Vou revelar na próxima segunda-feira as razões que me levam a garantir com certeza quase absoluta que o PIB (Produto Interno Bruto) da Província do Grande ABC voltou a cair em 2012, após a queda de 0,47% no ano anterior. O PIB dos Municípios Brasileiros só será divulgado no final deste ano pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou seja, sempre com dois anos de atraso em relação ao PIB nacional. Isso não significa que empreendemos um voo às escuras, sem instrumentos suficientes a projeções.
O PIB do Brasil cresceu míseros 0,9% em 2012, algo não muito diferente do que se espera para esta temporada de vacas magras da indústria automotiva, de inflação resiliente, de mercado imobiliário em pandarecos e de febre de consumo mais que abrandada. O PIB da Província costuma crescer menos que o PIB Nacional porque o PIB da Província sofre muito mais com o chamado Custo ABC do que o PIB Nacional com o Custo Brasil.
Seguro a análise até segunda-feira por motivos que os leitores mais assíduos sabem muito bem: criar expectativa é uma das vacas sagradas da arca de Noé de informações especiais que reservamos para esta revista digital. Levamos isso adiante de vez em quando, principalmente quando esse de vez em quando é uma sexta-feira e não temos ainda totalmente apurados alguns pontos de informações com valor agregado.
Mas temos o suficiente, sobre o PIB regional, que nos autoriza a dizer que só uma tremenda zebra nos faria sair mais uma vez do vermelho e ingressar num azul muito envergonhado. Como o PIB brasileiro do ano passado, que mantém a média do comportamento da economia nacional do governo Dilma Rousseff no patamar quase desprezível do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Nau à deriva
Em dezembro do ano passado publicamos uma matéria completa sobre o PIB da Província do Grande ABC em 2011. Na sequência, avançamos na super-regionalização dos resultados locais, confrontando-os com outras geografias do Estado e inclusive com a Região Metropolitana de São Paulo. Tudo para provar, com dor no coração mas com a consciência em paz, que estamos à deriva enquanto a turma do Festeja Grande ABC se locupleta, a turma do Defenda Grande ABC sofre de amnésia, a turma do Bajula Grande ABC ameaça ocupar as praças e a turma do Aplaude Grande ABC fica cada vez mais rica e isolada do mundo dos humanos.
Fosse minimamente sensacionalista, há muito teria produzido este texto de chamada a uma análise consistente sobre o que deverá estar chegando em forma de má notícia, ou seja, de nova queda do PIB da região. Entretanto, preferi esperar um bocadinho para só abrir a boca quando tivesse totalmente certeza.
E mesmo tendo totalmente certeza do que nos espera procuro deixar uma janelinha ao imponderável estatístico, porque, em se tratando de economia, há sempre uma caixinha de surpresa potencial a nos preparar complicações. Mas isso, no caso da nova projeção do PIB da Província, não passa, no fundo, no fundo, de cautela protocolar.
O mais lamentável em tudo isso é que os administradores públicos locais tocaram alegremente na banda de definições orçamentárias às temporadas seguintes, de 2013 e de 2014, sem levar em conta a perspectiva de novo encolhimento do PIB desta Província. Por isso estão aí, correndo atrás do prejuízo, refazendo contas e deixando muito secretário na mão, com remanejamento de recursos financeiros. Eles são amadores demais, demais e demais, porque podem monitorar diariamente o andar da carruagem da economia tendo com base a parafernália arrecadatória. Não é por outra razão que gestores públicos são integrantes empedernidos do Festeja Grande ABC.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)