Aviso aos navegantes que pretendem me ver fora de circulação, quer na confirmação de ameaças quer na loucura judicial de calar um jornalista independente: todas as providências para o lançamento do livro já foram tomadas. Inclusive o financiamento da obra. Esteja este jornalista morto ou vivo, “50 Tons de Inconformismo” vai ser lançado em 1º de outubro do ano que vem.
Não me perguntem ainda quais os artigos que integrarão o livro. Não os revelarei jamais, até que a obra seja distribuída. Sinceramente, não sei que rumo tomar nesse sentido. Não falta ideia. Muito pelo contrário: multiplicam-se ideias. Há uma variedade imensa de temas que pretendo transformar em diretrizes à definição dos textos.
O que quero com “50 Tons de Inconformismo”? Nada mais que, como nas obras anteriores (“Complexo de Gata Borralheira”, “Na Cova dos Leões”, “República Republiqueta” e Meias Verdades”), ampliar as opções a eventuais consulentes que pretenderem entender a realidade regional em qualquer tempo. Sim, entender a realidade regional em qualquer tempo, mesmo que seja no próximo século, porque tudo que vi e tudo que escrevi desde que cheguei na carroceria de um caminhão de mudança egresso do Interior Paulista, em 1967, poucos depois de iniciar carreira em Araçatuba, tudo que vi e tudo que escrevi de uma forma ou de outra contribuirão à avaliação da influência do passado nas raízes do futuro que chegará. Daí a mensagem crítica, contundente, desencantada e tudo o mais do título.
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11/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (32)