Vai ser um pega pra capar a seleção dos textos que garantirão os insumos de “50 Tons de inconformismo”, livro a ser lançado em 1º de outubro do ano que vem. Comecei a exercitar as escolhas de Sofia neste final de semana e já senti no coração uma dor imensa: tem coisa muita importante que vai ficar de fora.
Os 50 anos de jornalismo que completarei em 2015 foram inicialmente imaginados como algo sem qualquer marquetagem, até porque não quero vender a alma para levar os convidados a qualquer que seja o lugar. A última vez que tive um contato com os leitores que frequentemente se dão ao disparate de me acompanharem foi em 2011, em plenas férias de 11 de janeiro.
Surpreendentes 400 convidados compareceram àquela que imaginava ser a retomada da revista LivreMercado. A publicação perambulava havia três anos por mãos e mentes pouco hábeis na tarefa de entender jornalismo.
Caí numa armadilha que só Deus sabe, mas escapei ileso. Aquelas 400 pessoas comprovadamente presentes no Tênis Clube de Santo André num mês de férias generalizadas provaram a resiliência da publicação e, convenhamos, do esticamento daquelas páginas de períodos áureos para este CapitalSocial.
Ainda recentemente recebi uma nova proposta para reativar LivreMercado. A iniciativa exigiria negociações com os proprietários da marca. Não vou me deter a pormenores sobre o convite, mas não o levei adiante. Não tenho interesse algum não só em reeditar LivreMercado como também em transformar esta publicação digital em publicação impressa. Pesam motivos profissionais e pessoais. E pesam muito.
Aliado ou algoz
Demorou para este jornalista descobrir que provavelmente não exista prova mais completa de escravagismo do que dirigir uma revista impressa com seriedade e compromisso com a sociedade. O conjunto da sociedade inanimada, com apenas alguns nichos de indignação latente, não merece sacrifícios como aqueles do passado. Tenho, entre muitos afazeres, uma Lolita para cuidar.
Mas, voltando ao “50 Tons de inconformismo”, selecionei um dos textos disponíveis. Ou seja: a primeira de uma série de escolha de Sofia está consumada. Acho que o material passou pela filtragem conceitual que atribuo à obra. Talvez resista até o afunilamento que se dará no segundo trimestre do ano que vem. Parece tempo de sobra, mas não é: da mesma forma que editar uma revista mensal impressa exige que se trabalhe diariamente com entusiasmo e paixão, uma obra de 50 matérias a serem escolhidas recomenda atenção total. O cronograma não pode ser comprometido e, ainda tendo a experiência de fazer revista como referencial, exige ritmo uniforme e equilibrado que faça do tempo aliado, não algoz.
Total de 1883 matérias | Página 1
11/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (32)