Economia

Mais que números

DANIEL LIMA - 31/03/2009

O novo presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti, antecipou durante o coquetel da última sexta-feira uma iniciativa que pretende implementar. Se bem entendi, porque conversa de coquetel nem sempre tem a precisão auditiva e o cuidado interpretativo de uma entrevista, Sidnei Muneratti quer ver a Acisa mais perto dos associados e não-associados. E uma das maneiras de aproximação privilegia rodadas de análises do quadro regional, a reboque ou não da situação nacional e internacional.

O que o novo presidente da Acisa quer mesmo é destrinchar situações que a maioria sente na pele e na alma mas não consegue entender tecnicamente, quanto menos reduzir os impactos ou eliminá-los. A idéia é ótima porque caímos numa pasmaceira de simplificação do ambiente econômico quando fatores pretéritos têm peso preponderante nos acontecimentos.

A série que estou produzindo neste espaço sob a denominação “Metamorfose econômica” é investida pedagógica nesse sentido, por isso não tem pressa nem prazo para terminar.

Pretendo ao longo desta temporada descer às minúcias no comportamento econômico do Grande ABC principalmente nas duas últimas décadas. Quero que as vísceras do estado de inanição institucional que insiste em vitimar o Grande ABC seja suficientemente alarmante para provocar reações.

Não sei se a decisão de Sidnei Muneratti tem algo a ver com isso, porque, como escrevi, conversa de coquetel é conversa sem muita amarração, até porque a todo instante se interrompem diálogos, mas creio que de alguma forma “Metamorfose Econômica” contribuiu para a decisão anunciada.

Certo mesmo é que, atendendo a convite do presidente da Acisa, estou pronto, prontíssimo, para colaborar de viva voz com a catequização dos empreendedores da região.

Precisamos sim de um grupo de analistas para repassar conhecimentos a terceiros. Será um caminho que acredito imbatível para que o pós-conferência tenha desencadeamentos. Quem sabe com participação mais ativa e não apenas associativa de representantes de organizações empresariais.

Tirar pequenos e médios empresários e prestadores de serviço do dia a dia modorrento de quem bate escanteio e precisa marcar gol de cabeça é um desafio e tanto. É preciso lembrar a todos eles que enquanto acharem que podem decidir o jogo individualmente, mais estarão contratando as complicações agravadas de amanhã.

Vou mais longe a reboque da idéia do presidente da Acisa. Outros dirigentes de associações congêneres deveriam se juntar a Sidnei Muneratti e, quem sabe, preparar calendário regional de eventos massificadores de informações macroeconômicas e também de constatações da realidade de distritos, municípios e do Grande ABC que vão muito além dos convencionais números de comportamento de crédito, de inadimplência e outros indicadores econômicos e financeiros.

Muito do estado de apoplexia institucional que perdura no Grande ABC está ligado à subestimação de fatores que determinam resultados econômicos e financeiros fora do controle de empreendimentos.

Na medida em que vou escrevendo surgem as idéias. Uma das quais, quem sabe para condensar o pensamento do presidente da Acisa, seja algo como levar aos empreendedores de pequeno e médio porte, principalmente, uma espécie de nova versão de braço de cursos específicos que as entidades comerciais e industriais, assim como o Sebrae, oferecem regularmente. A diferença é que aspectos técnico-gerenciais não constarão da pauta. O que se oferecerá será um cardápio de contextualização informativa e analítica do ambiente negocial em que se vive. Como os empreendedores sempre estão com a mão na massa, a rentabilidade será de mão dupla, porque muita coisa do cotidiano de cada negócio se acrescentará à visão mais ampla das análises.

Nada impede, entretanto, que a ação isolada de uma Acisa seja contemplada com resultados positivos, mas a massa crítica e resolutiva das demais entidades do gênero no Grande ABC poderia aperfeiçoar o modelo, racionalizar os investimentos e dar nova dimensão ao sentido de regionalidade a partir de domínio de ferramentas que seriam bem mais utilizadas no dia a dia negocial.

Não é o caso de apresentar aqui e agora uma lista de temas que interessam de imediato aos empreendedores do Grande ABC, mas garanto que a agenda é imensa. Tudo vai depender também do aparato de informações básicas que possam ser traduzidas segundo o roteiro pré-estabelecido.



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